A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, Carmem Lúcia Osterno, fala sobre os critérios para a inclusão de uma vacina no calendário nacional, qual a importância da vacinação para crianças, adultos e idosos, e esclarece como foram definidos os grupos prioritários para a vacinação contra a gripe Influenza H1N1.Mobilizadores COEP – O que são as vacinas e como agem no organismo humano? Elas são sempre seguras? Existem reações comuns às vacinas? Poderia citar quais?R.: Vacinas são preparações que, ao serem introduzidas no organismo, desencadeiam uma reação do sistema imunológico (semelhante à que ocorreria no caso de uma infecção por determinado agente patogênico), estimulando a formação de anticorpos e tornando o organismo imune a esse agente e às doenças por ele provocadas. As reações são variáveis e dependem de cada organismo. A maioria das pessoas apresenta reações leves ? como dor local ? e se recupera rapidamente. As reações moderadas e fortes devem ser informadas imediatamente às autoridades de Saúde.Mobilizadores COEP – Quais são as vacinas obrigatórias para as crianças, adolescentes, adultos e idosos? Quais os principais riscos para quem não se imuniza?R.: O Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, define calendários de vacinação distintos para crianças, para adolescentes e para adultos e idosos. Para conhecer clique aqui. Quem não se imuniza de acordo com o calendário do PNI corre o risco de adoecer por uma enfermidade imunoprevenível, isto é, por doenças que podem ser prevenidas com a imunização ou a vacinação.Mobilizadores COEP – Qual o critério utilizado para a inclusão de determinada vacina no calendário nacional? R.: O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), realiza a inclusão de novas vacinas nos Calendários de Vacinação da Criança, Adolescente, Adulto e Idoso, com base nos seguintes critérios:a) Epidemiológico ? A prevalência/incidência da doença deve ser relevante;b) Imunológico ? A imunogenicidade proporcionada pela vacina deve ser alta, ou seja a vacina deve ter alta eficácia;c) Tecnológico ? As vacinas, por serem produtos biológicos, têm processo de produção sujeito a fatores não totalmente controláveis pelas indústrias produtoras. Assim sendo, a vacina deve estar disponível para o Brasil, preferencialmente, com possibilidade de, ao ser introduzida ao programa de vacinação universal, haver a incorporação da tecnologia de produção ao parque nacional público de produção de vacinas. Dessa forma, assegura-se a sustentabilidade da inserção da nova vacina, com a produção nacional. Além disso, o aspecto tecnológico deve contemplar a segurança contra os eventos adversos pós-vacinação;d) Logístico ? Os imunobiológicos devem, antes de sua implantação, possuir toda a infraestrutura logística para transporte, armazenamento e conservação, suficiente para garantir a perfeita qualidade do produto ofertado à população;e) Custo-benefício, custo-efetividade e impacto ? Um estudo de custo-benefício, custo-efetividade ou de impacto deve ser realizado para verificação do efeito positivo relativo ao investimento feito para a aquisição e administração da vacina à população. Salienta-se que a inclusão de uma nova vacina acarreta investimentos permanentes para garantia de uma imunização de qualidade.Mobilizadores COEP – Sabemos que existem vacinas, como a de catapora, que não são disponibilizadas pela rede pública de saúde. Por que isso acontece? R.: A incorporação de novas vacinas ao PNI é avaliada por um Comitê Técnico Assessor, formado por especialistas em imunizações, tanto das sociedades científicas e médicas quanto do Ministério da Saúde. Os critérios que são levados em conta para a inclusão das vacinas no calendário são os anteriormente mencionados: epidemiológico, imunológico, tecnológico, logístico, e custo-benefício.O Ministério da Saúde tem interesse na inclusão de novas vacinas nos calendários de vacinação, tanto é que a Secretaria de Vigilância em Saúde encomendou estudos de custo-efetividade para avaliar as vacinas candidatas à introdução no calendário de vacinação e, agora em 2010, duas novas vacinas entram para o Calendário Básico de Vacinação da Criança: a Pneumocócica 10-Valente, que protege contra a bactéria pneumococo, causadora de meningites e pneumonias pneumocócicas, sinusite, inflamação no ouvido e bacteremia (presença de bactérias no sangue); e a Meningocócica C, que imuniza contra a doença meningocócica.Com a introdução das vacinas, o Sistema Único de Saúde (SUS) passa a oferecer 13 tipos de vacinas para proteger contra 19 doenças. A partir de 2011, estas novas vacinas, passarão a fazer parte do calendário básico de vacinação da criança. O novo calendário então ficará assim:1. BCG (contra tuberculose)2. Vacina contra hepatite B3. DTP (contra difteria, tétano e coqueluche)4. DTP Hib (contra difteria, tétano e coqueluche e infecções por Haemophilus influenzae tipo B)5. DT (dupla adulto ? contra difteria e tétano)6. Vacina Hib (infecções por Haemophilus influenzae tipo B)7. Vacina contra poliomielite8. Vacina contra rotavírus9. Vacina contra febre amarela10. Tríplice viral (contra caxumba, rubéola e sarampo)11. Vacina contra Influenza (gripe)12. Vacina Pneumocócica (contra meningites bacterianas, pneumonias, sinusite, inflamação no ouvido e bacteremia)13. Vacina anti-meningocócica (contra doença meningocócica)Mobilizadores COEP – Onde a população pode obter informações sobre as vacinas obrigatórias? Qual a importância da caderneta de vacinação? O que fazer no caso de perda?R.: Nos postos de vacinação, nas Secretarias de Saúde e no Portal do Ministério da Saúde. A Caderneta da Criança também informa sobre as vacinas. Em caso de perda, a pessoa deve entrar em contato com as autoridades de Saúde da cidade [procurar um posto de vacinação].Mobilizadores COEP – Com a epidemia de gripe Influenza H1N1, ocorrida ano passado, o Ministério da Saúde disponibilizou este ano em seu calendário a vacinação de alguns grupos da população brasileira. Como foram definidos os grupos prioritários? Por que a vacina não foi disponibilizada para toda a população?R.: O Brasil seguiu a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estabeleceu quatro grupos prioritários para vacinação contra a gripe H1N1: gestantes, doentes crônicos, indígenas e trabalhadores de serviços de saúde envolvidos no atendimento direto aos pacientes com suspeita de gripe. Além desses grupos, o Brasil incluiu mais quatro grupos saudáveis: crianças de 6 meses a menores de 2 anos, crianças de 2 anos a menores de 5 anos, adultos de 20 a 29 anos e de 30 a 39 anos. O objetivo da vacinação, segundo a própria OMS, não é evitar a circulação do vírus, que está presente em mais de 213 países, mas reduzir o risco das pessoas mais vulneráveis a adoecer e morrer. A definição dos grupos, como vem sendo informado amplamente desde o lançamento da estratégia nacional, em janeiro de 2010, foi fruto de um consenso entre o Ministério da Saúde e mais 15 parceiros, incluindo entidades médicas, sociedades científicas e, principalmente, representantes de todos os estados e municípios.A partir da observação da primeira onda da pandemia no Brasil, em 2009, chegou-se aos critérios que embasaram a definição dos grupos. Dos 2.051 óbitos registrados no ano passado, 1.539 (75%) ocorreram em doentes crônicos. Entre as grávidas, a mortalidade foi 50% maior do que na população geral. Adultos de 20 a 29 anos e de 30 a 39 anos concentraram 20% e 22% dos óbitos, respectivamente. A maior taxa de incidência da doença foi em crianças menores de 2 anos (59 casos por 100 mil habitantes). Enquanto a terceira maior taxa foi em crianças de 2 a 5 anos (24 casos/100 mil hab.), a segunda foi entre adultos de 20 a 29 anos (31/100 mil hab.).Nas Américas, além do Brasil, somente Estados Unidos e Canadá incluíram população saudável nos grupos a serem vacinados. Até o momento, foram imunizados 79,5 milhões de pessoas, ou 40% da população total, superando países como Estados Unidos (24%), México (20%), Suíça (17%), França (8%) e Alemanha (6%).Mobilizadores COEP – Muitas pessoas não se vacinam por acreditar que acabam adoecendo. Qual o risco que essas pessoas correm e como essa atitude pode afetar o restante da população?R.: As vacinas disponibilizadas pelo PNI são eficazes, seguras e garantem imunidade contra a doença. A adesão às campanhas de vacinação é fundamental para a proteção coletiva contra a doença, evitando maior número de internações ou até mesmo de mortes.Para mais informações, visite o site do Ministério da Saúde.Entrevista para o Grupo de Promoção da SaúdeConcedida à: Flávia MachadoEditada por: Eliane Araújo