O Grupo Mulheres do Mobilizadores COEP tem como patrona Márcia Campos, presidenta da Confederação das Mulheres do Brasil e da Federação Democrática Internacional de Mulheres, que congrega entidades femininas de 147 países. É também diretora da União Internacional de Organizações Familiares (UIOF).
Nessa entrevista, concedida ao Mobilizadores COEP na semana em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres, ela lembra que as representantes do sexo feminino são as que mais se mobilizam em nosso país para enfrentar as conseqüências da fome e da pobreza. Márcia Campos fala também sobre o relatório que o Brasil levou para a 49º Reunião da ONU ?Beijing mais dez? e do trabalho realizado pela Confederação de Mulheres do Brasil.
Mobilizadores – Na sua opinião, qual a importância desse novo espaço, lançado no Mobilizadores COEP, para agrupar pessoas interessadas nos temas relacionados às questões de gênero?
A importância desse espaço é muito grande. As mulheres em nosso país são as que mais se mobilizam para enfrentar e combater as conseqüências da fome e da pobreza. Em todos os aspectos e, inclusive, dentro das comunidades. Entender as “questões referentes ao gênero” nessa atuação é fundamental. Demoramos muito a ver a vitória nas questões de gênero e a decisão do governo brasileiro de colocar os cartões do Bolsa Família nas mãos das mulheres foi uma conquista importante que resgata a cidadania da mulher, fortalece e promove as mulheres brasileiras. Quanto mais clareza tivermos de como colocamos o tema “Mulher” dentro das ações que desenvolvemos, mais apoio e promoção da mulher teremos.
Mobilizadores – Que assuntos, no seu ponto de vista, têm maior relevância, nesse momento, para aprofundar o debate sobres as questões de gênero no Brasil?
Um tema que está polarizando bastante a sociedade brasileira e em particular as mulheres organizadas é a 49º Reunião da ONU “Beijing mais dez”, realizada em Nova Iorque, na sede da ONU. Faço parte da delegação do governo brasileiro, representando a Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM). O relatório que o nosso governo está levando está muito bom e resgata todas as conquistas que temos tido nesses últimos dez anos e os pontos nos quais ainda precisamos avançar. Acho que o debate desse relatório seria super interessante nesse espaço que estamos construindo na COEP. Uma comissão interministerial, da qual fiz parte pelo Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres, preparou esse relatório. A ministra Nilcéa Freire coordenou essa missão que está na ONU de 28 de fevereiro a 11 de março de 2005. O Dia Internacional das Mulheres será bastante comemorado com esse tema: Avaliação de Beijing mais dez.
Mobilizadores – Com o aumento da participação da mulher no mercado de trabalho, quais os principais problemas que ela vêm enfrentando e quais suas sugestões para minimizarmos estas questões?
Essa é uma conquista importante e realmente a nossa maior presença no mercado de trabalho abre a discussão para as mulheres sobre a necessidade de termos equipamentos coletivos nos bairros e locais de trabalho. Essa é uma ação na qual o Estado brasileiro precisa se envolver bastante, com a construção de creches populares, lavanderias, sistema de transporte de crianças para as escolas, além de fiscalizar as leis vigentes no país que já exigem construção de creches em locais de trabalho. Em nosso relatório para a ONU, as ações em andamento são bem detalhadas.
Mobilizadores – As mulheres têm se destacado à frente de iniciativas sociais tanto no Brasil como em todo o mundo, como demonstra a concessão do Prêmio Nobel da Paz à queniana Wangari Maathai, por sua luta pelo desenvolvimento sustentável e combate à pobreza. Que papel cabe às mulheres na mobilização social das populações e na disseminação de novas formas de interação social, produtiva e ambiental?
Acredito que esta sua pergunta vale um “Premio Nobel” pois você já diz as áreas em que temos que desenvolver o trabalho no Brasil e no Mundo: Na área social, produtiva, ambiental e política. Estamos nessa atuação organizada e levamos para a ONU as iniciativas que as mulheres estiveram fazendo, ao longo do ano, em todos os países. O próximo Comitê de Direção da FDIM será em Angola, como apoio e solidariedade às mulheres africanas através da Campanha SOS África. Queremos realizar ações com as africanas na área da AIDS e Educação. O apoio que as mulheres vêm dando ao povo iraquiano, para que as tropas americanas saiam de seu país, é uma demonstração de quanto a noção de solidariedade internacional é fundamental. A ação de solidariedade à nação e às mulheres palestinas para que tenham seu próprio Estado livre Palestino é outra ação de solidariedade que merece destaque. A atuação das mulheres do mundo no Fórum Social Mundial levando e divulgando as bandeiras de luta das mulheres em todos os países tem sido um fator importante de aglutinação e troca de experiências que muito engrandece as iniciativas sociais que realizamos. Esse ano, estamos procurando ganhar o Premio Nobel da Paz para 1000 mulheres que lutam no mundo. Uma forma diferente e bonita de chamar a atenção para o fato de que a Paz e a promoção do ser humano acontece através das ações das pessoas que lutam em todos os recantos.
Mobilizadores – Nos fale um pouco sobre seu trabalho na Confederação de Mulheres do Brasil e qual o principal foco de atuação deste órgão?
A Confederação de Mulheres do Brasil (CMB) realiza um trabalho nacional na área da promoção da mulher. Construímos casas com as mães chefes de família em sistema de mutirão, o que as barateia bastante. As parcerias são feitas com o Estado Brasileiro, nas diversas áreas, e com empresários. Essa iniciativa já recebeu Menção Honrosa da ONU através do HABITAT pela “excelência do Trabalho”. Fazemos um grande trabalho de alfabetização de mulheres jovens e adultas, que também já recebeu prêmio da UNESCO. Trata-se de uma parceria com o MEC, governos estaduais e municipais, Carrefour, Accor, Chesf, Furnas PR, etc. Brevemente estaremos tendo apoio nessa área de Furnas, o que nos alegra demais. Na área da Saúde desenvolvemos convênios na área de AIDS, Dengue, Controle Social, Agentes Comunitárias de Saúde, cólera e doenças contagiosas, prevenção de câncer no colo de útero e de mama. Na área da Cultura e do Meio Ambiente desenvolvemos trabalho de formação de corais femininos, dança e música, além de teatro em bairros. Na área de Violência temos desenvolvido parcerias com o estado brasileiro e com outras ONGS de atuação no setor para combater a violência contra as mulheres e as crianças. Também desenvolvemos parcerias com a FDIM para combate ao tráfico de mulheres e adolescentes. Na área internacional, desde que fui eleita presidenta da FDIM pela minha atuação na CMB, temos desenvolvido um amplo trabalho pela PAZ e pela Cooperação entre os Povos. A CMB tem acento na ONU e está participando também da Conferência Beijing mais dez junto com a FDIM.
…que já é
…que já é
Diante da entrevista da Patrona Márcia Campos dá para se ver que o movimento está sendo apoiado por várias entidades e que o Brasil , através da CMB, Confederação de Mulheres do Brasil, realiza um trabalho que já reconhecido pela ONU e cada vez mais, avança no direito e na realização de espaços maiores para o gênero.