A união de produtores agrícolas de sete comunidades rurais em Pernambuco para a criação da Associação dos Produtores Agroecológicos e Moradores das Comunidades do Imbé, Marrecos e Sítios Vizinhos, mais conhecida como Assim, trouxe grande mudanças para a vida dos moradores. Diminuiu o êxodo rural, envolveu as mulheres e jovens nas atividades da associação, ampliou a variedade de produtos cultivados, eliminou a figura dos atravessadores, aumentou a renda das famílias, entre diversas outras mudanças. A experiência é contada aqui por Luiz Damião Barbosa, atual diretor de Agricultura do Município e um dos sócio-fundadores da Assim.Mobilizadores COEP – A ASSIM foi criada em 1998, muito antes se ter um apelo maior pelos produtos orgânicos, como o que existe atualmente. Como surgiu a idéia do plantio agroecológico? A idéia partiu de alguma comunidade específica?R.: A associação surgiu como forma de unir os agricultores em torno de um mesmo objetivo que era o de obter financiamento para o plantio de nossas lavouras, através do governo do estado de Pernambuco ou do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), e fortalecer a todos. Na época, em 1998, ainda não plantávamos produtos orgânicos e só viemos a saber deste plantio mais tarde, em 2000, quando recebemos capacitação do Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta)*, de Pernambuco, que tinha por objetivo fortalecer a agricultura familiar. Mobilizadores COEP – Quais as comunidades envolvidas neste processo? Todas elas estão desde o início na associação?R.: Tudo começou numa Casa de Farinha, na comunidade de Imbé. Nem todas as pessoas envolvidas no início do projeto estão até hoje. Muitas não acreditaram no potencial da associação e desistiram. Mas muitas outras viram na Assim uma chance de trabalho e de mudar de vida e estão conosco atualmente. Hoje, somos sete comunidades e mais de 40 pessoas envolvidas na produção de agroecológicos: Imbé, Marrecos, Marrecos 2, Alegria, Alto do Fogo, Camboa e Cai-Cai. A sede da associação atualmente fica em Marrecos.Mobilizadores COEP – A associação teve apoio de algum órgão ou universidade, no sentido de orientação e capacitação das comunidades?R.: Tivemos sim, o apoio da Serta que durante quatro anos foi fundamental para a capacitação dos agricultores. Eu mesmo, que sou filho de agricultor e tenho experiência como produtor e achava que não havia mais nada de agricultura para aprender, me surpreendi com tudo o que aprendi sobre plantio de agroecológicos. Entendi que cada planta tem um ciclo, aprendi a observar e a analisar quando ela não está produzindo corretamente. Aprendemos muito também sobre o processo de comercialização dos nossos produtos. Depois disso, veio a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), por meio de uma parceria com o COEP, que através da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares, a Incubacoop, nos ajudou a direcionar nossa produção de agroecológicos e realizou um diagnóstico das comunidades. Mobilizadores COEP ? De que maneira o diagnóstico foi importante?R.: Este diagnóstico possibilitou integrar outras pessoas das comunidades que estavam excluídas do processo de produção, como por exemplo, as mulheres e os jovens. Antes, apenas os chefes de família trabalhavam no plantio e na associação. O diagnóstico nos fez enxergar que era fundamental a participação das mulheres e de outras pessoas no grupo, que também desejavam trabalhar para o fortalecimento da comunidade. E realmente sentimos que a associação ganhou uma outra dinâmica com a participação das mulheres. Hoje, elas já são maioria na associação e estão na coordenação da Assim pelo segundo mandato consecutivo. Os jovens, por sua vez, também se interessam e representam a continuidade deste processo que começamos. Mobilizadores COEP – Como é o plantio? O que vocês plantam? Como foi a escolha das hortaliças a serem cultivadas?R.: Nossa produção é bastante diversificada e plantamos atualmente cerca de 28 produtos, entre hortaliças, frutas e tubérculos. Plantamos macaxeira, batata, alface roxa, alface americana, salsa, rúcula, bananas, jaca e outras espécies. A produção variada é interessante para quem planta, pois existe um período do ano propício para cada espécie de hortaliça; e também é interessante para quem compra, pois a variedade atrai mais consumidores. O consumidor nos orienta, pois de acordo com o que ele pede, a gente procura a semente ou a muda e passa a cultivar. Com a rúcula foi assim, bem como com a salsa e outras verduras que não faziam parte de nossas culturas tradicionais.Mobilizadores COEP – Existe sobra de produção? O que vocês fazem com as frutas e verduras que não são vendidas?R.: Agregamos valor aos produtos. Hoje, sabemos que uma jaca inteira quase madura pode ser difícil de comercializar. Então, cortamos a fruta e vendemos em bandejas já prontas para o consumo e em porções menores. Dessa forma, vendemos a mais pessoas e agregamos valor, diferenciando a forma de apresentação do produto e valorizando-o. Também beneficiamos o produto, fazendo doces em compotas com as sobras de frutas.Mobilizadores COEP – Existe um viveiro de mudas para atender aos associados?R.: Não existe um viveiro coletivo, mas todos os produtores têm suas mudas de hortaliças e de frutas. Trabalhamos como parceiros uns dos outros e existe uma troca muito grande das experiências adquiridas. Se alguém consegue uma muda de uma verdura diferente, por exemplo, logo distribui para os outros agricultores.Mobilizadores COEP – Em que local vocês comercializam a produção da associação?R.: Antes da experiência com os agroecológicos, produzíamos hortaliças convencionais para atravessadores, o que não trazia muitos benefícios para nossas comunidades. Depois que passamos a produzir alimentos orgânicos, vendemos em parceria com produtores da ONG Centro Sabiá, da Terra Viva, e da Associação do Meio Ambiente de Gravatá, na feira agroecológica de economia solidária de Boa Viagem, em Recife, que acontece todo sábado. Também montamos nossa feira, todas as quartas, na Universidade Federal de Pernambunco.Mobilizadores COEP – As reuniões da associação acontecem com que regularidade?R.: Todos os meses fazemos assembléias e sempre que achamos necessário nos reunimos com nossos parceiros.Mobilizadores COEP – A associação mudou a vida das comunidades? De que forma?R.: Mudou para melhor. Antes, existia o êxodo rural, pois a agricultura convencional não dava retorno financeiro suficiente às famílias, pois vendíamos para atravessadores. Agora, com a produção de agroecológicos e a nossa própria administração, os negócios geram lucro e não precisamos mais sair de nossas terras. No princípio de funcionamento da associação, muitos agricultores eram acanhados e quando tinham que receber os técnicos em suas casas pareciam ?bichos-do-mato?. Agora existe uma confiança maior por parte dos próprios agricultores.Mobilizadores COEP – Como está a qualidade de vida das pessoas das comunidades envolvidas no plantio dos agroecológicos? Como era antes da associação?R.: Estamos mais conscientes, já conseguimos água encanada para nossa comunidade, escolas para nossos jovens e também adultos. Muitos agricultores já conseguiram adquirir sua própria terra e, hoje, podem pagar os estudos de seus filhos que queiram fazer cursos técnicos ou faculdade numa cidade maior, como Recife. Eu mesmo, alguns anos atrás, tinha que sair daqui de Lagoa de Itaenga na sexta e só voltava no sábado à noite, pois a dificuldade de transporte até a capital era grande. Hoje, já conseguimos transporte coletivo aqui para nossa região e consigo ir e voltar no mesmo dia quando saio para vender a produção em Recife.Acredito que se não tivéssemos nos unido, eu sozinho já teria desistido. A parceria é muito importante e nos estimula. A troca de informações, as experiências adquiridas e compartilhadas nos fortalecem. A ajuda de parceiros nos capacitou e nos orientou, mas a vontade de crescer neste mercado, a persistência e a união dos agricultores nos ajudaram a caminhar com nossas próprias pernas e a alcançar objetivos que beneficiaram toda as comunidades envolvidas.* Com atuação nas regiões da Zona da Mata, Agreste e Sertão de Pernambuco, o Serta – Serviço de Tecnologia Alternativa – teve suas bases lançadas no final dos anos 1980 quando um grupo de agricultores e técnicos agrícolas sonhava com uma agricultura mais justa, responsável e sustentável. Grupo Geração de Trabalho e RendaEntrevista concedida à: Flávia MachadoEditada por: Eliane AraújoPara participar do Fórum entre no Grupo Geração de Trabalho e Renda e clique em fóruns.
Boa tarde Pessoal,
Conheço a comunidade de perto e tenho uma grande admiração pelo trabalho coletivo da Associação, além de serem ativistas da economia Popular solidária de Pernambuco, onde participam do Conselho estadual e do Fórum de Economia Solidária e ficarei muito muito feliz em conhecer outras experiências de desenvolvimento local em outros estados.
pirmeiramente quero parabeniozar ao senhor Luiz Damião pela grande entrevista dada, e vejo que o associativismo não veio só para unir as forças, e sim para multiplicar esse grande trabalho em equipe nessa comunidade…
A união faza Força e com Aforça Agente Alcaça objectivo então Eu espero que não so dentro da minha comunidade Mais As comunidades devem se unir em troca de Experiência informações para que cada comunidade venha um dia a andar com suas próprias pernas
Damião, gostaria de saber de você se a sua associação teve ou está tento algum apoio de entidades governamentais e não governamentais ? Ou é só a força da união das pessoas que conseguiram tanto sucesso assim?
Arailson Landim.
comunidades COEP Solidão
Sabemos que somar esforços para fazer acontecer requer muita coragem, humanidade e compromisso.
com certeza servirá de exemplo para várias outras, por isso estou participando do fórum online para mais sobre ASSOCIATIVISMO e buscar mais informações.
superação e fortalecimento comunitário.Sabemos que somar esforços para fazer acontecer requer muita coragem, humanidade e compromisso.
boa noite eu qeuo sabem o que associativismo?
monitora: maria rita
boa noite eu qeuo sabem o que associativismo?
monitora: maria rita
Pela entrevista percebisse o quanto esta organizada e estruturada a ASSIM e que tem uma grande liderança através do Luiz Damião, parabéns a ele e toda a comunidade que esta buscando alternativas para melhorar as condições de vida dos comunitários e com certeza servirá de exemplo para várias outras, por isso vamos participar do fórum online sobre ASSOCIATIVISMO e buscar mais informações com Luiz Damião!!!!!!
Caros Mobilizadores,
AS MENSAGENS POSTADAS NESSE ESPAÇO NÃO SERÃO RESPONDIDAS PELO ENTREVISTADO. PARA DEBATER O TEMA ACESSE O FÓRUM NO GRUPO GERAÇÃO DE TRABALHO E RENDA!
Caros Mobilizadores,
AS MENSAGENS POSTADAS NESSE ESPAÇO NÃO SERÃO RESPONDIDAS PELO ENTREVISTADO. PARA DEBATER O TEMA ACESSE O FÓRUM NO GRUPO GERAÇÃO DE TRABALHO E RENDA!
A ASSIM, está dando um exemplo muito grande de conquista ,superação e fortalecimento comunitário.Sabemos que somar esforços para fazer acontecer requer muita coragem, humanidade e compromisso.Fiquei realmente muito motivada com a entrevista e percebo o quanto nossas comunidades a exemplo dessa precisam persistir para construir-mos condições humanas e justas para viver e ter orgulho de onde se vive, do chão que se pisa.
Quero aprender nesse forum como funciona o associativismo para transmitir para nossa comunidade.
Experiência muito boa, espero que nossas comunidades possam aprender com o aprendizado de vocês, de veras está de parabéns.