Gleyse Peiter, secretária executiva do COEP Nacional, explica os objetivos do Banco de Práticas Clima, Vulnerabilidade e Adaptação, lançado oficialmente no dia 11 de novembro, em Brasília, pelo Grupo de Trabalho Mudanças Climáticas, Pobreza e Desigualdades (GTMC), coordenado pelo COEP, no Fórum de Brasileiro de Mudanças Climáticas.
De acordo com Gleyse, muitos projetos de adaptação às mudanças climáticas já são desenvolvidos pelo Brasil afora, mas, muitas vezes, não são reconhecidos como tal pelo fato de o conceito de adaptação ainda ser novo. Neste sentido, o banco de práticas prestará um importante serviço ao divulgar práticas bem sucedidas de enfrentamento às alterações do clima, permitindo a troca de experiências e fomentando sua replicabilidade.
Mobilizadores COEP – O que motivou a criação do Banco de Práticas Clima, Vulnerabilidade e Adaptação?
R: A atuação do COEP em comunidades, ao longo dos anos, mostrou que já existem conhecimentos, práticas e projetos que podem ser reconhecidos como projetos de adaptação aos impactos das mudanças climáticas. Desta forma, entendemos que seria um serviço importante a divulgação dessas experiências.
Mobilizadores COEP – A senhora tem conhecimento de muitas iniciativas já implantadas no Brasil ou esse é um processo ainda incipiente?
R: Muitas iniciativas foram implantadas no Brasil, mas ainda não são vistascomo ações de adaptação, pois este é um conceito novo, em processo de entendimento. Entre estas iniciativas estão projetos de recuperação de nascentes; captação e manejo de água; controle de inundações; convivência com a seca; recuperação de áreas degradadas; implantação de banco de sementes e de hortas comunitárias; aproveitamento de alimentos; consumo sustentável; compostagem; reciclagem; saneamento básico; conservação de energia; controle de vetores; implantação de sistemas agroflorestais; educação ambiental; reflorestamento; conservação e valorização de ecossistemas, entre muitos outros.
Mobilizadores COEP – Quando o banco foi lançado? Quais seus principais objetivos?
R: O banco foi lançado pelo Grupo de Trabalho Mudanças Climáticas, Pobreza e Desigualdades (GTMC)*, em 11 de novembro, no seminário “Mudanças climáticas: adaptação e vulnerabilidade”, que ocorreu em Brasília (DF). Seu principal objetivo é criar um acervo com ações e projetos e permitir a troca de experiências e divulgação de conhecimentos.
Mobilizadores COEP – Como os primeiros projetos incluídos no banco foram selecionados?
R: Convidamos nossos parceiros no GTMC paraincluírem noBanco projetos e ações que poderiam ser considerados como de adaptação aos impactos das mudanças climáticas.
Mobilizadores COEP – Quais os critérios para o cadastro de novas iniciativas?
R: Qualquer entidade, como empresas, organizações governamentais ou não governamentais, associações e universidades podem cadastrar iniciativas. Não é necessário que seja uma iniciativa complexa. Às vezes, a simples limpeza de um córrego pode ter um impacto grande numa comunidade, evitando enchentes, desabamentos. O importante é que o projeto esteja em execução.
Mobilizadores COEP – Como é feito o cadastro das práticas no banco? O processo é simples?
R: O processo é bem simples. Existe um formulário on-line para inclusão do projeto que pode ser acessado na página principal e o cadastro é aberto a qualquer organização.
Mobilizadores COEP – Como o COEP pretende dar visibilidade às iniciativas cadastradas no banco?
R: Por meio de sua divulgação em seminários, palestras, e outros tipos de mobilização. Em Cancun, durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 16), por exemplo, apresentei o Banco numa mesa redonda realizada na Villa Climática, um espaço da sociedade civil.
Mobilizadores COEP – Qual a importância desses projetos para as populações mais vulneráveis?
R: Estas iniciativas podem ser replicadas e servir como alternativa para enfrentar os impactos que já estão sendo sentidos pelas comunidades. Na pesquisa ?Mudanças Climáticas, Desigualdades Sociais e Populações Vulneráveis no Brasil: Construindo Capacidades?, feita pelo COEP em 2009, em cerca de 107 comunidades urbanas e rurais, fica evidente que os moradores dessas comunidades sabem que as mudanças climáticas já vêm afetando suas vidas.
Mobilizadores COEP – De que maneira um banco de práticas pode ajudar no enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas?
R: Divulgando experiências bem sucedidas e o passo a passo para implantá-las. No banco estão também as dificuldades encontradas, os erros, com o que todos podem aprender e não repetir.
Mobilizadores COEP – O COEP atua em 45 comunidades de baixa renda no Semiárido nordestino? Essas comunidades terão acesso a esse banco? De que forma?
R: Todas as comunidades onde o COEP atua estão ligadas à Internet por meio dos telecentros comunitários. Esta é uma conquista das comunidades que traz uma perspectiva básica de desenvolvimento: o acesso à informação.
Mobilizadores COEP – Em que endereço o banco está disponível?
R.: O banco está disponível no endereço: http://www.coepbrasil.org.br/projetosdeadaptacao/publico/default.aspx
__________________
*1 Os trabalhos do GT visam: contribuir para os debates sobre mudanças de clima que vêm sendo realizados em espaços públicos no Brasil; desenvolver tecnologia social que promova a capacidade de reação de comunidades vulneráveis a eventos climáticos extremos; correlacionar o tema das mudanças do clima ao das desigualdades sociais; traçar um perfil das práticas, propostas de ação, desafios e dificuldades das organizações brasileiras sobre mudanças climáticas em associação com o combate à pobreza; sensibilizar a sociedade como um todo para o tema.
Entrevista do Grupo Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Pobreza
Concedida à: Renata Olivieri
Editata por: Eliane Araujo