Garrafas PET, alumínio, papel, vidro e óleo de cozinha. Estes são alguns dos resíduos coletados e separado pela Riocoop 2000, Cooperativa de Coleta Seletiva de Materiais Plásticos e Resíduos (Riocoop 2000), sediada na zona norte do município do Rio de Janeiro. Fundada em 1999, com apoio da Coca Cola Brasil, a cooperativa está envolvida em diversos projetos voltados à reciclagem.
De acordo com José Luiz de Oliveira Estácio, presidente da Riocoop, são recolhidas, mensalmente, 200 toneladas de resíduos. José vê na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela lei 12305/10, uma grande chance de fortalecer as lideranças da categoria dos catadores e do fortalecimento da profissão em níveis municipais.
Rede Mobilizadores – Informalmente, há quantos anos existe a ocupação de catador de lixo no país? A partir de quando a profissão foi formalizada e qual a importância da criação, em 1999, do Movimento Nacional dos Catadores?
R.: Informalmente, a ocupação existe há cerca de 70 anos. Em 2002, os catadores conquistaram seu reconhecimento como categoria profissional, na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO).
Rede Mobilizadores – Pode-se afirmar que, embora o trabalho que os catadores realizam seja de relevância para a preservação do meio ambiente e para a sociedade, em geral, estas pessoas ainda são estigmatizadas. Como reverter esse quadro?
R.: Primeiramente, o catador precisa ter a consciência do valor do seu trabalho, procurando atuar em grupo, seja em cooperativas ou associações de catadores de materiais recicláveis, saindo assim do anonimato. É preciso também que paguem o INSS e tirem documentos como CPF, RG, certidão de nascimento, etc. Somente assim, ele se tornará um cidadão e poderá usufruir de benefícios.
Rede Mobilizadores – A partir de que momento, a categoria no Brasil foi tomando consciência do seu tamanho e da importância do trabalho que realiza?
R.: Acredito que a partir do reconhecimento do governo federal, com a publicação do Decreto Federal nº 5.940/06*1, durante o governo do presidente Lula. O decreto determinou que os órgãos federais separassem seus resíduos recicláveis e os destinassem a associações e cooperativas de catadores.
Rede Mobilizadores – Quantos catadores de recicláveis existem, hoje, no país?
R.: A estimativa é de que exista um milhão de catadores de materiais recicláveis no Brasil. No estado do Rio de Janeiro, temos cerca de 60 mil profissionais e 43 cooperativas e associações registradas.
Rede Mobilizadores – O que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) representou para a categoria dos catadores no país?
R.: A PNRS deu oportunidade às lideranças de participarem das mudanças e da elaboração da política nacional. Eu mesmo participei, dando opiniões. Além disso, a PNRS fortaleceu a categoria em nível municipal, o que é importante, pois, geralmente, é a prefeitura que gerencia o lixo urbano. Abriu, também, uma brecha para as cooperativas prestarem serviço de coleta de lixo aos municípios. As cooperativas são isentas de licitação, pela Lei 8666, de 1993, o que tornou sua participação como prestadoras de serviços menos burocrática.
Rede Mobilizadores – Qual a importância da educação ambiental e da participação da sociedade para o trabalho dos catadores?
R.: É preciso levar ao conhecimento do cidadão sua responsabilidade na separação do lixo seco (recicláveil) do lixo molhado (não reciclável). Com isso, facilitaremos o trabalho dos catadores e conseguiremos aumentar a vida útil aos aterros sanitários.
Rede Mobilizadores – Quando e com que objetivo foi fundada a Riocoop 2000? Quantos catadores tem hoje?
R.: Fundei a Cooperativa de Coleta Seletiva de Materiais Plásticos e Resíduos (Riocoop 2000), em 27 de setembro de 1999, com apoio da Coca Cola Brasil. O objetivo foi o de coletar PET e plásticos em geral. A cooperativa fica num galpão de sete mil metros quadrados no bairro de Bonsucesso, no município do Rio, e conta, atualmente, com 26 cooperados.
Rede Mobilizadores – Quais os principais materiais que podem ser reciclados?
R.: Podem ser reciclados, dentre outros materiais, vidros, plásticos, sucata ferrosa e não ferrosa, papel em geral, papelão,óleo de cozinha, película de raio x, fixador, revelador, bateria automotiva, eletroeletrônicos. A reciclagem de alumínio é uma das atividades mais rentáveis.
Rede Mobilizadores – Quantas toneladas de resíduos são recolhidas mensalmente pela Riocoop 2000? De onde vêm os resíduos?
R.: Desde sua fundação, a Riocoop recebe e separa materiais como garrafas PET, alumínio, papel, vidro e óleo de cozinha. Também tivemos concessão para receber pilhas e baterias de celular. Recolhemos cerca de 200 toneladas de resíduos por mês, provenientes de condomínios, igrejas, indústrias e comércios, hospitais, órgãos federais, estaduais, municipais, dentre outros.
Rede Mobilizadores – Como funciona a rota de reciclagem na cooperativa? Quais as principais dificuldades encontradas? Em que etapas?
R.: Primeiramente, contatamos o cliente; fazemos uma visita técnica para ver a logística da organização e determinarmos o dia, horário e responsável pelo descarte dos resíduos. As coletas são feitas com caminhão e contamos com patrocínio e apoio de empresas, e também dos governos estadual e municipal. Como as cooperativas não têm capital de giro, por não terem fins lucrativos, este apoio é fundamental. O custo da coleta é muito alto e, sem ele, a coleta nunca seria sustentável. O material recolhido é levado para a cooperativa, onde é separado e prensado, para depois ser vendido a indústrias que fazem a reciclagem.
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* O Decreto Federal nº 5.940, de 25 de outubro de 2006, instituiu a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta determinando que a sua destinação seja para as associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis.
As Comissões da Coleta Seletiva Solidária, criadas para conduzir a implementação das medidas estabelecidas pelo decreto, devem apresentar semestralmente ao Comitê Interministerial avaliação do processo de separação dos resíduos recicláveis descartados em suas unidades. Para acompanhar esse processo e apoiar os órgãos públicos federais, o Comitê estruturou uma Secretaria Executiva.
Entrevista do Grupo Geraçãode Trabalho eRenda
Concedida à: Renata Olivieri
Editada: por: Eliane Araujo
Não só conscientizar a população de como tratar o lixo, mas cobra uma ação participativa mais presente da mesma. A cooperativa de catadores de lixo é de suma importância para a implantação e continuidade do processo da coleta seletiva na comunidade, estimulando toda sua força de trabalho para o hábito da coleta seletiva, melhorando assim o trabalho dos catadores.
O trabalho das cooperativas é de suma importância para a implantação e continuidade do processo da coleta seletiva e reciclagem. As empresas, principalmente as públicas, são agentes fundamentais no fortaleceimento dessa relação cooperativa x sociedade, estimulando toda sua força de trabalho para o hábito da coleta seletiva, melhorando assim o trabalho dos catadores.
Nos dias de Hoje a educação ambiental já e um assunto central e participativo em muitas escolas, oque se deve e cobrar, exigir mais serviços mais dignidades ao catadores, mais conhecimento de seus deveres e direitos como profissionais.
Conscientizar a população de como tratar o lixo é um grande começo.
Educação socioambiental. Devemos começar com campanhas nas escolas, incentivando os alunos na reciclagem do lixo que produzem no ambiente escolar. Dando esse primeiro passo, depois fica mais fácil conscientizar a família.
As pessoas precisam melhorar a disponibilizado do materiais recicláveis. Campanhas de conscientização serão bem vindas.
As cooperativas de catadores devem ser mais disseminadas e valorizadas pelo Poder publico. Com isso, os trabalhadores vão se sentir mais valorizados.