Em entrevista ao site Mobilizadores COEP, Wanda Engel, superintendente-executiva do Instituto Unibanco, nos fala a respeito do crescimento do investimento social privado em educação no Brasil. Engel também comenta a atuação do Instituto na área educacional com ações que vão da tentativa de diminuir a defasagem escolar até a qualificação para o mercado de trabalho.
Mobilizadores COEP – Qual o papel da educação na construção de alternativas sustentáveis de desenvolvimento?
R.: A educação é um direito universal, conseqüentemente, a construção de uma sociedade igualitária, socialmente justa e sustentável passa pelo acesso de todos à escola ? especialmente em regiões com baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) ?, pela formação adequada de professores, qualidade do ensino e disponibilidade de programas de capacitação profissional, possibilitando ao público jovem ingressar no mercado de trabalho e buscar o desenvolvimento econômico a partir de suas próprias potencialidades. Nós, do Instituto Unibanco, compreendemos a educação como um caminho que oferece múltiplas perspectivas para a superação da pobreza e da desigualdade no país, razão pela qual atuamos em várias frentes nesse campo. Portanto, apoiamos atividades que vão da defasagem escolar e educação complementar à capacitação de educadores e qualificação para o mercado de trabalho, entre outras. Assim acreditamos fechar um ciclo de preparação do indivíduo para seus desafios sociais.
Mobilizadores COEP – A aquisição de conhecimento eleva a produtividade dos indivíduos e favorece a luta pelos seus direitos. No seu ponto de vista, de que forma as empresas podem contribuir para uma educação de qualidade, inclusiva e que respeite a diversidade?
R.: Com nosso foco em educação, procuramos assegurar a aquisição de conhecimentos, principalmente de jovens e adultos, como estratégia para que esses cidadãos possam participar ativamente de suas comunidades, defender seus direitos e agir em sintonia com os interesses da sociedade. Como braço social do conglomerado Unibanco, essa é uma das formas que encontramos de realizar investimentos socialmente responsáveis e cumprir com nosso papel de empresa cidadã, seguindo uma tendência que cada vez mais se consolida entre as organizações modernas. Hoje, sem dúvida, o meio corporativo tem uma função decisiva nesse processo de estruturação da sociedade. Não apenas pelo poder econômico que as corporações detêm, mas também por reunirem, internamente, um contingente de pessoas envolvidas com essas questões sociais. Ao compor o terceiro setor, aliando-se a outras instituições não-governamentais, esses organismos contribuem financeiramente e profissionalmente para o sucesso desse setor, que por sua vez está francamente comprometido em suprir as lacunas sociais deixadas pelo poder público nos segmentos da educação, saúde, cultura e meio ambiente.
Mobilizadores COEP – O Instituto Unibanco encomendou uma pesquisa ao Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS) para mapear, em conjunto com o Gife, a participação do setor privado na melhoria da qualidade de ensino do país. Quais os resultados da pesquisa?
R.: O Censo Gife Educação 2005/2006, elaborado em parceria com o IETS, proporcionou um amplo painel sobre os investimentos sociais na área educacional efetuados pelo setor privado. O estudo analisou as atividades nesse segmento desenvolvidas pelos associados do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife) e concluiu que a educação é, realmente, o foco prioritário dessas ações. A partir dessa constatação, mapeou as áreas que recebem mais investimentos e quantificou entidades e pessoas beneficiadas, proporcionando importantes subsídios para uma ordenação maior dessas iniciativas.
Mobilizadores COEP – Que níveis educacionais são mais contemplados pelos investimentos privados? De que forma os investimentos são aplicados?
R.: As iniciativas são muito diversificadas. Algumas entidades estendem suas atividades a vários segmentos, outras procuram a especialização numa única frente. Há também as que promovem seus próprios projetos, enquanto outras, como o Instituto Unibanco, apóiam iniciativas em parceria com outras organizações. Essa é a modalidade de investimento predominante. Em termos globais, segundo o estudo, os projetos que recebem maior apoio financeiro são os de capacitação de professores e de suporte a alunos com dificuldades de aprendizagem. Mas não há uma predominância absoluta, pois, como já disse, a educação oferece uma série de oportunidades de intervenção social.
Mobilizadores COEP – O Instituto Unibanco desenvolve vários projetos na área de educação e acaba de lançar o programa ?Jovem de Futuro: Qualidade Total no Ensino Médio?. Fale a respeito da iniciativa.
R.: O Jovem de Futuro é um projeto de longa duração, previsto inicialmente para três anos, que busca diminuir a defasagem escolar e preparar alunos do ensino médio da rede pública para o mundo profissional. Com essa finalidade, investimos recursos nas escolas que integram o programa e capacitamos seu corpo docente. Ao qualificar os cursos de ensino médio e possibilitar que um maior número de alunos matricule-se ou permaneça nas escolas, esperamos contribuir para reverter o quadro de dificuldades vivenciado pelos jovens brasileiros que concluem essa etapa escolar e não conseguem ingressar no mercado de trabalho. Este programa se insere numa das cinco frentes de atuação do Instituto Unibanco, que compreendem cerca de 20 projetos nos segmentos da educação e educação ambiental. Na área de educação complementar, temos também o Centro de Estudos, espaço educacional que mantemos com recursos próprios, em São Paulo, e o programa Junior Achievement, que oferece ensino em negócios em módulos ministrados por voluntários do Unibanco em nove estados.Na frente de capacitação de educadores, promovemos cursos de Fortalecimento da EJA (Educação de Jovens e Adultos), em cidades do Nordeste, enquanto na de qualificação para o mercado de trabalho apoiamos iniciativas como o Espaço do Artesão, no Rio de Janeiro, e o Estúdio Aprendiz, em Salvador.O segmento de defasagem escolar inclui ações como o Curso Pré-Vestibular realizado no complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Já a frente de educação ambiental viabiliza estruturas como o Centro de Educação Ambiental Villa-Lobos, instalado no parque de mesmo nome, em São Paulo, que também está aberto ao público, recebendo anualmente 21 mil visitantes.Como se vê, são ações que buscam atender às várias problemáticas da educação no Brasil, além de buscar soluções específicas para cada região do país.
PARABÉNS pela iniciativa, como Educadora creio que o caminho é esse Educar com eficiência, fazer as correções deixadas por falta de compromisso e prosseguir, investindo, educando e crendo..Gostaria de saber como posso enviar um projeto de Educação de Jovens e Adualtos para presdiários. Por favor..franciconsultoria@brturbo.com.br
Prezada Wanda,
Em primeiro lugar, parabéns pelo foco dado às iniciativas, posto não restar dúvida sobre a natureza primaz da educação para o processo de desenvolvimento do individuo, da sociedade e da nação. Não faltam exemplos para demonstrar o retorno do investimento em educação no âmbitos dos diversos atores sociais envolvidos. Qualificar a educação é prioritário em nosso país.
Pergunto sobre a forma como encaram a Educação Integral e o provimento de recursos para garantir que o educando assimile e aproveite aquilo que lhe oferecido. Gostaria de ouví-la particularmente no que tange a ações de promoção e conservação da saúde. Como a Fundação Unibanco se relaciona com ações desta ordem? Entendem como estando no escopo educacional, ou segmentam excluindo-se da promoção de iniciativas desta natureza?
Sugiro também que seja oferecido pelo Instituto Unibanco a preparação educacional e capacitação das pessoas com deficiência. Inclusive, estas pessoas podem ser aproveitadas na própria empresa, cumprindo a cota legal de obrigação de contratar (e até superando-a!)
Parabéns pelo belo trabalho que já desenvolvem!