A ONG Humbiumbi ? Arte e Cultura e Educação completa dez anos em 2006. Os projetos implementados pela ONG visam criar oportunidades para que crianças e jovens desenvolvam seu potencial humano e atuem como protagonistas de transformações sociais em suas famílias, escolas e comunidades. Em entrevista ao Mobilizadores COEP, o jornalista Paulo Emilio Andrade, coordenador da Humbiumbi, fala um pouco sobre o trabalho desenvolvido e daimportância da comunicação como meio de mobilização.
Mobilizadores COEP – Você poderia contar um pouco da trajetória da ONG? Por que o nome Humbiumbi?
R. – Humbiumbi é o nome de um pássaro da tradição angolana, que anuncia o nascer do sol e as boas sementeiras. O Humbiumbi voa alto, cada vez mais alto, convidando outros pássaros para voarem junto com ele para, assim, terem uma visão mais ampla do universo. A ONG Humbiumbi ? Arte, Cultura e Educação nasceu da experiência de uma família que residiu seis anos em Angola e que compreendeu a importância da cultura para o desenvolvimento de uma comunidade. Desde que foi criada, em 1996, a Humbiumbi já implementou diversos projetos sociais, sempre com o objetivo de criar oportunidades qualificadas nos campos da arte, da cultura e da educação para levar crianças e jovens a desenvolver seus potenciais humanos. Nestes dez anos, a Humbiumbi já beneficiou milhares de crianças e jovens, centenas de educadores e de escolas públicas de Belo Horizonte e de outras cidades brasileiras.
Mobilizadores COEP ? De que forma a Humbiumbi se propõe a aliar cultura, juventude e cidadania? Qual o público-alvo de suas iniciativas?
R. – A Humbiumbi desenvolve ações com crianças e jovens, sendo que atualmente 80% dos nossos projetos são direcionados à juventude. Acreditamos que criar oportunidades artístico-culturais para jovens é respeitar a juventude como um tempo de experimentação, alargamento do horizonte vital e construção de perspectivas de vida. É fundamental que os jovens tenham a oportunidade de olhar para si mesmos como seres humanos e que possam desenvolver o seu potencial criativo, sendo protagonistas de ações transformadoras em suas famílias, escolas e comunidades.
Mobilizadores COEP ? Fale um pouco sobre os projetos desenvolvidos pela ONG.
R. – A Humbiumbi hoje é um ponto de cultura. O Ministério da Cultura selecionou ONGs de todo o Brasil para serem pontos de cultura, desenvolvendo projetos socioculturais de norte a sul do país, e nós fomos escolhidos com o projeto Humbiumbi ? Raízes Africanas. Este projeto dá oportunidade a 50 jovens, que produzem design de moda, design gráfico e de produtos, além de terem atividades de percussão. Tudo inspirado na relação entre as culturas angolana e mineira. Outro projeto é o Click, desenvolvido em parceria com o Programa Comunidade Conectada, do Instituto Ayrton Senna e Microsoft. O Click é um projeto de inclusão digital direcionado às comunidades de periferia da Regional Oeste de Belo Horizonte. Nele, as comunidades têm aulas de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e acesso livre gratuito. Um grupo de 40 jovens que têm aulas de TICs está construindo conhecimentos que serão disponibilizados em blogs e num site a partir do segundo semestre de 2006. Também em parceria com o Instituto Ayrton Senna e com a Rede Dental, a Humbiumbi desenvolve o Sorria Saúde. No projeto, 200 jovens participam de atividades de educação em saúde, focadas na questão da qualidade de vida. Além disso, os jovens recebem atendimento odontológico de qualidade e gratuito através de parceria com dentistas conveniados à Rede Dental e no consultório odontológico construído pela Rede na sede da Humbiumbi.
Mobilizadores COEP ? E quanto ao projeto O Ato, a Rua, a Lua?
R. – O Projeto O Ato, a Rua, a Lua é desenvolvido em parceria com o Instituto Credicard. Nele, 40 jovens produzem mídia (fanzines, programas de rádio, imagens, etc) e participam de atividades de educação em saúde e cultura. Em 2005, desenvolveram planos de ação para executar em duas escolas públicas de Belo Horizonte, valorizando e incentivando a participação dos alunos para implementação de uma rádio escolar. Este ano, os jovens vão levar um jogo idealizado pelo projeto para as escolas públicas. No jogo, os alunos também são convidados a participar ativamente do espaço escolar, propondo e desenvolvendo ações transformadoras. Na verdade, todos os projetos desenvolvidos criam oportunidades para que os jovens possam transformar o potencial humano que têm em competências pessoais, relacionais, cognitivas e produtivas. Desta forma, eles estão se preparando para viver, conviver e agir no mundo contemporâneo.
Mobilizadores COEP – Como a Humbiumbi estimula a participação e permanência destes jovens nos projetos? Quais os principais obstáculos enfrentados ao lidar com o público jovem?
R. – O estímulo dos jovens em participar dos projetos desenvolvidos pela Humbiumbi se dá por diversos motivos. Um deles é a metodologia utilizada. Na Humbiumbi, o que os jovens sabem, pensam e dizem é levado muito a sério! A participação ativa deles em todas as ações desenvolvidas pela ONG é estimulada todo o tempo. Os jovens se realizam à medida que compreendem o significado das oportunidades que estão tendo para suas vidas. Eu diria que o grande obstáculo vivenciado pelos jovens que a Humbiumbi atende é a pressão que sofrem para começar a trabalhar. Muitos deles dependem do próprio trabalho para sobreviver. É uma situação difícil de lidar, porque muitas vezes implica a decisão de deixar o projeto para trabalhar e gerar renda. Cerca de 95% dos jovens que saíram dos nossos projetos nos últimos dois anos o fizeram para entrar no mercado de trabalho.
Mobilizadores COEP – Ao avaliar a atuação da Humbiumbi, que tipo de transformação os jovens já conseguiram empreender em suas comunidades?
R. – Os jovens que atendemos estão bastante antenados com o que acontece em suas comunidades. Eles desenvolvem um olhar crítico, no bom sentido, para entender e analisar o que acontece a seu redor. Mas ter olhar crítico não resolve muito, e eles sabem disso. Um exemplo interessante de mobilização para gerar mudanças foi o resultado obtido pelo Projeto O Ato, a Rua, a Lua, implementados na Escola Municipal Oswaldo Cruz e na Escola Estadual Cândido Portinari, na Regional Oeste de BH. Os jovens da Humbiumbi idealizaram um plano de ação para que os alunos dessas escolas participassem mais ativamente de seu próprio processo educativo. Foram criadas rádios escolares, grêmios, implantadas novas modalidades de esporte e lazer, desenvolvidas atividades culturais e de saúde. Houve um envolvimento muito bom dos diversos públicos que fazem parte do dia-a-dia das escolas. A experiência foi rica para as escolas, para os alunos, para os nossos jovens e para a Humbiumbi. Agora, nosso desafio é replicar esta experiência bem-sucedida em outras escolas, repercutindo positivamente em mais espaços da cidade.
Mobilizadores COEP ? Qual o papel da comunicação para construção da cidadania de jovens excluídos? De que maneira a comunicação pode fortalecer projetos de mobilização?
R. – A comunicação tem grande potencial de mobilizar pessoas e instituições. Quando o jovem se apropria do fazer comunicativo, por exemplo, ele ganha voz, expressa seus sentimentos, idéias, valores. É uma forma de fazer valer a diversidade e criar espaços de diálogo. A rádio escolar criada na Escola Municipal Oswaldo Cruz é um exemplo. Os próprios alunos criaram o perfil da rádio, identificaram quem iria participar, quais seriam as funções de cada um, etc. A direção da Escola apoiou bastante, criando todas as condições necessárias para o sucesso da iniciativa. Os alunos participam tanto, que a rádio é um sucesso, atuando como uma forma importante de construção de conhecimentos, diálogos, trocas de idéias e pontos de vista dentro da escola.
Mobilizadores COEP – Na sua opinião, qual o ponto de partida para uma efetiva mobilização social visando à inclusão de pessoas marginalizadas? Você acha que há um movimento no Brasil neste sentido?
R. – A sociedade tem se mobilizado no sentido de criar oportunidades para que crianças, adolescentes e jovens tenham mais e melhores oportunidades para se desenvolver. É claro que o que fazemos, se pensarmos em Brasil, ainda é pouco, mas temos que reconhecer que há muitas organizações sérias e comprometidas com a causa social, que vêm fazendo diferença. Temos que nos envolver cada vez mais, seja em projetos amplos ou em ações micro, isto é, no dia-a-dia da rua, do bairro, da escola, da praça em que vivemos e convivemos. Acredito que as ONGs dão uma contribuição importante e creio que é necessário ampliar as relações de parceria com as escolas públicas. A escola é um espaço privilegiado para educar crianças e jovens.
São exemplos como este que nos dá força, confiança e vontade para desenvolver um trabalho cada vez melhor. E nos faz acreditar que esse é o caminho!
Parabéns!
Para nós da Rede Dental, parceiros do Humbiumbi, é motivo de muito orgulho contribuir com Saúde Bucal para os jovens da comunidade do Buritis. A Maria Lívia e sua equipe são um exemplo único de dedicação e competência !
Conte sempre com a gente !
Um abraço,
Fernando Pedrosa
Parabéns Humbiumbi! Desejo muito sucesso em todas as empreitadas, continuem entusiásticamente essa jornada de partilha, desenvolvimento e colaboração com o outro.
Conte conosco para qualquer tipo de ajuda. Um abraço!
Parabéns Humbiumbi! Bela entrevista, espero que vocês continuem como o Pássaro Humbiumbi cada vez voando mais alto.
Um Abraço,
Saulo – Liceu de Artes e Ofícios da Bahia
Parabéns Humbiumbi. O Brasil efetivamente precisa de pessoas/ONG´s comprometidas com o desenvolvimento Humano e consequente redução das desigualdades sociais.
Paulinho, estou unido a vocês nesta corrente do Bem.
Um forte abraço,
Chico – Liceu de Artes e Ofícios da Bahia
É isso aí, o Brasil precisa de ONGs como Humbiumbi que faz um lindo trabalho para com a nossa juventude.
Continue sempre assim e parabéns!
Dilson Bernardes, Presidente do Clube Recreativo Ubaitabense.