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Entrevistas

Interação entre universidades e organizações

Interação entre universidades e organizações pode fortalecer comunidades

1 de outubro de 2018
[Publicado originalmente em 23 de janeiro de 2014]
No final de 2013, foi lançada, no Rio de Janeiro, a Rede por um Futuro Melhor (ou em inglês: Better Futures Network – BFN), integrada por universidades e organizações de vários países, que pretendem trocar conhecimentos e experiências para o desenvolvimento de projetos locais de fortalecimento comunitário, com base em princípios sustentáveis.
O objetivo da rede é criar um espaço de diálogo, aprendizagem e ação, envolvendo comunidades e parceiros, numa tentativa de pensar soluções para problemas desafiadores que têm ajudado a perpetuar a desigualdade e a exclusão em diversos locais do mundo. A Rede por um Futuro Melhor foi lançada durante um fórum internacional, promovido pelo COEP Nacional e pelo Centro para Inovação Comunitária da Universidade de Carleton (Canadá), em novembro, no escritório central de Furnas, no Rio de Janeiro.
Nesta entrevista, a pesquisadora Michelle Bonatti, da University of Buenos Aires, integrante da BFN, fala da sua experiência com comunidades, a partir do trabalho que desenvolve com uma população de catadores de materiais recicláveis em Santa Catarina, no Sul do país, e de como a interação entre universidades, centros de pesquisa e comunidades pode fortalecer populações em situação de vulnerabilidade.
Rede Mobilizadores – A partir de sua experiência com população de catadores de berbigão da Tapera da Base, que contribuições você acha que as universidades podem oferecer para fortalecer populações em condições semelhantes de vulnerabilidade?
R.: Acredito que as universidades, por um lado, podem revalidar socialmente as demandas das comunidades, dando “voz” (visibilidade) às questões do desenvolvimento local, considerando essencialmente a percepção local dos problemas, do estado de vulnerabilidade em que se encontram.
Por outro lado, existe a possibilidade de as universidades oferecerem uma perspectiva crítica sobre como se constroem e se mantêm os problemas locais. Talvez esses dois lados, quando em diálogo, ajudem no desenvolvimento de um conhecimento coletivo ou compartilhado entre universidade e comunidade.
Rede Mobilizadores – Como conciliar ações de desenvolvimento comunitário e a adaptação das comunidades aos efeitos dos eventos climáticos extremos, como inundações, secas e vendavais?
R.: Penso que a linha que diferencia as ações de desenvolvimento e adaptação ao clima é sutil. De forma geral, a maioria das ações voltadas ao desenvolvimento comunitário está vinculada ao aumento da capacidade de adaptação às adversidades climáticas. Em muitos casos, uma ação de adaptação ao clima como, por exemplo, ações voltadas à melhoria de infraestrutura (escoamento de águas, pavimentação de ruas, saneamento básico, etc), saúde pública (postos de saúde, orientações em relação às reações do organismo frente ao excesso de calor, etc) ou educação (entendimento de como ocorrem os eventos climáticos, riscos e prevenção), são ações de desenvolvimento.
Existem muitas ações de adaptação às mudanças climáticas previstas para o futuro que, se fossem feitas hoje em dia, impulsionariam o desenvolvimento comunitário independentemente da materialização dos eventos climáticos previstos. Outra questão importante é o investimento em ações de educação, que funcionam sinergicamente nos diferentes desafios sociais, como é a adaptação ao clima.
Rede Mobilizadores – Como é atualmente a relação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com a comunidade? Acredita que esta relação pode ser mais estreita?
R.: A relação com a comunidade da Tapera tem distintas faces. Por um lado, de alguma forma, a universidade tem relação direta com a comunidade, uma vez que seu campo experimental de Ciências Agrárias é vizinho ao espaço habitacional comunitário.
Por outro lado, dada à falta de espaços públicos comunitários na Tapera, há também um olhar da universidade sobre como auxiliar na promoção deste espaço, salvo questões legais sobre a ocupação de um espaço de uma universidade federal pela comunidade. Talvez essa questão pudesse ser conflituosa, porém há um dialogo estabelecido e que acredito que a relação pode ser mais estreita.
Rede Mobilizadores – Qual a sua expectativa com relação à criação da Better Future Network?
R.: Acredito que a BNF é a criação de espaços… Espaços no sentido de um campo de ação para as transformações sociais que buscamos. Isso significa buscar ações orientadas ao processo de desenvolvimento de trabalho digno, educação crítica, prevenção de desastres, etc. Acredito que a rede traz a possibilidade de conformar projetos com ações concretas nas comunidades, ao mesmo tempo em que permite uma reflexão crítica sobre pontos positivos e negativos dos processos vinculados a esses projetos, tal qual propõe [Paulo] Freire como práxis.
Rede Mobilizadores – Qual a importância da interação com universidades e centros de pesquisa que atuam com populações em situação de vulnerabilidade em diversos locais do mundo?
R.: Construir coletivamente o conhecimento sobre como se constroem os estados de vulnerabilidade e também buscar a melhoria dessas situações de risco com estudos e proposição de medidas técnicas e operacionais.
Entrevista para o Eixo de Meio Ambiente, Clima e Vulnerabilidades
Concedida a: Flávia Machado
Editada por: Eliane Araujo
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