Maria José Vidal do Nascimento, mais conhecida como Zetth, nasceu e cresceu na comunidade de Pedra de Santo Antônio, situada na zona rural do município de Alagoa Grande, na Paraíba, localizada a cerca de 100 km da capital, João Pessoa.Com cerca de 300 habitantes e uma economia baseada na agricultura de subsistência, a comunidade hoje conta com uma Associação de Produtores Rurais e um Telecentro Comunitário, projetos do COEP para estimular o desenvolvimento local e melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem na região.Atualmente professora de ciências e biologia, e estudante do curso de Biologia, ela conta qual a influência das oficinas levadas pelo COEP para sua comunidade e também para seu crescimento pessoal.
Mobilizadores COEP – Qual a sua comunidade de origem? Poderia citar algumas características socioeconômicas? R.: Nasci na comunidade de Pedra de Santo Antônio, que fica na zona rural do município de Alagoa Grande, na Paraíba. Atualmente, são cerca de 300 pessoas que vivem na comunidade e a grande parte dos moradores trabalha com agricultura de subsistência e no trabalho com a terra. Temos escola na comunidade, uma associação de produtores rurais e um telecentro comunitário.Mobilizadores COEP – Qual era sua ocupação na comunidade e sua perspectiva de futuro na época?R.: Atualmente moro em Guarabira, um município vizinho, pois estou terminando minha faculdade de Biologia. Mas nasci e cresci em Pedra de Santo Antônio, estudei na comunidade e realizava trabalhos voluntários para ocupar o tempo que não estava na escola. No entanto, não via perspectiva de desenvolvimento pessoal ali.Mobilizadores COEP – O que mudou com a chegada do COEP na sua comunidade?R.: Mudou muita coisa. A principal delas, ao meu ver, é a forma como os moradores passaram a se organizar melhor em torno de objetivos comuns, com o incentivo do COEP à criação de uma associação de produtores. Hoje os produtores são muito mais organizados, têm uma produtividade maior e conseguem ter mais qualidade de vida. Juntos, eles têm mais voz, mais credibilidade.Mobilizadores COEP – Qual a contribuição das oficinas trazidas pelo COEP para sua comunidade? Sua percepção de futuro mudou?R.: A chegada do Telecentro na comunidade trouxe uma comunicação mais intensa com o mundo lá fora e ampliou nossa visão de futuro, abrindo caminhos antes desconhecidos da gente. O projeto Arca das Letras também foi uma grande contribuição e um incentivo à leitura aqui, no qual inclusive fazia trabalho voluntário.Hoje moro numa cidade vizinha, faço faculdade e dou aulas para o ensino fundamental e médio, de ciências e biologia, respectivamente. Em setembro me formo e pretendo fazer um mestrado na área, na Universidade Federal de Campina Grande. Faço planos e sei que posso conseguir ir além, pois as oficinas me mostraram isso.Mobilizadores COEP – Pessoalmente, o que as oficinas representaram para você? Poderia fazer um comparativo entre antes e depois?R.: As oficinas trazidas pelo COEP me ajudaram bastante. Eu tinha verdadeira fobia de estar em público e não me sentia bem quando precisava expor alguma ideia. Os encontros me ajudaram na prática de saber me comportar diante das pessoas, de como me apresentar, de não ter medo de expor meus pontos de vista e de ser crítica.Mobilizadores COEP ? Na sua percepção o que mobiliza uma comunidade? O que sugere para incrementar a participação?R.: O que mobiliza uma comunidade para mim é a vontade de melhorar de vida. Aqui, nós tivemos uma oportunidade e soubemos aproveitá-la em benefício do bem comum. O caminho foi sugerido, as pessoas se uniram e todo o mais está sendo feito. O presidente da Associação de Produtores Rurais aqui de Pedra de Santo Antônio é um grande exemplo de determinação para nós. Apesar dele não saber ler, ele corre atrás dos benefícios para a comunidade e faz o possível para que os agricultores tenham acesso a bens que incrementem a produção agrícola, como aluguel de máquinas, por exemplo. Agora, ele conseguiu viabilizar o projeto de um consultório dentário na comunidade, que deve começar a funcionar em breve.Acho que o estímulo para aumentar a participação de todos é ter garra, continuar trabalhando e mostrando os resultados.Mobilizadores COEP – O que diria para outras comunidades rurais que procuram se fortalecer? Qual ou quais conselhos daria?R.: Eu diria que o início de tudo é a união. Não dizem que uma andorinha só não faz verão! Acredito que o caminho da mobilização, da união, da organização leva a resultados mais concretos. Devemos também acreditar naquilo que buscamos, ter pensamento positivo e ação.Mobilizadores COEP – Onde nós do COEP podemos atuar para fortalecer ainda mais as comunidades, sejam elas rurais ou urbanas?R.: O COEP tem um trabalho reconhecido no fortalecimento de nossas comunidades, o qual ele vem traçando há anos. Acredito que fortalecer suas ações e ampliar as comunidades atendidas seja um bom caminho.—————–Entrevista para o Grupo Fortalecimento ComunitárioConcedida à: Flávia MachadoEditada por: Eliane Araujo.