Em sua experiência em sala de aula, o professor de Geografia Allan da Silva percebeu que os alunos não se sentiam estimulados pelos livros da disciplina, que, segundo ele, são os mesmos de 20 anos atrás, quando ainda era estudante. O professor também sentia-se incomodado com um sistema de ensino e aprendizagem em que o educando tem de absorver as informações repassadas em sala de aula sem questionar. Para romper com esse modelo, ele idealizou o projeto “Geo Fanfic: O Mundo escrito pelo lado de cá”, lançado em fevereiro de 2016.
A proposta, construída com os estudantes do Colégio Estadual Ribeiro de Avellar – situado no município de Paty do Alferes (RJ) -, é pensar a educação de forma inclusiva e mais participativa, e construir o conhecimento a partir do aluno. Assim, 180 alunos, entre 15 e 18 anos, foram estimulados a escolher temas de Geografia estudados em sala de aula e iniciar uma conversa em grupo nas redes sociais sobre aquele tema. Os resultados dessas conversas já resultaram no primeiro livro paradidático de Geografia do Brasil, escrito a partir das experiências e criatividade dos alunos.
Allan da Silva conta que, após o início do projeto, os alunos se tornaram muito mais motivados e passaram a ver a escola como “o lugar de aprender, imaginar, criar, transformar, produzir e compartilhar experiências”. Conheça um pouco mais dessa iniciativa, na entrevista que o professor concedeu à Rede Mobilizadores.
Rede Mobilizadores – O que é o projeto Geo Fanfic e o que motivou sua idealização?
R.: O projeto é uma ação social, baseada nas ideias do educador Paulo Freire, que busca despertar nos alunos a autonomia intelectual, a curiosidade, o espírito investigativo e a criatividade de forma crítica, capazes de transformá-los em agentes ativos no processo de ensino e aprendizagem. O projeto tem como objetivo a produção de livros paradidáticos de Geografia a partir da cultura e das experiências vividas pelos alunos, rompendo assim, com a lógica de conhecimento imposta pelos livros didáticos que é de cima para baixo.
O que me motivou a idealizar o projeto foi a necessidade de enxergar o aluno como um ser igual, produtor de conhecimento. Para isso, precisei romper com a ideia de que o educando seja um mero espectador, passivo e depositário de conteúdo no processo de ensino e aprendizagem.
Rede Mobilizadores – Quando a iniciativa foi criada e quantos alunos envolve?
R.: O projeto foi criado em fevereiro de 2016. Atualmente, a iniciativa conta com a participação de 180 alunos do Colégio Estadual Ribeiro de Avellar (situado no município de Paty do Alferes, no Rio de Janeiro), com idades entre 15 e 18 anos, divididos nas três séries do ensino médio.
Rede Mobilizadores – Já é possível avaliar os primeiros resultados do projeto? Os alunos têm se mostrado motivados com a iniciativa?
R.: Sim. No primeiro bimestre do ano letivo, o projeto já produziu e publicou nas redes sociais, o primeiro livro paradidático de Geografia do Brasil, escrito a partir das experiências e criatividade dos alunos. Atualmente, o projeto se encontra em fase de finalização do segundo volume da coletânea.
Os alunos têm se mostrado bastante motivados, pois deixaram de ir à escola apenas para aprender conteúdos. Eles passaram a produzir conhecimento também. A escola passou a ser o lugar de aprender, imaginar, criar, transformar, produzir e compartilhar as experiências desses estudantes.
Rede Mobilizadores – Na sua avaliação, qual deve ser o papel da escola nos dias de hoje?
R.: Acredito que o papel da escola seja produzir ferramentas que possibilitem uma educação mais democrática e cidadã.
Rede Mobilizadores – Como as redes sociais e a internet podem/ devem ser utilizadas na educação?
R.: A internet deve ser utilizada na educação como uma ferramenta capaz de ampliar o conhecimento e a cidadania dos educandos. Ela nos oferece algumas milhares de possibilidades conhecidas e outras milhares de ferramentas, ainda inexploradas, que podem e devem ser utilizadas para facilitar, melhorar e ampliar o processo histórico de ensino e aprendizagem. A internet é uma possibilidade para a educação torna-se maior, melhor e mais democrática.
Entrevista concedida a: Eliane Araujo
Editada por: Sílvia Sousa
NÃO conheço, MAS CONHECIMENTO É SEMPRE BEM VINDO! OBRIGADA
Já é possível conhecer melhor o projeto na prática? Digo, já pode ser aplicado em outras escolas?
luizserafim@professor.educacao.sp.gov.br
Boa tarde, professor Luiz. Sim, já é possível conhecer o projeto na prática pois, já publicamos um blog (www.geofanfic.blogspot.com) e dois livros paradidáticos de geografia. A partir dos excelentes resultados que tivemos, posso garantir que é possível replicá-lo em qualquer unidade escolar do país. Grato pelo interesse. Um abraço. Para mais informações: alls.geografia@gmail.com
Obrigado pela atenção, vou pesquisar. E, Parabéns Professor!
Muito obrigado! Estou à disposição.