As tecnologias sociais são produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas em interação com a comunidade, e que representem efetivas soluções de transformação social. São experiências inovadoras que contribuem para resolver grandes problemas sociais. Podemos citar como exemplo o apoio à constituição de empreendimentos solidários através da criação de soluções tecnológicas que promovam estratégias de produção, comercialização e consumo coletivas, contribuindo para a organização produtiva de milhares de trabalhadores inseridos na economia popular.
Uma das principais características da tecnologia social é que ela concilia os saberes popular e acadêmico. Ela surge do encontro entre a experiência das pessoas que vivenciam os problemas no dia a dia e o conhecimento dos profissionais, obtido a partir de estudos e pesquisas sistematizadas no ambiente acadêmico.
Outro ponto importante é o fato de que, em geral, ela não deve ser simplesmente copiada tal como foi concebida. É importante que seja recriada, ajustada, e que sejam agregados novos elementos pelas pessoas da comunidade. Ou seja, ela deve ser de fato apropriada pelas pessoas que vão utilizá-la.
Apesar de ainda não se constituírem em políticas públicas, as tecnologias sociais vêm sendo cada vez mais reconhecidas pela sua capacidade de promover um novo modelo de produção da ciência e da aplicação da tecnologia em prol do desenvolvimento social.
Nesta entrevista, a geógrafa e pesquisadora do Laboratório Herbert de Souza – Tecnologia e Cidadania, Ana Paula de Moura Varanda, explica o conceito de tecnologia social, a forma como surgiu, suas principais diferenças em relação às tecnologias convencionais e fala sobre a implantação de algumas dessas tecnologias em comunidades atendidas pelo Projeto Comunidades Semiárido, desenvolvido pelo COEP Nacional em comunidades nordestinas.
Rede Mobilizadores – O que é tecnologia social?
R.: O conceito de tecnologia social tem se difundido no Brasil, a partir da última década, caracterizando um conjunto de iniciativas desenvolvidas por organizações sociais e instituições de ensino e pesquisa, que procuram atuar sob uma perspectiva de transformação dos valores e princípios que orientam o Sistema Brasileiro de Ciência, Tecnologia e Inovação.
O desenvolvimento tecnológico não segue uma trajetória única e linear, sendo influenciado por relações de força e apropriado de forma desigual por grupos sociais. Neste sentido, há uma relação direta entre tecnologia e produção de desigualdades sociais.
As cooperativas de catadores de recicláveis, por exemplo, têm vários problemas que precisam de soluções tecnológicas, mas não dispõem nem do conhecimento, nem dos recursos para o desenvolvimento dessas soluções. Em geral, são empresas ou governos que financiam os projetos de pesquisa que vão criar alternativas tecnológicas, mas elas visam atender às demandas das empresas, como, por exemplo, aumento da competitividade. Portanto, essas tecnologias não suprem as necessidades e limitações das cooperativas. Entendemos, portanto, que a tecnologia social deve ser capaz de viabilizar, economicamente, os empreendimentos autogestionários, como as cooperativas.
De acordo com a Rede de Tecnologia Social (RTS), a tecnologia social compreende produtos, técnicas e/ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidos na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social.
Rede Mobilizadores – Qual o papel dos atores sociais no desenvolvimento de tecnologias sociais?
R.: As iniciativas difundidas e reaplicadas sob o conceito de Tecnologia Social destacam a atuação de movimentos sociais, organizações sociais e comunitárias – muitas vezes, com o apoio de instituições de ensino e pesquisa – no desenvolvimento de soluções tecnológicas aplicadas a contextos socioeconômicos e ambientais de territórios específicos.
Tais iniciativas buscam incidir sobre a formulação e implantação de políticas públicas. Desta forma, é possível converter em estratégias de governo diretrizes tecnológicas que permitam ampliar a participação democrática e a distribuição da riqueza, por meio da adoção de modelos de produção sustentáveis.
Um exemplo é o Sistema de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), que possibilita o cultivo de alimentos mais saudáveis, tanto para o consumo próprio quanto para a comercialização. A unidade produtiva conta com um galinheiro na área central, três canteiros de hortaliças localizados em volta do galinheiro, além de área para pastagem. Utiliza irrigação por gotejamento, trabalhando com a filosofia da permacultura – que envolve a união dos conhecimentos de sociedades tradicionais com técnicas inovadoras, com o objetivo de criar uma “cultura permanente”, sustentável, baseada na cooperação entre os homens e a natureza.
Rede Mobilizadores – Quais as diferenças entre tecnologia social, tecnologia convencional e tecnologia apropriada?
R.: O conceito de tecnologia social difere de outras abordagens que também relacionam tecnologia e desigualdades sociais na construção de alternativas de desenvolvimento para áreas pobres e periféricas. É o caso do movimento pela Tecnologia Apropriada, difundido em diversos países, ao longo das décadas de 1960 e 1970, inspirados por experiências realizadas na Índia, por Gandhi, no século XIX, onde o resgate e o incentivo ao uso das tecnologias tradicionais, praticadas em vilas, eram percebidos como uma estratégia de luta contra o domínio britânico.
O movimento pela Tecnologia Apropriada produziu um expressivo ambiente reflexivo sobre estas iniciativas e difundiu experiências em várias partes do mundo. Suas diretrizes, frequentemente, eram contrapostas às determinações da tecnologia convencional – entendida como aquela utilizada pelas empresas privadas – em função da percepção de que os valores que fundamentavam a sua ação agravavam problemas sociais e ambientais.
As tecnologias apropriadas constituíram um importante marco na visualização de inovações alternativas às matrizes tecnológicas vigentes. As ferramentas, instrumentos e artefatos, originados a partir desta concepção, possuíam forte correlação com as noções de adequação, uso sustentável dos recursos naturais e sua apropriação sociocultural e econômica pelas comunidades.
Nas duas últimas décadas, uma análise crítica desse movimento vem abordando a fragilidade de suas premissas em relação à promoção de mudanças estruturais no modelo de desenvolvimento, assim como nas relações entre ciência, tecnologia e sociedade. Isto porque muitos dos elementos que caracterizavam as Tecnologias Apropriadas – como o baixo custo dos produtos ou serviços finais e dos insumos necessários para produzi-los, a pequena ou média escala, a implantação de soluções paliativas entre outros – não permitem o rompimento de paradigmas e a visualização de estratégias mais estáveis de superação das desigualdades sociais.
Rede Mobilizadores – Quais as relações entre tecnologia social, autogestão e desenvolvimento territorial?
R.: A participação de organizações autogestionárias, constituídas sob diversos formatos institucionais (cooperativas, fóruns, redes, associações, comitês e outras), que atualmente atuam no país na perspectiva do desenvolvimento territorial em diferentes contextos, pode representar estruturas de mediação que contribuam para que o conceito de democracia esteja no centro dos programas e políticas de desenvolvimento tecnológico. Este processo caracterizaria o que Andrew Feenberg denomina de “política democrática radical da tecnologia”, com a abertura de espaços para o desenvolvimento técnico endógeno.
As tecnologias sociais reaplicadas e desenvolvidas, com o apoio do COEP, através do Programa Comunidades Semiárido, em comunidades rurais e assentamentos da Reforma Agrária da região do Semiárido Nordestino se inserem nesta perspectiva. Experiências como a instalação de telecentros comunitários, cisternas de placas, barragens subterrâneas, miniusinas para beneficiamento de produtos, assessorias ao estabelecimento de formas coletivas de produção e comercialização, e criação de software de educação a distância representam iniciativas que têm contribuído para o desenvolvimento de programas governamentais e o aperfeiçoamento de políticas públicas de incentivo à agricultura familiar.
Rede Mobilizadores – Como essas tecnologias sociais são implantadas pelo projeto Comunidades Semiárido do COEP?
R.: O planejamento e a implantação destas ações são realizados a partir do incentivo à auto-organização das comunidades, na gestão e coordenação local das atividades, por meio da criação de Comitês Mobilizadores. Dos comitês fazem parte os dirigentes das associações comunitárias e representantes de grupos de jovens e mulheres e de agricultores familiares, buscando-se, desta forma, assegurar a representação de diferentes identidades locais nas esferas de decisão e execução de atividades.
Os comitês são exemplos de organizações autogestionárias que demonstram a importância das relações entre tecnologias sociais e processos de democratização no acesso e na construção de modelos alternativos de desenvolvimento.
A organização comunitária surge como elemento fundamental na metodologia de atuação do COEP, sendo a peça-chave para o desenvolvimento das demais ações e a sustentabilidade das tecnologias sociais adotadas pelo Programa Comunidades Semiárido. A chegada do COEP às comunidades é realizada através da identificação de lideranças e de formações de incentivem a participação coletiva e a autonomia local no planejamento e na gestão das iniciativas a serem implantadas. Um diagnóstico participativo é realizado e, então, são iniciadas as atividades de planejamento, formação e implantação de projetos específicos.
Os Comitês Mobilizadores representam o principal elo entre as comunidades, os agentes locais e a coordenação nacional do programa, sendo responsáveis por mobilizar as comunidades, acompanhar a execução dos diferentes projetos e a gestão coletiva das áreas demonstrativas das tecnologias sociais adotadas, além do estabelecimento das rotinas e planejamento da utilização dos telecentros implantados.
Outra característica do programa compreende a integração entre as tecnologias sociais desenvolvidas e/ou reaplicadas nas comunidades, a partir do estabelecimento de quatro eixos principais de atuação: organização comunitária e participação social; segurança alimentar e geração de trabalho e renda; convivência com o Semiárido, meio ambiente e mudanças climáticas; educação, inclusão digital e cultura. Desta forma, busca-se potencializar as ações, através da incidência em temas estratégicos ao desenvolvimento territorial destas localidades.
Rede Mobilizadores – O que caracteriza a autogestão?
R.: O conceito de autogestão é comumente utilizado para caracterizar um princípio organizativo referente às cooperativas constituídas pela classe trabalhadora, tendo por base a propriedade coletiva dos meios de produção e a gestão democrática e participativa das unidades produtivas.
As primeiras formas produtivas autogestionárias surgiram no século XIX na Inglaterra, como forma de resistência às péssimas condições de vida e de trabalho nas indústrias. Os valores de autonomia, igualdade, democracia participativa e solidariedade, que têm inspirado iniciativas coletivas de produção em diversas partes do mundo, forjaram-se nesse momento.
Além da esfera produtiva, podemos refletir sobre os aspectos de ampliação da democracia direta e participativa, que caracterizam a categoria de autogestão, em outras dimensões da vida social. Neste sentido, a perspectiva autogestionária, tomada não só nos aspectos que se referem à gestão democrática das cooperativas e organizações produtivas que se desenvolvem sob os princípios da economia solidária, pode contribuir para a ampliação de relações de produção que democratizem a relação da sociedade civil com o Estado.
Desta forma, pode ser ter como perspectiva a criação e garantia ao acesso em esferas de representação, inclusive em estruturas voltadas à inovação, à produção de ciência e tecnologia, ao acesso aos meios de produção e de ensino. A autogestão surge como uma resposta voltada para uma radicalização democrática e popular, ao considerar o conjunto das relações de produção e de reprodução sociais.
De fato, a proposição de diretrizes alternativas de desenvolvimento econômico e social, que efetivamente contemple a participação popular, passa pelo reconhecimento e pela afirmação de novas esferas públicas de negociação e representação sociais.
Mais recentemente, o Programa Comunidades Semiárido tem ampliado esse ambiente democrático a partir do fomento à construção de ferramentas de integração digital e da utilização de redes sociais, como o Facebook. Atualmente, há um grupo nesta rede social integrado por mais de 400 moradores destas comunidades, sobretudo jovens. Estes instrumentos de comunicação têm permitido formas colaborativas de produção de conhecimento e de troca de informações. A dinâmica também tem facilitado a articulação de uma rede, envolvendo lideranças jovens das 40 comunidades que integram o programa: a Rede de Jovens do Semiárido.
A rede utiliza estas ferramentas para produzir um informativo mensal – elaborado por uma comissão editorial integrada por jovens de diferentes estados vinculados ao programa; desenvolver oficinas virtuais; organizar espaços de debates e planejamento de atividades, tais como fóruns microrregionais e regionais, assembleias e reuniões nas comunidades.
Rede Mobilizadores – Como surgiu o conceito de tecnologia social?
R.: O conceito de tecnologia social é afirmado, no Brasil, no âmbito dos recentes debates, envolvendo estudos no campo das relações entre ciência, tecnologia e sociedade; e da mobilização de um conjunto de organizações sociais reunidas em torno da Rede de Tecnologia Social. No cerne destas discussões, estão as relações entre desenvolvimento tecnológico e desigualdades sociais, tendo como aspecto central a critica à neutralidade da ciência e da tecnologia.
Os principais formuladores do conceito, em diálogo com diferentes instituições e movimentos sociais, têm como referência, sobretudo, a Teoria Crítica da Tecnologia, elaborada por Andrew Feenberg. De acordo com as principais abordagens sobre este conceito, é preciso democratizar a tecnologia, com a introdução de novos valores e sujeitos na definição de projetos e trajetórias tecnológicas.
Estas reflexões têm como marco importante os estudos desenvolvidos por pensadores ligados à Escola de Frankfurt, a partir das primeiras décadas do século XX, evidenciando as formas como a ciência e a tecnologia são influenciadas por valores sociais, expressando correlações de forças e interesses de grupos dominantes.
Neste contexto, as contribuições de Herbert Marcuse, a partir dos anos 1960, possibilitaram a formulação de uma Teoria Crítica, cuja principal abordagem situa-se no plano de uma interpretação filosófica da tecnologia. Na sua concepção, a razão instrumental – caracterizada pelos domínios da vida social submetidos a objetivos predefinidos e predeterminados – poderia ser liberada para fins que alterassem os mecanismos de repressão da sociedade de classes.
A partir desta perspectiva, tem-se início uma abordagem contemporânea dos processos de desenvolvimento tecnológico, baseada no construtivismo e em estruturas de apoio cognitivo, cuja principal referência é a obra de Andrew Feenberg.
Entrevista para o Eixo Erradicação da Miséria
Editada por: Eliane Araujo
Muito bom! Quanto mais esclarecimento tivermos, maior será a nossa mobilização na busca da mesma
Maravilhosa e esclarecedora abordagem, e pouco difundida para as lideranças, para mim foi um grande grande oportunidade de aprendizado.
Marcus Fabrício Gonçalves Oliveira, por favor, preciso de sua ajuda. Por favor, preciso do seu contato.Alguém me ajuda? Obrigada.
Realmente é muito interessante essas questões das Tecnologias sociais, pois são poucas as comunidades ou entidades que pode até ter o conhecimento das mesma, mais não aplica. Agora com essas explicações acredito eu que tudo será diferente se nós colocarmos para mudar esse quandro.
Muito importante e esclarecedora a informação, precisamos ampliar as discussões sobre o tema, para que mais pessoas possam compartilhar conhecimentos, abrir novos horizontes e possibilitar mais aprendizado.
Sem dúvida a difusão de C&T através da implantação de tecnologias sociais para comunidades de produtores familiares pede trazer grandes resultados do ponto de vista da igualdade social e inclusão participação das pessoas em projetos sustentáveis, tendo em vista que é necessário uma reeducação social, ambiental e de organização coletiva levando em consideração os conhecimentos populares e agregando-os aos saberes científicos formando e consolidando um grande sistema de participação e igualdade social. Varanda arrebentando, ótima entrevista. Parabéns!
Tenho clareza de que a sociedade está sempre em movimento. Observar e compreender o que ocorre no ambiente social é importante para implementar políticas de desenvolvimento. O capital, ideologia dominante, produz resultados fantásticos mas, poucos se beneficiam dos seus resultados. Apenas ações de “responsabilidade social” pelas empresas do capital a sociedade são se beneficia plenamente. A sociedade necessita mesmo de tecnologias sociais para se organizar coletivamente, produzir, consumir e distribuir. Os excedentes podem ser distribuídos de outras formas (não tradicionais). Vejo os Bancos Comunitários de Desenvolvimento, Clubes de Trocas, Moedas Sociais como tecnologias que a comunidade pode dominar e proporcionar um desenvolvimento territorial, horizontal, endógeno, uma prática de democracia direta. A dificuldade que percebo no processo, é a possibilidade das comunidades (sociedade) serem dominadas por ideologias extremadas. Podem ser danosas e malograr qualquer iniciativa construtiva de um desenvolvimento sociocomunitário que proporcione mais liberdade e desenvolvimento integral das pessoas.
Estou encantada de como á tecnologia social, poderá mudar a vida de milhares pessoas.Acredito que, poderemos contribuir bastante. Penso que, é uma saída para a população mais pobre e mais sofrida, que se bem orientada poderão mudar o rumo de sua trajetória de vida. Unindo á Tecnológica á favor do pobre e oprimido neste País. Penso que, não o pobre ira resolver seus problemas de sobrevivência, oportunidade de ter vida digna, mas toda á população ganha como todo.Elizabeth Bertolino em ( 31/10/2013
Vejo que a colocação da Ana Paula Varandas vem de encontro ao meu entendimento sobre tecnologias sociais, onde tem como núcleo o envolvimento da comunidade. Assim sintetizo a minha compreensão sobre o assunto tendo como base a entrevista, da seguinte forma:
A tecnologia social deve ser capaz de viabilizar, economicamente, os empreendimentos autogestionários, comumente utilizado para caracterizar um princípio organizativo referente às cooperativas constituídas pela classe trabalhadora, tendo por base a propriedade coletiva dos meios de produção e a gestão democrática e participativa das unidades produtivas; onde as relações entre desenvolvimento tecnológico e desigualdades sociais, devem ter como aspecto central a crítica à neutralidade da ciência e da tecnologia.
A tecnologia social deve ser desenvolvida na interação com a comunidade no desenvolvimento de soluções tecnológicas aplicadas a contextos socioeconômicos e ambientais, onde as ferramentas, instrumentos e artefatos, devem possuir forte correlação com as noções de adequação, uso sustentável dos recursos naturais e sua apropriação sociocultural e econômica pelas comunidades. E nestas comunidades, os exemplos de organizações autogestionárias que demonstrem a importância das relações entre tecnologias sociais e processos de democratização no acesso e na construção de modelos alternativos de desenvolvimento, integrando as tecnologias sociais desenvolvidas e/ou reaplicadas devem acontecer a partir do estabelecimente eixos de atuação, como: organização comunitária e participação social; segurança alimentar e geração de trabalho e renda; convivência com a região, meio ambiente e mudanças climáticas; educação, inclusão digital e cultura.
Interessante o pensar e a critica à neutralidade da ciência e da tecnologia. Afinal a produção dos saberes científicos precisa confluir para os saberes populares e vice versa. Numa experiencia com as marisqueiras e pescadores vivenciada no âmbito do projeto Gente da Maré e de outras ações que estão sendo desenvolvidas por grupos da UFRPE é possível observar a riqueza do conhecimento empírico desse povo do mar, no processo milenar de suas pescarias e no conhecimento repassado de geração em geração, permitindo que o saber tecnológico encontre subsídios e dados para uma maior exploração e dimensionamento do conhecimento.
Sempre nossas teorias têm como base o pensamento dos filósofos do passado, que “pensavam” possibilidades a partir das práticas e seus resultados. Hoje temos os reflexos desses resultados, gerados a partir das teorias formuladas que foram se tornando práticas, (inversão dos tempos passados). Trazemos à luz, oportunamente, pensadores que comprovam nossas teorizações sobre aquilo que queremos ter realizado. Até que alguém com poder maior detone tudo à sua conveniência. Como somos arrebatados pelas idéias das massas. Então, temos que também nos fazer da massa ou estaremos fadados ao fracasso.
Concordo com os demais colegas que avaliaram a entrevista muito interessante e esclarecedora. Pensar num sistema alternativo que esta posto, com certeza gera muitos desencontros mas são em espaços como estes que temos a oportunidade de perceber que um outro sistema é possível baseado na vida, na autogestão, na democracia, na comercialiazação justa. A respeito da tecnologia social gostaria de destacar, o que foi dito que esses pequenos projetos mostram que as pessoas não se tornam dependentes da política pública, mas ela se torna dependente das pessoas.
Sem dúvida, as tecnologias sociais são instrumentos fundamentais para a transformação do Sistema Brasileiro Ciência, Tecnologia e Inovação. É muito importante para ao promover um novo modelo de produção da ciência e da aplicação da tecnologia em prol do desenvolvimento social. O amplo conhecimento e divulgação são necessários para que mais brasileiros estejam a par dessa tecnologia.
Sem dúvida, as tecnologias sociais são instrumentos fundamentais para a transformação do Sistema Brasileiro Ciência, Tecnologia e Inovação. É muito importante para ao promover um novo modelo de produção da ciência e da aplicação da tecnologia em prol do desenvolvimento social. O amplo conhecimento e divulgação são necessários para que mais brasileiros estejam a par dessa tecnologia.
Que bom poder compartilhar nossas experiências e conhecimentos. Trabalho na Cáritas Rio Grande do Sul e este ano fomos certificadas com uma tecnologia social na área de meio ambiente. Foi uma experiência ótima contatar com esse formato. Abraços a tod@s!
Tecnologia social é um tema novo! Muito importante os esclarecimentos passados pela profissional!
Sabemos o quanto é indispensável o conhecimento para desenvolvermos um trabalho coletivo eficiente e eficaz na comunidade, e assim, conquistarmos o desenvolvimento tão sonhado. Excelente exposição,pois nós como agentes transformadores da sociedade, temos que estar atentos aos mecanismos inovadores para podermos com sua aplicabilidade transformarmos a realidade de inúmeras famílias.
É minha primeira oficina, estou encantada com o material e o esclarecimento sobre a Tecnologia Social, supreendente.
Gostei dos esclarecimentos, tanto da entrevista quanto dos comentários. Vendo isso tudo, tecnologia social pode ser resumida na melhoria da qualidade de vida.
Partcipei de um trabalho sobre TS com o envolvimento direto das comunidades beneficiadas, do getsor municipal e parece que acertamos o caminho, implantamos 3 biodigestores para produção de energia a ser utilizada em escolas das comunidades, a produção nao foi prosseguiu porque mudou o gestor e aí parou o trabalho que a gestão anterior iniciou, mesmo beneficiando tantas famílias.
Valcledes Moura
Em poucas palavras, muito bem esclarecedor e informações proveitosas.
Interessantíssima a abordagem da professora. Estou finalizando o mestrado em Desenvolvimento Social cuja dissertação aborda sobre Cooperativas Populares incubadas em ITCP´s e alguns pontos abordados começam a ficar claros para mim. Um ponto crítico que faço a ação institucional do Estado na tentativa de apoiar essas iniciativas inovadoras construídas pelos sujeitos relaciona-se a dificuldade de acesso à recursos financeiros e incentivos para que as cooperativas populares possam ampliar a produção e conquistar mais mercado. O apoio, no início é essencial, mas é necessário que haja ações que visem a emancipação efetiva dos sujeitos.
É sempre bom partilhar conhecimentos esclarecedores como esse, apesar da grande dificuldades de mobilização das comunidades para colocar em prática algumas sugestões de ações que venham beneficiar a muitos, a população ainda resiste em arregaçar as mangas e partir pra ação… participar das discussões, sugerir e até tomar decisões, principalmente, estar mais atentas a questão social como um todo… mas o importante é não desanimar!!!
Achei muito esclarecedora esta entrevista, já trabalhei num projeto de desenvolvimento local em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais. O projeto era financiado por uma grande empresa e visava o desenvolvimento local do entorna da mesma. Sei o quanto é importante o empoderamento das comunidades e de como elas são capazes de responder quando são tratadas como sujeitos. Falta mais informação, capacitação e, sobretudo, democracia no trato com as comunidades. Muita coisa poderia ser diferente se houvesse mais participação popular.
Aproveitando a explicação da Profa. Paula sobre TS e sua aplicabilidade no seio da comunidade, a abrangência mercadológica que se configura norteadora de desenvolvimento e independência dessa comunidade, o grau de transversalidade que abarca em detrimento de seu fim… a que se considerar, sobremaneira, a pactuação da TS com a Economia da Cultura e/ou Economia Criativa, abrindo assim novas possiblidades de negócios e mercados e valor agregado aos produtos negociados. Tendo como exemplo para esta pactuação o agricultor: seu produto final poderá ser, tanto voltado para suprir o mercado agrícola, quanto o mercado da arte, da cultura e do turismo, apenas citando algumas possibilidades. Se sua receita mensal apenas direcionando seu produto ao mercado agrícola era “x”, transversalizando com o mercado cultural passará para “x+1”, com o mercado do turismo “x+2”, e assim sucessivamente, tantos quantos forem os modos de se entender o “valor” que se pode agregar a seu produto final ou aos vários “produtos” passíveis de comercialização que dispõe em seu locus de produção sem o saber.
Ampliando seu raio de atuação, participação e resultados.
Confesso que estou nessa oficina, por causa de um trabalho que iniciei no sul do estado do Piauí de mobilização comunitária..Tem um grupo de 22 famílias que sofrem sem água e existe um poço abandonado há mais de 5 anos pelo poder público, pois foi aberto com dinheiro verba federal (funasa) e não recebeu..então a comunidade foi mobilizada para terminar esse poço e matar sua sede…preciso saber mais sobre Tecnologias sociais…
Confesso que estou nessa oficina, por causa de um trabalho que iniciei no sul do estado do Piauí de mobilização comunitária..Tem um grupo de 22 famílias que sofrem sem água e existe um poço abandonado há mais de 5 anos pelo poder público, pois foi aberto com dinheiro verba federal (funasa) e não recebeu..então a comunidade foi mobilizada para terminar esse poço e matar sua sede…preciso saber mais sobre Tecnologias sociais…
Realmente bastante esclarecedor sobre Tecnologias Sociais, é preciso que a sociedade tenha conhecimento desse tema importante que tem uma iniciativa de grande impacto na erradicação da pobreza e desigualdade social.
Bastante esclarecedora a entrevista, realmente foi importante sua fala na questão de copiar a tecnologia social, não basta copiar, precisamos adequar a realidade local, da comunidade.Gostei muito. celina de Moura
A Paula Varanda em sua entrevista diz tudo, não se faz tecnologia social sem a participação da comunidade organizada em fórum de decisões, é sempre uma construção coletiva, com a parcerias das universidades, organizações não governamentais. Quando ela cita que havendo politicas pública, como caso do PAA que o agricultor pode produzir pra seu sustento, e comercializar para escolas e hospitais, se escrevendo nos programas da CONAB, mas se não estou organizados as informações muitas vezes não chegam, e nesse processo que acredito na nossa função de mobilizadores COEP de poder levar as informações, como aconteceu comigo num trabalho de Fórum de Economia Solidaria de Itaguaçu, descobrimos no dialogo com os agricultores que precisavam de informação sobre o PAA e conseguimos levar técnico da CONAB que fizeram varias oficinas, que possibilitaram de em pouco tempo vários agricultores se inscrever e que hoje colabora para que os demais também possam esta participando. Identificar através do dialogo os anseios da comunidade e com a diversas parcerias que vem para respeitar o espaço da comunidade. Quem nunca tentou tente mobilizar pessoas para implementar em alguma comunidade pode ser até perto de sua casa, pois a miséria estar em toda parte, muita vezes não enxergamos. Parabéns a Paula Varanda pela forma que abordou o assunto de tecnologia social, fique ciente que vai ser muito importante o conteúdo da entrevista.
Gostei muito de seus esclarecimentos sobre Tecnologias sociais.Penso que será muito produtivo para mim, e de grande utilidade na escolha de trabalho, faço graduação em, Gestão em Organização do Terceiro Setor. Elizabeth Bertolino(28/102013/15:15:00)
Bastante esclarecedora a entrevista, precisamos socializar e empoderar mais pessoas com esse conhecimento, para que haja mais guerreiros na luta contra a miséria, erradicação da pobreza e desigualdades sociais.
Excelente exposição da evolução do conceito de tecnologias apropriadas (ou seja, de baixo custo e fácil absorção) para o de tecnologias sociais, onde a questão política – quem usa o conhecimento e para que – se torna intrínseca à própria noção de tecnologia. De fato, tendo trabalhado com tecnologias de baixo custo, observei que, sem um impulso criativo vindo do usuário, acaba por se tornar uma transferência externa de conhecimentos, não transformadora da realidade das pessoas.
Muito interessante, ainda mais se considerarmos que a grande maioria da população está alheia a essa discussões, inclusive, pessoas como eu que sou professora universitária e que deveriam estar mais atentas a essa questão.