Nessa entrevistaMaurício Antônio de Figueiredo, coordenador do Programa Turismo Solidário da Secretaria de Estado Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas (SEDVAN), fala sobre o programa e as ações desenvolvidascom as comunidadese com os turistas visitantes.
Mobilizadores COEP – O que é o Turismo Solidário? Como e onde ele é desenvolvido?
R. O Turismo Solidário é uma forma inovadora de se fazer turismo que pode ser uma alternativa de geração de trabalho e renda, a partir do aumento do fluxo turístico. Fazer turismo, hoje, para pessoas do mundo inteiro, significa compartilhar com a comunidade que as recebem muito mais que bons momentos vivenciados durante a viagem, mas também conhecimentos, percepções e habilidades. Esses novos turistas buscam um modelo mais justo e igualitário de turismo, que coloque a população local no centro do planejamento, da implementação e do monitoramento das atividades turísticas.
Mobilizadores COEP – Como surgiu o Programa Turismo Solidário da Secretaria de Estado Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas?
R. Levamos para apreciação de algumas comunidades nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas – regiões que têm enormes belezas naturais e culturais, traduzidas pelos fazeres, cantares, saberes e dançares de uma gente que ainda ri e resiste – uma proposta de desenvolvimento de turismo solidário, como alternativa de geração de trabalho e renda. Acreditamos que uma estratégia de desenvolvimento territorial tem como premissa a busca da diminuição das diferenças históricas incorporadas na vida social, cultural e econômica das populações das várias regiões que formam o Estado de Minas Gerais. A partir deste pressuposto e da criação, em janeiro de 2003, da Secretaria de Estado Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri, São Mateus e do Norte de Minas (SEDVAN), capitaneada pelo Governador Aécio Neves, observamos o início de uma nova vertente de implementação de políticas públicas voltadas para a melhoria dos índices sociais, o desenvolvimento econômico e o aumento do capital humano e social destas regiões. Daí, nasceu uma parceria entre o Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (IDENE), governo federal, por intermédio do Ministério do Turismo, Fundação Banco do Brasil e Sebrae Minas.
Esta iniciativa possibilitou vigoroso investimento na formação dos cidadãos e das comunidades locais, que passaram de coadjuvantes a atores, participando da articulação, coordenação e deliberação com os agentes econômicos, institucionais e sociais na implementação e na gestão participativa de programas e projetos sustentáveis. O conhecimento acumulado da população local e suas características foram respeitados, pois nada pode ter continuidade sem a absoluta participação das pessoas, com responsabilidade e compromisso.
Mobilizadores COEP – Como é “plantada a semente” da solidariedade no turista? Ele é um turista que já vai com esse propósito ou vocês precisam estimular a solidariedade? Como isso é feito?
R. Partindo para uma viagem, os turistas levam na mala, junto com suas expectativas de lazer, descanso, aventuras, encontros e descobertas, a vontade de ir além da simples estadia ou passagem por um novo ponto geográfico. A ?semente do Programa? é plantada a partir do momento que o turista deixa de optar por uma praia ou outro ponto turístico convencional e passa a visitar e interagir com essas comunidades. É assim que buscamos divulgar o programa, como forma de solidariedade acima do divertimento, ou melhor, somada a ele.
Mobilizadores COEP – Quais são os principais atrativos do programa e das localidades escolhidas para estimular a visitação?
R. O Programa Turismo Solidário é puro intercâmbio, contato de diferentes num desejo de aprender, trocar, vivenciar, respeitar o inusitado vindo de todas as partes e de todos os lados. Tanto da parte do turista solidário como do anfitrião existem desejos envoltos de cidadania, cada um tentando compreender, conhecer e entender toda a diversidade destes grotões, veredas, rios e suas barrancas, cachoeiras, sertões, parques e matas, culinária rica e farta de sabores, boa hospitalidade, folclore de muitos sons, movimentos e cores, artesanato que se expressa em arte – mutação do barro, madeira, bambus, fibras e algodão em tramas, tapetes, flores do campo – , e de pedras em múltiplos objetos que dão corpo e existência à criação e a criaturas sagradas e profanas com singularidade, autenticidade e genuinidade. A divulgação do programa ao público foi feita entre os dias 21 e 24 de setembro de 2007 quando operadoras de viagem e imprensa foram convidados a conhecer as localidades e a partir daí vender os roteiros para os turistas do Brasil e do mundo.
Mobilizadores COEP – Que tipos de ações solidárias são desenvolvidas pelo turista? Elas costumam ser uma iniciativa do próprio turista ou vocês é que criam atividades para que elas aconteçam?
R. O turista solidário pode contribuir com suas técnicas, conhecimentos e ações em áreas como educação, saúde, lazer e cultura nas cidades visitadas. Na área da educação, os visitantes podem fazer doações de livros para as escolas locais e bibliotecas, além de palestras de alfabetização e ajuda para construção de novas salas de aulas e creches. Já na área da saúde, o turista pode apresentar palestras de temas diversos como educação sexual, prevenção ao consumo de drogas, higiene, implantação de programas de reciclagem e aterro sanitário, além de auxílio para compra de materiais médicos e construção de postos de saúde, bem como atendimento médico. Na cultura e lazer, alguns exemplos são o incentivo ao esporte, doação de materiais esportivos, organização de campeonatos, jogos, aulas de música à população, dentre outros.
Mobilizadores COEP – Quais são as características sócio-econômicas, culturais e ambientais das regiões participantes do projeto? Já é possível perceber mudanças na vida das comunidades após a implantação da iniciativa? De que tipo?
R. Em tempos coloniais, muitas comunidades da região Norte e Nordeste de Minas se formavam em função das disputadas riquezas das pedras. Hoje, as preciosidades são percebidas em simples modos de viver, na calmaria notável, na religiosidade e nas riquezas naturais e culturais. Cada localidade exibe sua marca e a oferece aos turistas em troca de sua participação no desenvolvimento de suas comunidades. Levantamos os atrativos turísticos da região e a definição dos municípios pioneiros considerou as serras, o rio Jequitinhonha, a história dos tropeiros, as pedras preciosas, a dinâmica rural e o artesanato, além do jeito simples e interiorano de sua gente. As localidades nos oferecem belíssimas riquezas naturais como diversas cachoeiras, parques nacionais e estaduais, como o Pico do Itambé, e rios, além de riquezas culturais como pinturas rupestres, Folia de Reis, antigas casas e chácaras que abrigam a história dos municípios e diversas festas que alegram a vida de quem mora ou passeia por essas localidades, e um forte traço de religiosidade que perpassa toda a região, representada pelas igrejas, capelas e festas realizadas por elas.
Num primeiro momento, 20 localidades foram contempladas pelo projeto: Mendanha, São João da Chapada, Serro, Capivari, Milho Verde, São Gonçalo do Rio das Pedras, Mato Grosso/ Ribeirão, Couto de Magalhães de Minas, Gangorras, São Gonçalo do Rio Preto, Bonfim, Alecrim, Chapada do Norte, Cachoeira do Norte, Santa Rita do Araçuaí, Grão Mogol, Extrema, Cafezal, Coqueiro Campo/ Campo Buriti e Campo Alegre, todas prontas para este novo exercício de turismo. O programa partiu da elaboração de diagnósticos que identificaram as potencialidades e realidades destas comunidades e que apontaram claramente as demandas de cada uma, possibilitando, assim, que os turistas colaborem positivamente, suprindo tais necessidades. Nas localidades selecionadas, os moradores foram capacitados para receberem bem os turistas em suas próprias casas, aproximando-os de suas formas de viver e também sendo suscetíveis ao aprendizado. Esta dinâmica está em fase de implantação, mas algumas comunidades já percebem grandes evoluções com a chegada dos turistas.
Mobilizadores COEP – Como é a preparação das comunidades para desenvolver esse tipo de turismo, já que ela é a parte diretamente envolvida no processo de visitação e hospedagem? R. A metodologia do programa constituiu-se de ações de sensibilização e mobilização dos moradores quanto ao turismo, e também de sua capacitação para o Receptivo Familiar, além de apoio ao desenvolvimento, promoção e comercialização dos destinos turísticos e dos produtos locais e da avaliação dos resultados obtidos. Portanto, não só as famílias dos receptivos como toda a comunidade receberam cursos de capacitação básica em:? Turismo e cidadania com foco no empreendedorismo e atendimento ao cliente;? Capacitação de receptivos familiares para o Turismo Solidário;? Curso de desenvolvimento, operacionalização e comercialização de produtos turísticos;? Capacitação para condutores turísticos;? Capacitação para artesãos (produto turístico);? Boas Práticas na produção de alimentos (segurança alimentar);? Elaboração e gestão de projetos;? Formação de líderes;? Capacitação dos síndicos dos receptivos familiares sobre o funcionamento da Central de Reservas;? Capacitação dos operadores da Central de Reservas sobre as novas localidades integrantes do Programa, entre outras.
Mobilizadores COEP – O que é importante ressaltar para as comunidades ou regiões que quiserem implantar o turismo solidário? O que é preciso para implantar a atividade?
R. O Programa Turismo Solidário está em fase final de implementação e ainda não foi realizado um diagnóstico para conhecermos o tipo de turista que visita as regiões e quais as localidades mais demandadas. Essa pergunta poderá ser melhor respondida após realização dessa pesquisa.
Entrevista concedida à: Marize ChicanelEdição: Eliane AraujoEsperamos que tenham gostado da entrevista. Lembramos que o espaço abaixo é destinado a comentários. O entrevistado não se compromete a responder as perguntas aqui postadas.
O tema já diz tudo agora é temos que fazer que uma ação como essa seja implantada aonde for possível e que tenham pessoas em busca de desenvolvimento.
Parabéns.
Quero participar desta atividade como turista, pois tenho experiencia pelo projeto Rondon MInas, o qual foi 5 vezes atraves da PUc Minas para estas regiôes. Gostaria de me inscrever para a participação.
COMO APRENDER MAIS E INCLUIR MINHA CIDADE NESTE ROTEIRO DE TURISMO SOLIDÁRIO?
VISITE
http://WWW.SANTACRUZDEGOIAS.COM
Eu achei o maximo assim que eu queria que fosse aqui onde eu moro eu sei que pra ele chegar onde chegou lutou muito nos tambem enfernatmos muita dificuldade espero que dei certo pra nos assim como esta dando certo para o nosso mobilizador.
Porque eu penso assim o turismo é muito importante porque as outras pessoas que nao conhecem outros locais bonitos e tambem e um meio de levar conhecimentos aquela tem nenhuma formação como os jovens das areas rurais muitos ainda nao sabem ler hoje a muitos meios para se manter informado e se formar tambem, para nos e muito importante ver aquele joven na escola as crianças e os adultos tambem.
Achei o maximo mesmo de todas as resposta.