O pequeno município de Maracás, no sudoeste baiano, vem sendo o embrião do Projeto Comunitário ?Flores da Bahia?, um programa de inclusão social de jovens por meio do cultivo de flores e plantas ornamentais. Implantado pelas Secretarias Estaduais de Agricultura e de Combate à Pobreza, prefeitura local e Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola, o projeto visa melhorar a qualidade de vida de famílias de baixa renda de 12 municípios baianos e estimular a expansão da floricultura no estado. O carro-chefe do programa é a floricultura comunitária, atividade que vem sendo incrementada para abrir oportunidades de trabalho e manter os jovens de baixa renda em sua própria terra. Mais de 300 jovens já estão sendo beneficiados pelos projetos comunitários.Maracás foi o primeiro município a implantar o projeto comunitário como forma de usar a floricultura para promover a inclusão social. Em 1999, o então prefeito Fernando Carvalho incentivou os moradores a cultivar flores nos quintais. A experiência foi um sucesso. O reconhecimento veio em 2002, com a conquista do Prêmio Mário Covas de Prefeito Empreendedor do Nordeste, promovido pelo Sebrae. Em função do projeto, Carvalho colecionaria outras premiações, entre elas o Prêmio Dubai, concedido pela Organização das Nações Unidas (ONU) às melhores práticas de assentamentos humanos. Hoje, Maracás ostenta o título de ?Cidade das Flores?.Na fase de implantação do projeto, o governo do estado e as prefeituras vão investir R$ 6,5 milhões. A meta é implantar 65 hectares de flores e plantas ornamentais, tropicais e sub-tropicais, atendendo a 1.169 jovens de 12 municípios. Em oito, o programa já está em andamento: Maracás, Cruz das Almas, Paulo Afonso, Barra do Choça, Bonito, Miguel Calmon, Mucugê e Vitória da Conquista. Atualmente, a Bahia possui 17 associações municipais de pequenos produtores, uma estadual e quatro cooperativas vinculadas ao projeto comunitário.O ?Flores da Bahia? faz parte de um empreendimento maior: o Projeto de Desenvolvimento da Floricultura baiana, voltado também para fortalecer a produção empresarial, incentivando a organização dos floricultores em associações e cooperativas. Com o projeto, foram criadas uma associação estadual de produtores, 17 associações de âmbito municipal e quatro cooperativas comunitárias.Colhendo resultadosO Sebrae na Bahia tem sido parceiro dos projetos, promovendo cursos de capacitação, realizando missões técnicas e preparando os produtores para o mercado. ?Estamos contribuindo para transformar produtores em empresários?, resume Cláudio Machado, coordenador do Programa de Floricultura do Sebrae no estado, implantado em 2002.O Projeto de Floricultura de Maracás é acompanhado pelo Sebrae por meio da Geor (Gestão Estratégica Orientada para Resultado), que monitora os programas desenvolvidos em parceria. Pesquisas realizadas pelo Geor em Maracás revelam que os produtores já estão colhendo os resultados desse esforço coletivo. Em 2000, Maracás vendeu R$ 22 mil em flores. Já em 2003, com a estruturação do projeto, as vendas subiram para R$ 154,7 mil. Em 2004 atingiram R$ 430 mil e até o final de 2005 devem chegar a R$ 620 mil.A pesquisa também identificou que os produtores do município passaram a ter rendimentos fixos mensais. Dos 154 produtores, 104 ganham até R$ 300 por mês, 35 faturam entre R$ 301 e R$ 500, e 11 têm rendimentos entre R$ 501 e R$ 1.500.O impacto positivo dos projetos também pôde ser sentido nas importações, que caíram 6% em três anos. Isso pode parecer pouco, mais já é muito para um estado que, nesse período, integrou a floricultura às políticas públicas oficiais de desenvolvimento econômico e de inclusão social.Floricultura
O agronegócio de flores e plantas ornamentais está se ramificando por todo o País e conquistando mercados no exterior. O Sudeste lidera como maior produtor nacional, enquanto o Sul torna-se mais agressivo no setor de vendas. No Nordeste, estados que não tinham tradição na floricultura comercial implantam pólos de produção voltados para a exportação, transformam agricultores familiares em exportadores, investem em tecnologia e marketing, colhendo empregos, distribuição de renda e divisas. No Centro-Oeste, flores e plantas ampliam espaço na indústria de eventos e a diversidade dos ecossistemas impulsiona a produção para atender ao próprio mercado consumidor. No Norte, a exótica beleza da flora tropical é um filão que começa a ser explorado diante da valorização das espécies amazônicas.