Os alimentos funcionais, aqueles cujas propriedades podem contribuir para a prevenção, controle ou mesmo cura de doenças, vieram para ficar. A previsão foi feita por Mary Schmidl, professora das áreas de Ciência dos Alimentos e Nutrição da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos.De acordo com ela, nos decorrer dos últimos 20 anos as pessoas foram se convencendo de que a alimentação está intimamente associada tanto à saúde quanto à enfermidade. ?Quando compreendem essa relação, elas tendem a optar cada vez mais por produtos mais saudáveis?, afirmou. A pesquisadora abriu a mesa-redonda ?Presente e Futuro de Alimentos Funcionais, realizada durante o 8º Simpósio Latino-Americano de Ciência de Alimentos (Slaca), que aconteceu até o dia 11 de novembro no Centro de Convenções da Unicamp.Em sua conferência, Mary Schmidl lembrou que o conceito ?alimento funcional? nasceu no Japão na década de 80. Entretanto, a percepção de que a alimentação poderia contribuir tanto para a manutenção da saúde quanto para o desenvolvimento de doenças remonta à época de Hipócrates, considerado o pai da Medicina. A preocupação dos japoneses à época, conforme a cientista norte-americana, era descobrir modos de prevenir o surgimento de doenças crônicas numa população considerada como a mais velha do mundo. Uma das medidas adotadas nesse sentido foi a busca por alimentos que fizessem mais que nutrir o corpo. ?De lá para cá, o conceito espalhou-se pelo mundo, o que levou ao desenvolvimento de inúmeras pesquisas científicas na área. Apenas para se ter uma ideia, atualmente o Japão tem cerca de 800 alimentos registrados como funcionais?, informou.Um dado que demonstra como as pessoas de todo o mundo estão aderindo aos alimentos funcionais é a ampliação do mercado para esses produtos. Em 1998, segundo Mary Schmidl, ele girava em torno de US$ 134 bilhões, considerando também os alimentos voltados a consumidores com diversos tipos de restrição alimentar. Atualmente, apenas o mercado estimado para os alimentos funcionais está na casa dos US$ 203 bilhões. ?E a tendência é de crescimento?, observou a professora da Universidade de Minnesota. Paralelamente ao crescimento das vendas, aprofundam-se também os estudos em torno das propriedades dos alimentos funcionais.As pesquisas desenvolvidas pela equipe do médico Rui Hai Liu, professor da Universidade de Cornell, também nos Estados Unidos, fornecem uma ideia da importância que a ciência tem dado ao tema. Entre vários trabalhos, o grupo liderado pelo pesquisador, que participou igualmente da mesa-redonda do Slaca, investiga os fitoquímicos presentes na maçã, cujas propriedades antioxidantes ajudariam na prevenção do câncer, mal que constitui a segunda causa de mortes nos EUA ? a primeira são as doenças coronarianas. Num dos estudos, voltado ao câncer de mama, os cientistas constataram por meio de testes in vitro que o extrato da maçã era capaz de inibir a proliferação de células cancerígenas.Já nos teste in vivo, em que foram utilizados ratos, os pesquisadores verificaram que os tumores diminuíam à medida que a dose do extrato era ampliada. ?Nós administramos nos animais doses equivalentes ao consumo de uma, três e seis maçãs ao dia. Nos ratos que receberam a maior dose, houve uma regressão mais significativa do tumor em relação aos outros dois grupos. Da mesma forma, nós constatamos que nos animais que receberam doses mais elevadas do extrato de maçã, os tumores levaram mais tempo para surgir do que naqueles que tomaram doses menores?, afirmou Rui Hai Liu.Com informações do Portal Unicamp (www.unicamp.br )