Associações apoiadas pela Incubadora Social e Solidária do Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDT) da Universidade de Brasília (UnB) abriram a primeira loja de roupas e artesanato do Distrito Federal baseada nos princípios da economia solidária. A loja, chamada Bem Me Quero, está situada no Jardim Botânico Shopping, em Brasília, e exibe artigos feitos por 10 associações.
Este é o primeiro local do Distrito Federal a comercializar mercadorias com o conceito de economia solidária. ?É um tipo de prática econômica baseada na democracia e inclusão, que não tem como objetivo principal o lucro, nem o ganho individual, mas o bem estar voltado para o coletivo?, explica do coordenador da Incubadora Social e Solidária do CDT, Pedro Henrique Isaac.
O princípio se aplica desde as horas trabalhadas adequadas à possibilidade de cada um, à administração do empreendimento e divisão da receita. Uma parte do caixa paga os custos da loja e o restante é repartido entre os integrantes daquela associação que fez o objeto. ?A autogestão elimina intermediários e permite a participação efetiva delas desde a produção à comercialização?, diz.
Quem visita o local encontra objetos de decoração, roupas, artigos de cama, mesa e banho e várias outras peças feitas majoritariamente por mulheres entre 35 e 70 anos em oito regiões administrativas: Recanto das Emas, Varjão, Taguatinga, Planaltina, São Sebastião, Paranoá, Sobradinho e Gama. A gestão do empreendimento fica a cargo dos cooperados, com a supervisão da UnB.
As associações que participam da iniciativa são Tábita (grupo de bordadeiras de Santa Maria); Costurart (costureiras de Sobradinho); Rurart (artesãos de Planaltina); Maria Brejeira (artesãs do Gama); Cia. Artcum (artesãos de Taguatinga); Casa de Retalho (artesãs do Varjão); Agma (bordadeiras do Recanto das Emas); Entre Nós (artesãs de São Sebastião); Noart (bordadeiras do Paranoá); Sintonia (bordadeiras de São Sebastião).
A inauguração ocorreu em outubro de 2007, após um ano e meio de amadurecimento da idéia. Os produtos foram aperfeiçoados a fim de adquirir ainda mais qualidade para competir no mercado. ?Ao congregarmos 10 associações em torno da loja, nossa idéia foi usar a união para fortalecer as marcas?, conta a assessora de marketing do CDT Danielle Braga. O ponto também contribui para a atividade comercial regular, sem a sazonalidade das feiras e eventos onde as entidades normalmente se fazem presentes.
Antes de se congregarem em torno da Bem Me Quero, o CDT promoveu a capacitação de recursos humanos dos grupos. As entidades, selecionadas via edital, em 2005, pela Incubadora Social e Solidária do CDT, receberam orientação para atuar no mercado. Para receber o atendimento, os grupos tiveram de apresentar alguns requisitos, como número mínimo de 10 associados e produção exclusivamente artesanal.
Um dos treinamentos oferecidos, por exemplo, foi o de formação de preço. Nele, os participantes aprenderam a calcular o valor de venda com base no número de horas despendidas na confecção e na complexidade das técnicas empregadas. Por isso, uma saia bordada com fios de lã em motivos florais, uma das peças que mais se destaca pela delicadeza, pode custar até R$ 300. ?É uma forma de valorizar o trabalho manual e o tempo gasto, que dura entre 20 e 30 dias?, explica Danielle.
Cada oficina, no entanto, é oferecida de forma direcionada, ou seja, de acordo com a necessidade dos cooperados. Se a questão diz respeito ao bom relacionamento profissional entre os integrantes dos grupos, há um curso de convivência. Por outro lado, a maneira de cortar o tecido para uma roupa pode ser aperfeiçoada com uma capacitação em costura e modelagem, assim como para a seleção de cores, há uma consultoria de design e palestras sobre tendências.
Com a estruturação do grupo, a perspectiva é se consolidar no DF, reunir mais grupos em torno da marca e, talvez, mirar novos horizontes e conquistar clientes também no exterior.
Com informações da Secretaria de Comunicação da Universidade de Brasília.