Na identidade ele é Alcino José da Silva Neto, mas nas ondas ele é simplesmente Pirata. Único surfista profissional amputado do mundo, o atleta que treina pela Associação Desportiva para Deficiente (ADD) e é apoiado pela American Airlines, pratica o surfe há mais de dez anos.
Nascido e criado no Guarujá (SP), o surfista ficou conhecido como Pirata desde os seus 16 anos, quando teve que amputar sua perna esquerda devido a um acidente. A paixão pelo esporte sempre esteve na alma do surfista, o motivando a treinar e superar suas restrições físicas.
Os desafios sempre foram enormes. O equilíbrio e a força, exigidos na prática do surf, tornaram-se uma disputa entre a gana de vencer e as suas limitações. Pirata correu atrás do seu sonho de criança e desenvolveu técnicas especiais, criando um estilo único de surfar. “Desenvolvi uma técnica especial para surfar com uma perna e adoro a prática do surf de qualquer maneira. Provei para o mundo que todos somos capazes de superar dificuldades, pois o impossível está na mente dos acomodados”, comenta Pirata.
Não é sempre que o mar está bom, mas isso não é motivo para que o Pirata fique longe de atividades esportivas. Nadar, velejar e andar de bike são os esportes que se revezam com o surf. Segundo o surfista, que está sempre envolvido com algum tipo de atividade, “o surf é a única integridade entre o homem e a natureza, gerando uma grande energia espiritual, necessária para seguir a vida em harmonia completa”.
Acostumado a superar as barreiras, Pirata mostra ao mundo suas técnicas e vence o desafio imposto pelo destino. Hawaii, Austrália, Indonésia, Padang Padang são apenas alguns dos lugares onde o surfista se apresentou.
A paixão pelo surf fez com que, em 1996, fundasse a escola Pirata Surf, que atende crianças a partir de cinco anos, jovens, terceira idade e portadores de deficiência física. “Tudo começou quando eu resolvi ensinar a arte e a filosofia do surf aos filhos de alguns amigos, nas areias da praia de Pitangueiras, no Guarujá. O meu exemplo de vida e de determinação contagiou os meus primeiros ‘alunos’, e foi aí que tive um imenso incentivo para a abertura oficial da escola. Muitos deficientes físicos já saíram daqui surfando e com um sentimento de prazer por estarem se divertindo”, comenta Pirata.
A ADD é uma instituição sem fins lucrativos ou econômicos que tem como objetivo promover o desenvolvimento da pessoa com deficiência através do esporte, educação e cursos de capacitação, facilitando assim a sua integração e inclusão. Em 2004, mais de 1.900 pessoas foram beneficiadas diretamente pela associação.