Das 5.200 Indicações Geográficas em vigor na União Européia, 4 mil são referentes a vinhos. Controlados por minuciosos mecanismos que aferem sua qualidade, os vinhos europeus possuem identidade de sabor e, mesmo de safras distintas, oferecem a mesma sensação gustativa. Segundo Paulo Nieder, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no Brasil esse avanço vai ser muito mais diversificado, com uma quantidade enorme de produtos.Para Nieder, esse cenário vai impor entraves e vantagens ao desenvolvimento das Indicações Geográficas no país. Paulo considera que “não é fácil construir normas e pensar uma organização que permita trabalhar com essa diversidade enorme de produtos”. Por outro lado, prossegue o pesquisador, as possibilidades de agregação de valor e melhoria do potencial de mercado dos produtos típicos são apontados como os principais benefícios para as regiões com IG.Apresentados em setembro, durante o II Seminário Internacional de Indicações Geográficas, em João Pessoa, os estudos consideraram como produtos potenciais no Brasil os queijos artesanais do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, as cachaças de Triunfo, em Pernambuco, e do Brejo paraibano, além de artigos de artesanato como o capim dourado do Tocantins, paneleiras e gameleiras do Pará e a renda renascença da Paraíba. Além destes, há uma série de produtos que tem despertado a atenção por seu potencial de fortalecimento das marcas por meio de instrumentos de agregação de valor.O selo de procedência, certificado de qualidade e a indicação geográfica são três formas distintas de reconhecimento internacional que atestam a qualidade dos produtos. De acordo com o representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Gilberto Mascarenhas, “o Nordeste possui um potencial extraordinário para criação de projetos que declarem a qualidade agregada aos fatores locais e tradicionais dos produtos”.