Todos os dias, em média, 30 pessoas tiram a própria vida no Brasil. Entre 2011 e 2015, houve 55.649 casos do tipo no país -média de 11 mil por ano, segundo dados divulgados dia 21 de setembro pelo Ministério da Saúde.
O problema vem crescendo no país. Em 2010, foram 10.490 casos de suicídio. Em 2015, 11.736 – aumento de 12%. A principal causa de morte (62%) é por enforcamento e o problema atinge, na maior parte, homens (79% dos casos).
Chama atenção casos entre idosos e jovens
Um dos alertas é a alta taxa de suicídio entre idosos com mais de 70 anos. Nessa faixa etária, foram registradas média de 8,9 mortes por 100 mil entre 2011 e 2015. A média nacional é 5,5 por 100 mil.
Também chamam atenção o alto índice entre jovens, principalmente homens, e indígenas. Entre jovens de 20 a 29 anos, é de 6,8 casos a cada 100 mil habitantes.
Povos indígenas: os mais vulneráveis
Os povos indígenas são os mais vulneráveis: se entre brancos a taxa de mortes por suicídio é de 5,9 a cada 100 mil habitantes, entre indígenas chega a 15,2, de 2011 a 2015. A faixa etária mais atingida entre indígenas é a de crianças de 10 a 19 anos: 45% dos casos.
Casos estão concentrados no Sul
Os casos de suicídio são espalhados por todo o Brasil. Proporcionalmente, a região Sul é a mais afetada: concentra 23% dos casos com só 14% da população do país – três dos quatro municípios com as piores taxas do país estão no RS. 38% dos suicídios acontece no Sudeste.
Entre 2011 e 2016, foram 48.204 tentativas de suicídio no país, 58% delas por envenenamento ou intoxicação, 6,5% por objeto cortante e 6% por enforcamento.
Meta é reduzir casos em 10% até 2020
É a primeira vez que o Ministério da Saúde divulga esses dados em forma de boletim epidemiológico. A pasta diz ter como meta reduzir a mortalidade por suicídio em 10% até 2020, promete expandir os Caps a regiões de maior risco e vai elaborar campanhas de prevenção com profissionais de saúde.
Neste mês, vai expandir para mais oito estados a parceria com o CVV (Centro de Valorização à Vida, entidade que trabalha com prevenção ao suicídio).
No mundo, a média é de 800 mil suicídios por ano, segundo dados da OMS de 2014.
Fatores de risco
Entre os fatores de risco para o suicídio estão transtornos mentais, como depressão, alcoolismo, esquizofrenia; questões sociodemográficas, como isolamento social; psicológicos, como perdas recentes; e condições clínicas incapacitantes, como lesões desfigurantes, dor crônica, neoplasias malignas. No entanto, tais aspectos não podem ser considerados de forma isolada e cada caso deve ser tratado no Sistema Único de Saúde conforme um projeto terapêutico individual.
Onde obter ajuda
O Ministério da Saúde, desde 2015, tem uma parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV), que começou com um projeto-piloto no Rio Grande do Sul. O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail, chat e voip 24 horas todos os dias.
O objetivo da parceria é ampliar gradualmente a gratuidade de ligações para o CVV, mesmo que por celular, por meio do número 188. Além do Rio Grande do Sul, a partir de 1º de outubro, pessoas de mais oito estados poderão ligar gratuitamente para o serviço: Acre, Amapá, Mato Grosso do Sul, Piauí, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Rondônia e Roraima.
Outro fator importante é a existência de Caps (Centro de Atenção Psicossocial) no município. Esses centros, segundo o Ministério da Saúde, são um fator que reduz em 14% o risco de suicídio. Mas essas instituições estão presentes em apenas 2463 dos quase 6 mil municípios brasileiros.
Setembro amarelo
Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização a prevenção do suicídio, com o objetivo de alertar a população a respeito da realidade do suicídio. Iniciado no Brasil pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina)e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), o Setembro Amarelo realizou as primeiras atividades em 2015 concentradas em Brasília.
Trata-se de um mal silencioso, pois as pessoas fogem do assunto e, por medo ou desconhecimento, não veem os sinais de que uma pessoa próxima está com ideias suicidas.
A esperança, segundo a Organização Mundial da Saúde, é o fato de que, 9 em cada 10 casos poderiam ser prevenidos.
Fontes: Diário de Santa Maria; Agência Fiocruz de Notícias; Revista Galileu; Ministério da Saúde; Setembro Amarelo