Segundo a Conectas, organização internacional para promoção de direitos humanos, a revista vexatória é considerada “mau trato” pela Organização das Nações Unidas (ONU) e, a depender das circunstâncias, configura tortura. Embora seja expressamente proibida em muitos países e o Estado argentino já tenha sido condenado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA (Organização dos Estados Americanos), o Brasil permanece realizando o procedimento nas prisões do país.
Para argumentar pelo fim da revista vexatória, a Rede utiliza documentos oficiais da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo, obtidos pela Lei de Acesso à Informação, que mostrariam que apenas 0,03% dos visitantes carregavam itens considerados proibidos, ou seja, três visitantes em cada 10 mil. Segundo a Conectas, os dados apontariam que, em nenhum dos casos, registrou-se a tentativa de entrar com armas. A pesquisa teria levado em conta dados coletados pelo governo nos meses de fevereiro, março e abril dos anos 2010, 2011, 2012 e 2013.
Para sensibilizar e priorizar – Com a campanha pela revista pessoal humanizada, a Rede pretende sensibilizar a opinião pública e pressionar o Congresso Nacional para que seja aprovado o Projeto, encaminhando mensagem ao Presidente do Senado, Renan Calheiros, pedindo que a matéria seja enviada com urgência para votação. Além disso, site da campanha deverá divulgar testemunhos e material de apoio à mudança na lei.
De acordo com Vivian Calderoni, advogada na Conectas, em entrevista a Adital, em janeiro deste ano, uma carta assinada por 89 entidades brasileiras e internacionais já foi enviada ao Congresso, com um pedido de priorização da matéria pelos parlamentares. Também proporão o debate spots radiofônicos que serão veiculados em emissoras comerciais do país e tentarão alcançar a população. Mas a resistência à proposta se concentra no próprio Poder Executivo, especialmente na administração do Sistema Penal. “Uma mudança de paradigma sempre causa resistência. Quando foge à prática cotidiana, há um receio inicial”, aponta.
* Conheça mais da campanha no site www.fimdarevistavexatórica.org.br. Acesse o Projeto de Lei nº 480/2013 na íntegra aqui: http://migre.me/iTIVG
Fonte: Agência Adital
Autor: Marcela Belchior