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Meio Ambiente, Clima e Vulnerabilidade

Cerca 270 mil toneladas de plástico podem estar flutuando nos oceanos do mundo


17 de dezembro de 2014

Não é nenhum segredo que os oceanos do mundo estão cheios de lixo plástico – as primeiras massas flutuantes de lixo foram descobertas na década de 1990. Mas os pesquisadores estão começando a ter uma noção melhor do tamanho e extensão do problema.

Um estudo, publicado dia 10 de dezembro, na revista PLOS One estima que 5,25 trilhões de pedaços de plástico, grandes e pequenos, pesando 269 mil toneladas, poderiam ser encontrados em todos os oceanos do mundo, mesmo nos lugares mais remotos.

Os navios que realizaram a investigação percorreram os mares coletando pequenos pedaços de plástico com redes e estimaram, a partir de suas amostras, quais seriam os valores mundiais, usando modelos de computador. A maior fonte de plástico, em termos de peso, vem de redes de pesca e boias descartadas, disse Marcus Eriksen, o líder desse estudo e cofundador do 5 Gyres Institute (Instituto 5 Giros), um grupo sem fins lucrativos que reúne investigação científica com ativismo antipoluição.

Eriksen sugeriu que um programa internacional que pagasse aos navios de pesca pelas redes recuperadas poderia ajudar a resolver essa questão. Mas isso não iria resolver o problema de garrafas, escovas de dentes, bolsas, brinquedos e outros tipos de lixo que flutuam pelos mares e se reúnem nos “giros”, onde as correntes convergem. Os pedaços de lixo colidem uns contra os outros por causa das correntes, da ação das ondas e da luz solar, tornando-os quebradiços, transformando estas sucatas flutuantes em “fragmentos”, disse ele, produzindo pedaços de plástico cada vez menores, que se espalham por toda parte.

Enquanto as equipes do estudo procuravam por plásticos flutuando na água, do tamanho de grãos de areia, eles ficaram surpresos ao encontrar muito menos amostras do que o esperado – um centésimo das muitas partículas que seus modelos previam. Isto, disse Eriksen, sugere que os pedaços menores podem ser levados mais para o fundo do mar ou consumidos por organismos marinhos.

O resultado foi semelhante ao de um artigo publicado este ano na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), que encontrou uma quantidade surpreendentemente baixa de pequenos lixos plásticos. Esses pesquisadores estimaram que aproximadamente 35 mil toneladas de lixos menores foram espalhados por todo os oceanos do mundo, mas eles esperavam encontrar milhões de toneladas.

Andrés Cózar, um pesquisador da Universidade de Cadiz que liderou o estudo, disse em um e-mail que ele e Eriksen chegaram a conclusões diferentes sobre a quantidade de plástico flutuante, mas que “é evidente que há muito plástico no oceano”, acrescentou: “O atual modelo de gestão de materiais plásticos é (economicamente e ecologicamente) insustentável”.

O fato de que os pequenos plásticos estão desaparecendo não é uma boa notícia. Na verdade, isto poderia ser muito mais preocupante do que a indesejável sujeira que os plásticos causam. Os plásticos atraem e ficam revestidos com substâncias tóxicas como o PCB (bifenila policlorada) e outros poluentes. Pesquisadores estão preocupados que peixes e outros organismos que consomem os plásticos poderiam reabsorver as substâncias tóxicas e passá-las a outros predadores na cadeia alimentar.

“Os plásticos são como um coquetel de substâncias contaminantes que flutuam por toda a parte no habitat aquático”, disse Chelsea M. Rochman, ecologista marinho da Universidade da Califórnia, em Davis. “Estes contaminantes podem estar aumentando na cadeia alimentar.”

Os estudos nos oceanos dão uma importante contribuição para a compreensão do problema do lixo flutuante, disse Nancy Wallace, diretora do Programa Lixo Marinho da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA – National Oceanic and Atmospheric Administration).

Mais pesquisas devem olhar além da superfície para testar onde os menores pedaços de plástico poderiam ter ido: nas partes mais profundas do oceano, ao longo da costa ou depositado no fundo do mar. “É muito cedo para dizer que há menos plástico no oceano do que pensávamos”, disse ela. “Pode ser que apenas tenha menos onde estamos olhando.”

Marcus Eriksen disse que a extensão do problema faz com que a coleta de lixo flutuante seja impraticável. Seu grupo tem tido algum sucesso com campanhas para fazer com que fabricantes de produtos de saúde e beleza parem de usar microesferas de plástico esfoliantes em seus produtos.

Os fabricantes de outros produtos, segundo ele, devem urgentemente mudar suas práticas também. “Temos que colocar algum ônus sobre os fabricantes”, disse ele. “Se você fizer isso, fizer com que eles voltem atrás, ou certificar-se que o oceano pode lidar com isso de uma maneira ambientalmente inofensiva.”

Nancy Wallace concordou. “A menos que possamos parar o fluxo – fechar a torneira desses pedaços de lixo que vão para o mar o tempo todo – nós não vamos ser capazes de parar o problema.”

O Conselho Americano de Química (American Chemistry Council), que fala em nome das indústrias de plásticos, emitiu uma declaração dizendo que seus membros “concordam plenamente que os plásticos espalhados, de qualquer tipo, não pertencem ao ambiente marinho”, e citou os esforços da indústria para combater o problema, incluindo a Declaração das Associações Globais de Plásticos para soluções para o Lixo Marinho de 2011 (Declaration of the Global Plastics Associations for Solutions on Marine Litter), que levou ao desenvolvimento de 185 projetos em todo o mundo.

Fonte: Associação Brasileira do Lixo Marinho (ABLM)
Texto originalmente publicado no New York Times e traduzido por Natalie Andre da ABML

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