A luta contra o virus zika não é uma “corrida de 100 metros”, mas uma maratona na qual a ciência e a saúde pública precisam trabalhar juntas, afirmou a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa Etienne, durante evento em Atlanta (EUA) em meados de novembro (13).
Em seu discurso de abertura do encontro, Etienne disse que “ainda há um longo caminho a percorrer na luta contra o zika”. “O desenvolvimento de novas ferramentas por parte da comunidade científica, incluindo testes diagnósticos e uma vacina, assim como inovações no controle de vetores, são prioridade”, declarou.
“Nossos sistemas de saúde deverão estar preparados para a introdução dessas ferramentas e para assegurar que seus benefícios alcancem todos”, completou.
Etienne relatou a súbita aparição do zika no Brasil em maio do ano passado e sua rápida propagação em toda a América, observando que “ninguém poderia ter imaginado há dois anos que nossas crianças seriam afetadas pela microcefalia”.
Na região das Américas, “o zika foi confirmado enquanto nos preparávamos para o ebola e respondendo à chikungunya”, completou. “Foram astutos trabalhadores de saúde de primeira linha que primeiro entenderam que estavam detectando algo estranho”, disse.
“De fato, nossa experiência no zika demonstra mais uma vez que o bom julgamento e a consciência clínica sobre os casos atípicos são cruciais para a detecção oportuna de doenças emergentes. Também indica a importância de se investir em força de trabalho de saúde como primeira linha de defesa contra essas ameaças”, completou.
Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou o caráter de emergência internacional de saúde pública para o zika, mas alertou que o vírus permanece como alvo de preocupação.
Na América Latina e no Caribe, aproximadamente 500 milhões de pessoas vivem em zonas de risco de transmissão do zika. “Está claro que a repercussão deste vírus poderá ser significativa e jogar uma carga importante sobre os serviços de saúde, especialmente no tratamento das graves complicações associadas à infecção”, declarou.
A diretora da OPAS elogiou o governo norte-americano por sua promessa de investir mais de 1 bilhão de dólares para ajudar países do mundo todo a reforçar suas capacidades de vigilância e resposta diante de epidemias.
“Se algo aprendemos com as ameaças representadas pela gripe A (H1N1), ebola, MERS e zika, é que uma ameaça em um país é uma ameaça para todos os lugares”, concluiu.
Fonte: ONU