O Comércio Justo é um dos pilares da Economia Solidária, que se baseia na cooperação, solidariedade, democracia interna, equilíbrio ambiental, geração de oportunidades para homens e mulheres em desvantagem social, preço justo, respeito aos direitos das crianças, divisão de resultados e maior justiça no comércio mundial. O tema Comércio Justo foi destacado em seminário promovido dentro da Feira do Empreendedor 2009 no Distrito Federal, evento realizado de 22 a 26 de julho. O seminário foi prestigiado por caravanas compostas por representantes de comunidades, associações e cooperativas de diferentes regiões, relacionados com a produção coletiva e solidária.
A Secretaria Nacional da Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) foi fundada em 2003 e começou a realizar o mapeamento real do setor no Brasil, em 2005, informou durante o evento Dione Manetti, diretor do Departamento de Fomento à Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Atualmente os dados apontam que existem no país cerca de 23 mil empreendimentos de Comércio Justo e Economia Solidária, geradores de mais de 2 milhões de postos de trabalho, presentes em 51% dos municípios.
A economia solidária brasileira movimenta R$ 8 bilhões por ano, segundo o mapeamento. No cadastro da Secretaria há mais de 30 mil entidades relacionadas ao tema. ?Já representamos uma fatia importante da economia brasileira?, enfatizou Manetti. Normas e meios de reconhecer e certificar o que é Comércio Justo são fundamentais para o desenvolvimento e consolidação dessa nova economia. A questão da certificação e comercialização dos produtos é uma das preocupações atuais do setor. ?É preciso haver mais do que uma organização que tenha o poder de fixar o selo nos produtos, definindo que são frutos do Comércio Justo?, argumentou.
Ao mesmo tempo os trabalhadores e entidades da Economia Solidária devem dialogar com os diversos segmentos do mercado, ser referência como organização econômica, que também disputa clientela, qualidade e preço. “São grandes os desafios”, resumiu Manetti.
?Cabe ao Estado regularizar, fiscalizar e criar políticas públicas de fomento à Economia Solidária?, afirmou Rosemary Gomes, secretária estadual fluminense de Economia Solidária. Integrante da Onda Solidária, movimento iniciado no País em 2000 e que hoje atua como plataforma, Rosemary questionou se um selo garante respeito aos princípios do Comércio Justo. ?É parte da conformidade, mas não é tudo?, alertou.
Ela também destacou a missão da organização Faces do Brasil, que tem como missão fomentar a criação de ambiente favorável à construção e implementação de um sistema brasileiro de Comércio Justo. ?Nós queremos norma reguladora do Estado, mas sem a intervenção do Estado. Queremos mecanismos que dêem proteção aos produtores menos favorecidos?, declarou Jasseir Fernandes, presidente da entidade Faces do Brasil e da União Nacional de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária. ?Produzimos com qualidade, pois as pessoas que vão consumir merecem respeito e não porque somos coitadinhos?, disparou.
Jasseir informou que este ano a União das Cooperativas de Crédito e Produção da Agricultura Familiar (Unicapes), da qual já foi diretor, emprestou R$ 400 milhões em crédito para agricultores familiares nas 27 unidades da Federação. O aumento do número de cooperativas de crédito é uma resposta ao sistema financeiro, que não apóia a Economia Solidária, reclamou.
*Com informações da Agência Sebrae de Notícias