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Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial é criada em Alagoas


13 de outubro de 2010

Após o recente lançamento da Cojira (Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial) na cidade de Brasília, agora é a vez do estado de Alagoas contribuir para o debate da questão racial relacionada ao mercado de trabalho e do papel da comunidade afro-brasileira dentro dos meios de comunicação.


Segundo a jornalista Valdice Gomes, “a Cojira/Alagoas nasce com o objetivo de ser um espaço de reflexão sobre a realidade dos cidadãos afro-brasileiros e os mecanismos utilizados pelos meios de comunicação para abordar temáticas relacionadas à comunidade negra; apoiar ações voltadas para o reconhecimento da questão racial como tema transversal e fundamental no cotidiano do mundo das comunicações; apoiar e cobrar o cumprimento das políticas de combate ao racismo e de promoção da igualdade; capacitar, formar e atualizar jornalistas, professores e estudantes na temática étnico-racial, além de atuar em parceria com órgãos públicos, empresas privadas e entidades do movimento negro para ações de valorização da cultura afro-brasileira”. “A história de luta do povo negro pela liberdade está muito ligada a Alagoas, berço do Quilombo dos Palmares, à Serra da Barriga e ao líder maior Zumbi”.


Tantos desafios não são à toa. A jornalista comenta que a invisibilidade do negro na grande mídia é uma realidade em todo país, seja na ausência de profissionais negros nas redações ou de programas que contemplem a diversidade étnica e racial. E lembra: “em Alagoas não é diferente, apesar de quase metade da população ser formada de afro-brasileiros”.


Valdice explica ainda que a Cojira está quebrando um silêncio até então existente no meio sindical dos profissionais de comunicação em Alagoas. “O modelo brasileiro é concentrador, monopolizado, à mercê de interesses dos grupos econômicos e políticos proprietários de redes de rádio, jornal e TV. Há uma necessidade urgente de se promover o debate sobre essas questões entre os profissionais e estudantes de jornalismo”.


Valdice afirma que a invisibilidade do negro e da cultura afro-brasileira nas grandes mídias só tem contribuído para incentivar o racismo no Brasil. “A TV, como veículo de comunicação de massa definiu como padrão de beleza, de pessoas bem-sucedidas e de comportamento exemplar, regras que excluem de forma cruel a população e a cultura afro-brasileiras. Quase metade da população brasileira não se vê na TV, apesar de contribuir para a audiência desses veículos. Isso é uma forma de agressão contra negros e negras deste país. Principalmente contra crianças e adolescentes afro-brasileiros que têm sua auto-estima violentada, desvalorizada nas fases mais importantes para a formação de sua personalidade. Nós, jornalistas, precisamos cobrar essa responsabilidade dos veículos de comunicação. Não podemos pensar em democratização da comunicação enquanto não houver igualdade racial e o reconhecimento da população negra como parte integrante da sociedade brasileira”.


Sobre o preconceito dentro das redações jornalísticas, Valdice esclarece que à medida que se pratica um jornalismo em que a questão racial não está na pauta, afetando uma população que representa 48% da população brasileira, “é preconceituoso sim. Ainda mais, quando só apresenta o negro nas páginas policiais, em condições subalternas, como bandido, que deturpa informações quando se trata da luta das comunidades remanescentes de quilombolas por terra e que não dá espaço à religião afro”.


Iniciativa


O tema sobre relações raciais nos meios de comunicação começou a ser discutido no 32º Congresso Nacional dos Jornalistas, em 2006, na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, promovido pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). O tema foi apresentado pelas Cojiras dos sindicatos dos jornalistas do Rio de Janeiro e de São Paulo e pelo Núcleo de Comunicadores Afro-Descendentes do Rio Grande do Sul. A partir disso, Valdice conta que saiu do congresso disposta a procurar apoio de outros colegas para criação da Comissão em seu estado.


Hoje, ela está em busca de integração e parcerias com órgãos públicos e privados, entidades do Movimento Negro, faculdades de jornalismo, estudantes, Comissão de Defesa das Minorias da OAB, ou qualquer outro órgão que possa de alguma forma, como ela cita, “contribuir para a promoção de momentos de reflexão sobre o tema questões étnico-raciais e os meios de comunicação entre os profissionais jornalistas, estudantes, professores e a sociedade em geral”.


Composição da Cojira-AL


Por enquanto, são seis jornalistas envolvidos, mas há o apoio da diretoria do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas, que participa com quatro diretores, o que fortalece mais essa idéia.


“A nossa intenção é abrir a comissão à participação de estudantes de jornalismo, até para facilitar a realização de debates e capacitação abordando a temática étnico-racial com esses futuros profissionais”, explica.


Lançamento


A data da solenidade de instalação da Cojira em Alagoas está prevista para o dia 27 de outubro. No momento, “estamos na fase de organização e definição de palestrantes. O próximo passo será o planejamento de atividades a serem programadas”, finaliza Valdice Gomes.


Número de Cojira`s aumenta


Com o lançamento de mais essa iniciativa em Alagoas, subirá para cinco o número de comissões já formadas nos estados brasileiros.


Além de Alagoas, a Cojira também tem representações em São Paulo, pioneira em 2000; no Rio Grande do Sul, criada em 2001; Rio de Janeiro, em 2003; e Brasília, há 15 dias. Há interesse de criação, ainda, dos jornalistas baianos, que devem lançar sua Cojira até o fim do ano.Fonte: Com base em matéria de Marcus Bennett.

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