A comunidade brasileira de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT) está reivindicando uma legislação federal que assegure direitos e cidadania plena para esta população. Segundo especialista participante do Seminário Direitos Humanos em Debate, promovido pela Universidade Federal Fluminense (UFF), no dia 23 de setembro, o movimento LGBT tem conseguido garantir algumas conquistas, mas ainda enfrenta muitos desafios.Segundo o professor da UFF Sérgio Aboud, que coordenou um painel sobre Direitos Humanos e LGBT no seminário, há leis estaduais e municipais para garantia dos direitos desses cidadãos, mas a comunidade LGBT se ressente da ausência de uma legislação federal mais ampla. Ele ressaltou, porém, que já houve mudanças: “Não podemos dizer que a situação está no mesmo pé do que estava há dez anos.?Aboud afirmou que não bastam apenas leis para que os homossexuais sejam respeitados. Por isso, os movimentos de defesa da causa LGBT promovem campanhas de conscientização e educação para atingir toda a população. O professor da UFF considera que, apesar dos avanços registrados na última década, ainda há muito preconceito contra a comunidade homossexual no Brasil.Para o professor, há uma grande dualidade no povo brasileiro: o país atingiu o recorde mundial de participantes (dois milhões de pessoas) na Parada da Diversidade de São Paulo (Orgulho Gay) este ano, mas continua sendo, de acordo com a Anistia Internacional, a nação não-islâmica onde mais se mata por homofobia (perseguição a homossexuais). O Brasil foi o primeiro país onde se apresentou um projeto de lei tratando dos direitos da comunidade LGBT, de autoria da então deputada Marta Suplicy (PT/SP).SubcidadãosAboud afirmou ainda que o maior desafio no momento para o movimento LGBT ?é que toda a sociedade civil nos escute e compreenda as demandas. A gente quer cidadania plena para todos?. Para ele, até o momento, o público LGBT é considerado subcidadão. O professor lembrou a questão da herança e da adoção que não são asseguradas por lei para os homossexuais e ainda a não-aceitação da união civil entre pessoas do mesmo sexo.Ainda assim Aboud comemorou o fato de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ter decidido indicar em suas pesquisas sociais os lares chefiados por pessoas do mesmo sexo.