O envolvimento com a comunidade é o grande diferencial do cooperativismo de crédito nas regiões muito ou pouco desenvolvidas do País. Ao mesmo tempo em que exercitam uma saudável concorrência com as instituições financeiras tradicionais e fortalecem a atividade empresarial, as cooperativas também contribuem para a superação dos desafios apresentados pelas comunidades onde operam.
No Paraná, um olhar dos dirigentes e associados, resultado de firmes vínculos com a comunidade, permite às cooperativas uma estratégia de atuação que, na prática, abre perspectivas promissoras à população em geral.
Essa visão, ao mesmo tempo local e abrangente, focada no presente e no futuro, já se incorporou à rotina de trabalho das cooperativas de crédito de cidades paranaenses, entre elas, Maringá, Paranavaí e Apucarana.
Começa a se consolidar, assim, um cooperativismo profissional e idealista, atento não só ao sucesso dos negócios, mas também a projetos educacionais, de geração de renda e ocupação, abertos à comunidade. As cooperativas dessas cidades estão ali não só para reduzir os custos e facilitar a vida financeira do associado, mas também para organizar uma demanda com foco na produção local, fortalecer manifestações culturais e artísticas e incentivar ações solidárias. Os efeitos financeiros para os associados sãovisíveis na forma de crédito facilitado e mais barato e de incentivo à poupança.Lideranças de prestígio na comunidade, transparência contábil e nas ações implementadas, e os pés firmes no chão. Essa é a receita do sucesso do cooperativismo de crédito no Paraná. Outro ponto forte da atuação do segmento no Estado é o profissionalismo. Gerentes e analistas de crédito de bancos tradicionais de varejo, já aposentados ou ainda na ativa, estão sendo recrutados pelos sistemas cooperativos de crédito que atuam no Estado, o Sicoob e o Sicredi.
Esse é o caso de Kazuo Fukuyama, gerente e um dos fundadores do Sicoob-Paranavaí, que começou a funcionar em setembro de 2003, resultado de uma mobilização no interior da associação comercial da cidade. “Procuramos profissionalizar a administração sem que isso afete o espírito cooperativista que deve prevalecer nas relações com os associados. Não é fácil criar e levar adiante uma cooperativa sem gente que entenda do negócio”, afirma.
Kazuo é contabilista, nasceu em Duardina, interior de São Paulo, mas mora há mais de 20 anos em Paranavaí. Trabalhou por 15 anos no Banco Mercantil de São Paulo, comprado pelo Bradesco, e outros cinco no Banco Noroeste. “É fundamental entender de mercado financeiro e das necessidades da gente do lugar”, explica.
Rafael Benjamim Cargnin Filho, diretor-presidente do Sicoob-Paranavaí, é contabilista e professor universitário. Ele explica que todo cuidado é pouco quando se trata da solidez da cooperativa. Os pretendentes a associados passam por um primeiro filtro que é feito pelo gerente. Só depois a solicitação é analisada pelos conselheiros da cooperativa. Por isso a importância de um gerente treinado nas práticas bancárias e, ao mesmo tempo, ligado à comunidade.