A secretária-executiva do COEP Nacional, Gleyse Peiter, participa em Lima, capital peruana, da 20ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP 20), que começou no dia 1º e se estenderá até o dia 12 de novembro.
Gleyse Peiter, que também é membro do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, acompanhou o seminário “Financeirização da natureza e extrativismo: Reflexões e desafios para a defesa do território e da soberania dos povos”, um evento paralelo promovido pela Fundação Heinrich Böll Stiftung.
O seminário reuniu, no dia 7 de novembro, organizações da sociedade civil de diferentes países da América Latina e Caribe para discutir o tema de financeirização da natureza, que trata do estabelecimento de métricas para calcular o valor dos bens da natureza, tentando conciliar a integridade socioambiental com os mecanismos de mercado.
Peiter explicou que um novo modelo de natureza está sendo criado, chamado de “capital natural”, que transforma a natureza e seus bens em agentes econômicos. “A razão desse movimento é a necessidade de se gerar recursos no mercado mundial que traga mais lucro aos investidores. No Brasil, a bolsa de valores negocia títulos referentes às Cotas de Reserva Ambiental (CRA), que nada mais é do que a compra de “pedaços” dos territórios”, disse.
Ao longo do seminário, um dos exemplos mais comentados foi o do estado do Acre, que criou legislação estadual prevendo oferta de créditos de carbono para o mercado na Califórnia.
Os representantes de povos indígenas brasileiros, de comunidades no Acre, colocaram as dificuldades encontradas em seu cotidiano, fruto das disputas pelas terras em que vivem. Relataram casos de ameaças de morte e violência que têm sofrido por parte de fazendeiros e narcotraficantes, principalmente nas regiões de fronteira.
Além das ameaças, o Conselho Indigenista de Missionários (CIMI), vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) relatou que teve seus arquivos incendiados e computadores roubados. Neste sentido, o CIMI afirmou a importância da demarcação territorial, com o objetivo de garantir a posse coletiva a terra, impedindo sua comercialização.
Gleyse Peiter relatou que o COEP Nacional fez parte da equipe de sistematização dos trabalhos em grupo, onde foram discutidas as diretrizes para realização de uma conferência internacional sobre o tema, prevista para maio de 2015, em Belém (PA).
Fonte: COEP Nacional