A internação compulsória para usuários de crack é muito polêmica. Há especialistas e cidadãos a favor e contra. O tema envolve direitos humanos e civis, lei antimanicomial, vantagens e desvantagens, e discordância quanto à sua eficiência e garantia de recuperação, entre outros temas. Diante de tudo isso, prevalece a importância de debater o tema.
Queremos conhecer sua opinião: Você é contra ou favor da internação compulsória?
Leia o material que disponibilizamos abaixo, assista aos vídeos e deixe sua opinião noFórum online.
Cordialmente,
Equipe Mobilizadores
———————
O crack
O crack é uma mistura de cloridrato de cocaína (cocaína em pó), bicarbonato de sódio ou amônia e água destilada, que resulta em pequenas pedras, fumadas em cachimbos (improvisados ou não). É mais barato que a cocaína mas, como seu efeito dura muito pouco, acaba sendo usado em maiores quantidades, o que torna o vício muito caro, pois seu consumo passa a ser maior.
Estimulante seis vezes mais potente que a cocaína, o crack provoca dependência física e leva à morte por sua ação fulminante sobre o sistema nervoso central e cardíaco. Ele leva 15 segundos para chegar ao cérebro e já começa a produzir seus efeitos: forte aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremor muscular e excitação acentuada, sensações de aparente bem-estar, aumento da capacidade física e mental, indiferença à dor e ao cansaço. Mas, se os prazeres físicos e psíquicos chegam rápido com uma pedra de crack, os sintomas da síndrome de abstinência também não demoram a chegar. Em 15 minutos, surge de novo a necessidade de inalar a fumaça de outra pedra, caso contrário chegarão inevitavelmente o desgaste físico, a prostração e a depressão profunda.
Efeitos da droga
A droga provoca problemas neurológicos, queimadura dos tecidos, doenças cardíacas e pulmonares e alterações digestivas e tem-se revelado uma epidemia devastadora, pois além de malefícios físicos e psíquicos, provoca transtornos sociais e de segurança.
De acordo com profissionais especializados e que convivem com o problema, depois de se tornar dependente químico, o usuário apresenta imensa resistência a tratamentos de desintoxicação.
Internação compulsória para usuários
Recentemente, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, causou polêmica ao anunciar adotaria a internação compulsória de adultos usuários de crack. Em São Paulo, as autoridades já se manifestam favoráveis à medida e estudam regras nesse sentido.
Segundo a legislação atual, uma pessoa só pode ser internada contra a vontade caso fique provado que ela não é capaz tomar decisões. Presidente da Associação de Magistrados do Estado do Rio (Amaerj), o desembargador Claudio Dell’Ort, diz que a decisão tem que partir da Justiça.
Decisão Judicial
No dia 19 de dezembro, a Justiça se manifestou de forma favorável à internação compulsória de adolescentes usuários de crack, em decisão proferida pelo desembargador Paulo Rangel, do Tribunal de Justiça (TJ) do Rio.
Paulo Rangel cita o decreto-lei 891, de 25 de novembro de 1938, ao afirmar que a legislação brasileira admite sim a iniciativa. Nele, há a menção de que “os toxicômanos ou os intoxicados habituais, por entorpecentes, por inebriantes em geral ou bebidas alcoólicas, são passíveis de internação obrigatória”.
Ela “se dará, nos casos de toxicomania por entorpecentes ou nos outros casos, quando provada a necessidade de tratamento adequado ao enfermo, ou for conveniente à ordem pública. Essa internação se verificará mediante representação da autoridade policial ou a requerimento do Ministério Público, só se tornando efetiva após decisão judicial”.
A decisão destaca ainda que a liberdade de ir e vir de uma pessoa tem peso constitucional menor do que o direito à vida. No entendimento do desembargador, não há como se proteger a liberdade se a própria vida não está assegurada.
“O crack é sem dúvida um dos maiores e piores flagelos de nossa sociedade, retirando do indivíduo sua capacidade de se autodeterminar e, consequentemente, seu poder de escolha entre a vida saudável longe das drogas e a morte. O Estado tem o dever de agir em nome da proteção à vida das pessoas. A liberdade de locomoção será sacrificada em nome de um bem jurídico maior que é a vida, bem supremo de todo e qualquer ser humano”, afirma.
Segundo o magistrado, essa foi a primeira decisão do TJ do Rio a favor da internação compulsória de adolescentes usuários de crack, que está em vigor desde o ano passado.
Veja a seguir dois artigos, um contra a internação compulsória e outro a favor.
CONTRA
Contra a internação compulsória a usuários do Crack
Por Túlio Batista Franco
“Se eu tivesse elevado a minha voz desde o começo em vez de me calar em todas as línguas do mundo…” (Van Gogh)
O título na primeira pessoa é para atribuir o caráter de um texto-manifesto, é meu grito. As cenas de barbárie cometidas contra usuários de crackveiculadas na mídia quase diariamente, nos invade com sua prepotência de uma moral hipócrita, associada a uma política equivocadas de combate às drogas. É na propositura do resgate de uma humanidade perdida em algum lugar, em uma sociedade que banaliza o sofrimento alheio que pretendo fazer esta discussão.
O consumo do crack tem sido apresentado como um problema social, mas não é o único, convivemos ainda com altos índices de violência, exclusão e abandono. E estas questões estão associadas ao alto consumo de crack, que aparece no cenário das existências humanas como a possibilidade de se obter um rápido momento de prazer proporcionado pelo seu consumo. Frente a uma realidade cruel como a sociedade atual se apresenta, busca-se um instante de não-realidade, a desruptura do meio violento, carente, habitado por afetos negativos.
Geralmente quando alguém se vê diante de um outro que consome o crack, não pergunta pra ele e pra si mesmo: _ qual e a sua história de vida? Histórias de vida é coisa de humanos, e o usuário de crack está sendo despido de sua humanidade, algo parecido com o “homo sacer” mencionado porAgamben no seu livro “Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua” , aquele que só tinha a própria vida, e nada mais se inscrevia sobre ela, aparecendo como uma “vida nua”, desprovida de tudo, inclusive das representações do humano. O usuário de crack está sendo desumanizado pelo julgamento moral, pela intolerância social, pela generalizada criminalização.
Apesar do enunciado de que o crack é um problema de saúde pública, o tratamento da questão ainda tem um forte caráter repressivo, que opera sobre dois planos. O primeiro agenciado pela política de combate às drogas, que resulta em intolerância, repressão, demonstrada pelo aumento da população carcerária relacionada às drogas desde que a nova Lei de Drogas foi aprovada em agosto de 2006. De 2007 a 2010, essa população aumentou 62,5%, um acréscimo que se deu justamente sobre pessoas que eram rés primárias e não tinham envolvimento com o crime organizado . Os usuários sofrem com abordagens repressivas e violentas.
Descriminalizar é o passo fundamental para políticas mais efetivas de combate às drogas, por parâmetros humanitários e de cidadania.Experiências de controle de uso do crack e outras drogas, onde seu uso foi descriminalizado, os usuários perderam o medo de buscar ajuda, aumentando em muito aqueles que ingressavam nos programas de apoio, cuidado e redes de serviços de saúde. O segundo plano de intervenções se faz pelo recolhimento compulsório e a internação por período de tempo determinado, caracterizando assim uma intervenção e tutela sobre as pessoas, realizada de modo violento e ilegal.
A política de combate ao crack no Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro é atualmente uma das cidades de maior visibilidade no mundo, tendo à frente a realização de dois grandes eventos, a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016. Isto resulta em grandes intervenções urbanas que preparam a cidade para os eventos. Os efeitos desta intervenção na população mais vulnerável socialmente em geral, e especificamente aos usuários de crack, caracteriza uma política violenta, autoritária, militarizada e anti-cidadã. O recolhimento compulsório usado como dispositivo para impor o tratamento aos usuários tem por base o argumento de que essas pessoas “perderam o governo da sua própria vida” fazendo com que o estado intervenha sobre elas. Com este discurso o governo do Rio de Janeiro legitima junto àpopulação o “arrastão oficial” que rouba os corpos da sua vida por meio violento, os tira da rua encarcerando-os para um suposto projeto terapêutico que comprovadamente é precário e ineficaz.
A práticade internação compulsória é ilegal porque restringe o direito constitucional de ir e vir, ineficaz socialmente, porque o isolamento reforça a descriminação, etecnicamente, pois se sabe que o índice de recaídas para os que passaram por tratamento compulsório é em torno de 96 a 97% , o que faz com que a internação compulsória seja condenada de modo geral, inclusive por programas de combate às drogas de comprovado sucesso, como o de Portugal. A estratégia usada no Rio de Janeiro parte de uma análise simplista da realidade, visa apenas o curtíssimo prazo, e tem um forte agenciamento moral. A política atual no Rio de Janeiro trata o usuário de drogas como algo que deve ser simplesmente removido da paisagem urbana.
A boa notícia no cenário é a perspectiva de criação da Rede de Atenção Psicossocial proposta pelo Ministério da Saúde, que propõe dispositivos de cuidado à população de rua, usuários de crack e outras drogas. Mas a iniciativa encontra-se em estágio inicial, ainda com dificuldades de responder à extensão e urgência do problema. Associa-se no Rio de Janeiro à não-vontade política de construção de uma rede ampla, com capilaridade social e no território que permita intervenções em larga escala através de dispositivos de cuidado.
É possível cuidar sem reprimir
O cuidado aos usuários de crack deve eliminar qualquer hipótese repressiva, e parte da diretriz da descriminalização do uso, reconhecimentodo usuário como cidadão pleno de direitos, merecedor de atenção, respeito, afeto. Vários dispositivos têm sido usados para o cuidado como os consultórios na rua, formados com equipes multiprofissionais e atividade diária junto à população; estratégias de redução de danos com vistas a gerar confiança e criar vínculos entre profissionais da saúde e usuários, tendo em vista projetos terapêuticos mais duradouros e eficazes. Ter uma variada oferta de ações assistenciais e apostar na criação da Rede de Atenção Psicossocial e qualificar o seu funcionamento.
É preciso “parar de perseguir o doente e perseguir a doença”, “trocar prisão por tratamento”, são alguns dos preceitos do programa Português, que já está sendo replicado para Argentina, México, República Checa e mais recentemente a Noruega e é considerado um dos maiores sucessos do mundo . Próximo da nossa cultura, o modelo de Portugal nos serve bem como subsídio. A maior evidência de que o controle do uso de crack e outras drogas pode ser feito sob diretrizes de cidadania, respeito, cuidado, é este programa desenvolvido em Portugal. Abaixo um extrato do relatório “Descriminalização da droga em Portugal: lições para criar políticas justas e bem sucedidas sobre a droga”, elaborado pelo constitucionalista norte-americano Glenn Greenwald e publicado no jornal português “Econômico” em 26/07/2010.
“Desde 1 de Julho de 2001, altura em que a aquisição, posse e consumo de qualquer droga estão fora da moldura criminal e passaram a ser violações administrativas, o consumo de droga em Portugal fixou-se ‘entre os mais baixos da Europa, sobretudo quando comparado com estados com regimes de criminalização apertados’. A explicação, segundo Greenwald, reside nas oportunidades de tratamento. ‘As pessoas deixaram de ter medo do sistema judicial e perderam o receio de procurar ajuda. Por outro lado, mesmo as que continuam a consumir são merecedoras da ajuda do Estado’, diz o presidente do IDT. Em 2009, 45 mil pessoas integravam uma das fases de tratamento, incluindo pessoas com problemas de alcoolismo, um número ‘recorde’, segundo João Goulão. E destas 45 mil pessoas, 40% trabalham ou estudam, acrescenta o presidente do IDT”.
Dados de 2006 mostram que a prevalência do consumo de drogas em Portugal desceu de 14,1% para 10,6% face a 2001 nas idades entre os 13 e os 15 anos, e de 27,6% para 21,6% na faixa etária entre os 16 e os 18 anos.
Propostas de cuidado ao crack
Para elaborar um plano de controle ao uso do crack é necessário eliminar qualquer julgamento moral sobre o uso de drogas, considerar como diretrizes gerais a descriminalização do uso, programas de redução de danos, equipes multiprofissionais organizadas em consultórios na rua, estabelecimento de vínculo entre profissionais e usuários, programas de apoio e ajuda para estabelecimento de vínculos sociais, construção de projetos de futuro, sonhos e tudo o que alimenta a existência humana.
Há uma mobilização nacional contra a internação compulsória e medidas repressivas em geral, entre outras, a Frente Nacional de Drogas e Direitos Humanos (FNDDH), tem orientado para várias propostas de cuidado como por exemplo:
• A ampliação e o fortalecimento da rede de atenção psicossocial;
• O incremento das equipes da Estratégia de Saúde da Família e dos Consultórios na Rua, bem como dos NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família), como estratégia prioritária no trabalho com os usuários de drogas, diretamente nos seus territórios;
• A ampliação da rede de serviços da assistência social, em cumprimento à Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais instituída na Resolução 109 do Conselho Nacional de Assistência Social.
• Garantia de financiamento de políticas públicas nas áreas de cultura, educação, esporte e lazer com a criação de projetos e programas que tratem a questão de forma transversal em parceria com escolas, universidades, Pontos de Cultura, Segundo Tempo, entre outros.
Este é o ponto de partida para o debate mais amplo em torno da construção de um plano de ação para o combate às drogas.
Túlio Batista Franco é professor da Universidade Federal Fluminense e integrante do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde
Fonte: site Cebes
A FAVOR
Craqueiras e Craqueiros
por Drauzio Varella
A contragosto, sou daqueles a favor da internação compulsória dos dependentes de crack.
Peço a você, leitor apressado, que me deixe explicar, antes de me xingar de fascista, de me acusar de defensor dos hospícios medievais, ou de se referir à minha progenitora sem o devido respeito.
A epidemia de crack partiu dos grandes centros urbanos e chegou às cidades pequenas; difícil encontrar um lugarejo livre dessa praga. Embora todos concordem que é preciso combatê-la, até aqui fomos incapazes de elaborar uma estratégia nacional destinada a recuperar os usuários para reintegrá-los à sociedade.
De acordo com a legislação atual, o dependente só pode ser internado por iniciativa própria. Tudo bem, parece democrático respeitar a vontade do cidadão que prefere viver na rua do que ser levado para onde não deseja ir. No caso de quem fuma crack, no entanto, o que parece certo talvez não o seja.
No crack, como em outras drogas inaladas, a absorção no interior dos alvéolos pulmonares é muito rápida: do cachimbo ao cérebro, a cocaína tragada leva seis a dez segundos. Essa ação quase instantânea provoca uma onda de prazer avassalador, mas de curta duração, combinação de características que aprisiona o usuário nas garras do traficante.
Como a repetição do uso de qualquer droga psicoativa induz tolerância, o barato se torna cada vez menos intenso e mais fugaz. Paradoxalmente, entretanto, os circuitos cerebrais que nos incitam a buscar as sensações agradáveis que o corpo já experimentou permanecem ativados, instigando o usuário a fumar a pedra seguinte, mesmo que a recompensa seja ínfima. Mesmo que desperte a paranoia persecutória de imaginar que os inimigos entrarão por baixo da porta.
A simples visão da droga enlouquece o dependente: o coração dispara, as mãos congelam, os intestinos se contorcem em cólicas e a ansiedade toma o corpo inteiro; podem surgir náuseas, vômitos e diarreia.
Quebrar essa sequência perversa de eventos neuroquímicos não é tão difícil: basta manter o usuário longe da droga, dos locais em que ele a consumia e do contato com pessoas sob o efeito dela. A cocaína não tem o poder de adição que muitos supõem, não é como o cigarro cuja abstinência leva o fumante ao desespero, esteja onde estiver.
Vale a pena chegar perto de uma cracolândia para entender como é primária a ideia de que o craqueiro pode decidir, em sã consciência, o melhor caminho para a sua vida. Com o crack ao alcance da mão, ele é um farrapo automatizado sem outro desejo senão o de conseguir mais uma pedra.
Veja a hipocrisia: não podemos interná-lo contra a vontade, mas devemos mandá-lo para a cadeia assim que roubar o primeiro transeunte.
A facção que domina a maioria dos presídios de São Paulo proíbe o uso de crack: prejudica os negócios. O preso que for surpreendido fumando apanha de pau; aquele que traficar morre. Com leis tão persuasivas, o crack foi banido: craqueiras e craqueiros presos que se curem da dependência por conta própria.
Não seria mais sensato construirmos clínicas pelo País inteiro com pessoal treinado para lidar com dependentes? Não sairia mais em conta do que arcar com os custos materiais e sociais da epidemia?
É claro que não sou ingênuo a ponto de acreditar que ao sair desses centros de tratamento o ex-usuário se tornaria cidadão exemplar; a doença é recidivante. Mas, pelo menos, ele teria uma chance. E se continuasse na cracolândia?
E se, ao receber alta, contasse com apoio psicológico e oferta de um trabalho decente, desde que se mantivesse de cara limpa documentada por exames periódicos rigorosos, não aumentaria a probabilidade de permanecer em abstinência?
Países como a Suíça, que permitiam o uso livre de drogas em espaços públicos, abandonaram a prática, ao perceber que a mortalidade aumenta. Nós convivemos com cracolândias a céu aberto sem poder internar seus habitantes para tratá-los, mas exigimos que a polícia os prenda quando nos incomodam. Existe estratégia mais estúpida?
Faço uma pergunta a você, leitor, que discordou de tudo o que acabo de dizer: se fosse seu filho, você o deixaria de cobertorzinho nas costas dormindo na sarjeta?
Drauzio Varella é médico
Fonte: Site Dr. Drauzio Varella
VEJA OS VÍDEOS ABAIXO E PARTICIPE DO FÓRUM ONLINE, CLICANDO AQUI!!
Vídeos:
Drauzio Varella entrevista o psiquiatra Dartiu Xavier, diretor do Proad (Programa de Orientação e Assistência a Dependentes), da Unifesp. Disponível em: http://drauziovarella.com.br/estacao-saude/tv/internacao-compulsoria/.
O crack no sertão – documentário fotográfico sobre o consumo de drogas nas pequenas cidades do Nordeste, com narração do repórter Pablo Pereira, do Estado de S. Paulo. Disponível em: http://www.estadao.com.br/especiais/o-crack-no-sertao,147513.htm.
Internação compulsória resolve? Vídeo sobre o evento realizado dia 01 de dezembro de 2011 no Palácio do Ministério Público, em Porto Alegre. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=BvA-kzyTCLg.
PERCEBEMOS QUE ESTE ESTE QUE FALA CONTRA A INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA É APENAS PROFESSOR E ESTUDANTE DE SAÚDE OU SEJA, FALA MUITO A RESPEITO DO PROBLEMA COMO ALGUÉM QUE CONHECE SÓ POR TEORIAS, PODEMOS OBSERVAR QUE SUA FALA NÃO É CONCRETA DIZENDO QUE : O usuário de crack está sendo desumanizado pelo julgamento moral, pela intolerância social, pela generalizada criminalização.jULGAMENTO MORAL, INTOLERÂNCIA SOCIAL , GENERALIZAÇÃO CRIMINALIZAÇÃO, SERÁ QUE O USUÁRIO DE DROGA SABE O QUE FAZ? SERÁ QUE ELE QUANDO ESTÁ COM ABSTINÊNCIA SABE QU NÃO PODE ROUBAR OU AGIR COM VIOLÊNCIA? OU ISSO SERIA UMA INTOLERÂNCIA VENHAMOS E CONVENHAMOS AQUELES QUE SÃO CONTRA A INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA OU QUEREM A DESCRIMINALIZAÇÃO DA DROGA É PORQUE SÓ CONHECEM OS FATOS NAS TEORIAS E ESTATÍSTICAS NÃO CONHECEM FAMÍLIAS QUE FORAM DESTRUÍDAS PELA DROGA NEM TIVERAM ALGUÉM NA FAMÍLIA ACOMEDIDO. POR ISSO ANTES DE DEFENDEREM ALGUMA POSIÇÃO VÃO AO ENCONTRO DA REALIDADE.
Lendo os textos e arguentos abre-se um leque p/ vários questionamentos, mas lembrando de tantos jovens que estão se acabando c/ o uso do crack sou a favor da internação compulsória.
Sou a favor da internação compulsória para drogas em geral.
O outro ponto a ser abordado é: Que internação é essa? Quais são os métodos e as abordagens para realizar esse tratamento?
No momento devido as situação em que se encontra o usuário do crack, sou a favor. Justifico. Na década de 80 do século passado o jornalista Goulart de Andrade em seu programa Comando da Madrugada destacava a nova droga chamada crack, sua letalidade e fácil dependência. Nestes mais de 20 anos, o Estado se manteve omisso em relação a difusão, crescimento e aumento do número incalculável de vitimas (usuário e família) desta dependência. Após transformar-se em uma pandemia (não acho exagero) é que começa a se discutir medidas para coibir, não prevenir, por que esta se transformando em um problema que afeta a todas as classes sociais. O dependente quando compromete sua saúde (conceito da OMS) necessita de ajuda, e se necessário que seja de forma mais contundente, mas que salve sua vida sou a favor da internação compulsória. Esta é uma atitude extrema que deve ser indicada na fase crítica. Mas o que faremos e o que será realizado pelo Estado para dar continuidade ao tratamento e reabilitação deste cidadão? Temos uma das piores políticas públicas para saúde mental. E para evitar novos dependentes? Nossa política é muito condescendente em relação ao trafico de drogas. A discussão deve ser ações a curto, médio e longo prazo.
Sou a favor da internação compulsória, para desintoxicação, possibilitando a atuação da equipe interdisciplinar. A internação em si só não será eficaz. A implementação de ações concretas para potencializar seus resultados, também se faz necessária, como a proposta cita por Túlio Franco.
??A ampliação e o fortalecimento da rede de atenção psicossocial;
? O incremento das equipes da Estratégia de Saúde da Família e dos Consultórios na Rua, bem como dos NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família), como estratégia prioritária no trabalho com os usuários de drogas, diretamente nos seus territórios;
? A ampliação da rede de serviços da assistência social, em cumprimento à Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais instituída na Resolução 109 do Conselho Nacional de Assistência Social.
? Garantia de financiamento de políticas públicas nas áreas de cultura, educação, esporte e lazer com a criação de projetos e programas que tratem a questão de forma transversal em parceria com escolas, universidades, Pontos de Cultura, Segundo Tempo, entre outros.?
Sou a for da internação compulsória. Todos os argumentos são passiveis de discussão e avaliação, mas a realidade nos leva a uma atitude: internar e socializar o internado, junto a seus familiares e outros envolvidos no projeto de recuperação.
Apesar de abominar qualquer tipo de repressão, no caso do dependente do crack sou favorável à internação compulsória. Por ser o crack uma droga extremamente potente, que causa dependência física, psíquica e neurológica de forma fulminante, abstrai do dependente qualquer tipo de reação para se defender. Torna-o inerte, entregue à própria sorte e incapaz de discernir entre o certo e o errado. Faz-se necessário que alguém decida, pelo dependente do crack, a diferença entre viver ou morrer. Além de ser uma difícil decisão, a internação compulsória, nesse caso, representa um extremo ato de amor.
eu sou afarvo da internação compulsória meu filho e usuário de crack a abandonou o emprego passou a roubar quebrou a casa toda e colocou nossa vida em risco uma filha de 2 anos teve 5 internação fugiu delas todas estar na cracolândia na ilha do governador os caps não funciona adequadamente eles não são mentais são usuários nos pais e que sabemos o que e isto a abstinência nos e que sofremos eu trabalho com HIV/aids e tuberculose minha casa estar em ruínas meus telefones cotados meus cartão devo to mundo eles rouba tudo que vê quase matei meu filho 2 vesses Ana leila 03/01/2013
“São necessárias varias estratégias que devem ser colocadas em prática para a solução do problema… A internação compulsória, é urgente e necessária, mas não é suficiente. Uma Política Nacional, juntamente com Políticas locais e micro localizadas de todos, que fortaleçam as práticas médicas, sociais e humanas, todas colocadas a disposição do “Doente” – dependente químico” – que, em seu estado compulsivo, nada vê e sente… A droga é o centro de seu sombrio e destrutivo mundo!”
“São necessárias varias estratégias que devem ser colocadas em prática para a solução do problema… A internação compulsória, é urgente e necessária, mas não é suficiente. Uma Política Nacional, juntamente com Políticas locais e micro localizadas de todos, que fortaleçam as práticas médicas, sociais e humanas, todas colocadas a disposição do “Doente” – dependente químico” – que, em seu estado compulsivo, nada vê e sente… A droga é o centro de seu sombrio e destrutivo mundo!”
Sou a favor da internação compulsória. A dependência química, aquém de uma doença individual, é um problema social, resultante de uma sociedade injusta e hipócrita. Neste meio, algumas drogas são permitidas e toleradas, e outras, criminalizadas. Para se drogar, o jovem não precisa de maconha, cocaina, crack, basta parar o carro em uma loja de posto de gasolina (lei seca…) e comprar sua cerveja, ou uisque, comercializados livremente. Neste absurdo, o foco criminal sobre o problema anestesia uma análise mais lúcida, além de favorecer os interesses do crime organizado que já está enraizado nas diversas esferas do poder público. A mudança de foco é urgente, e isto demandará uma confluência de esforços e políticas públicas efetivas. No entanto, nossa sociedade continua em sua zona de conforto. Afinal, é mais fácil julgar moralmente o pobre marginal usuário de crack sentado em um sofá e bebericando um scott 12 anos. Triste irreverência para uma sociedade doente…
Após a leitura dessas duas propostas, fica claro que não é só o Estado que deve tomar iniciativa mas também a própria população. É importante que a ação seja conjunta desde o apoio familiar, quando existir, a ações do Estado.
Devido a emergência da situação, acredito que as internações agregadas a ações informativas e educacionais empreendidas pelas empresas de comunicação sejam importantes.
A reintgração ao meio social produtivo, é um direito do cidadadão, independente de como ele foi excluido.
É preciso, sobretudo, entender que atrás do vício existe o Ser Humano. O Espírito que, vindo estagiar na Terra, reparando equívocos cometidos em outras vidas ou em prova,peregrina em várias existência, sempre objetivando a evolução espiritual,na eterna caminhada de volta ao seio do Criador Universal, nosso Pai Único de onde todos parimos um dia, simples e ignorantes, mas com o Universo todo (casa do Pai)colocado à nossa disposição para, como filhos da Luz,colaborarmos com sua luminescência. Como peregrinos na Terra, um mundo ainda de provas e expiações, onde a oferta do prazer material é excessiva, passa o Espírito por todos os tipos de tentações, indo os mais infantes na caminhada evolutiva e mais frágeis em sua capacidade analítica e de resistência às tentações diversas, mergulhar nos perigosos caminhos dos vícios diversos, independente de classe social, pois o problema não é financeiro e sim de ignorância do Espírito sobre as leis divinas, logo universais.
Temos, no entanto, entre as camadas mais pobres da sociedade, principalmente entre os que vivemos nas metrópoles, onde o contraste rico x pobre é gritante, o permanente choque ter x não ter, que abala os princípios do ser ou não ser.
Nesse dilema a FUGA da realidade “injusta” na visão do espírito em prova – e todos, a todo instantes, estamos – é uma saída. Equivocada, é claro.
Nesse tenebroso mergulho, vais às raias da dependência, necessitando de ajuda. Todos necessitamos, de um modo ou de outro.
Penso que cada um caso é um caso. Os iniciantes, claro, não precisam de internação compulsória. Os dependentes, sim!!! Precisam de socorro externo, pois, internamente, encontra-se frágil, em pedaços. Contudo, em qualquer dessas fases, menos difícil ficaria se houvesse o apoio familiar, mas o instituto família também encontra-se em apuros. Que fazer? Religarmo-nos com o Altíssimo! retomar nosso caminho de volta com urgência e a passos firmes.
Fé, amor e conhecimento é o caminho aliás, o único que nos leva à solidariedade, fraternidade otimizando o nosso nível de uso correto da sagrada liberdade que ganhamos um dia, num ponto da eternidade quando, num momento de inspiração especial, Nosso Pai nos criou únicos, porem como um novo membro da Grande Família Universal e parece er dito: – Vai, filho querido, aprende, passeando pelas “moradas que compõem Minha Casa, que também é tua e volta para mim simples e sábio e amoroso para, para trabalharmos juntos no Equilíbrio Universal, alimentando a Vida com o único alimento que a torna verdadeiramente útil: O AMOR!!!…
Considerando a expansão do crack um fenômeno tipicamente urbano, ela sinaliza o que Guattari (1992) denomina ?problema-cruzamento? das principais questões contemporâneas. Incômoda ocupação do espaço de exterioridade, o crack ultrapassa o limiar desejável de mistura urbana.
Sob o prisma da reciprocidade e de sua lógica social, indivíduos desqualificados e que desqualificam a sociedade ou instâncias dela, anulam a expectativa de troca e a possibilidade de reconhecimento mútuo. Crianças e adolescentes pobres, que iniciam muito cedo a adição por crack, ?se tornam ?nóias?, literalmente, sujeira? (GEY, 2009).
Carneiro Leão (2000) menciona que ?a estrutura do comportamento jovem é constituída essencialmente por um projeto de possibilidades por virem. O comportamento jovem não é uma condição etária, é uma condição humana?
Para o autor,
“não encontrando espaço de expansão para suas possibilidades de futuro, a juventude contesta e contradefine o sistema de controle em todos os níveis da linguagem: no verbal e imaginativo, no gestual e perceptivo, no situacional e coletivo. Pois é aqui, na dinâmica desta contradefinição, que se insere o uso de drogas e entorpecentes.”
O que não implica, necessariamente, a definição de posicionamentos estanques, mas pressupõe os atravessamentos de uma mesma lógica, que perpassa as descontinuidades do mesmo tecido social. ?Cada ordem gera seus próprios estranhos, preparando o estranho à sua própria semelhança e medida? (BAUMAN, 1998).
O indivíduo que está com o organismo já comprometido com essa droga,não tem condições de decidir por si próprio mais.A maioria deles nem a família tem estrutura para apoio.Portanto torna-se obrigação do ESTADO zelar pela vida desse.É questão de sobrevivência internar e acompanhar o tratamento,dar todo o suporte necessário para o doente e para sua família.Reintegrar na sociedade com amor e resistência contra qualquer outra droga.
Sou a favor da internação compulsória. Não só a internação, mas também um acompanhamento psicológico após ste tratamento.
Sou a favor da internação compulsória, uma vez que o usuário (a) se torna incapaz de zelar pelo próprio bem estar físico e mental.Quem ama cuida…zela.
Na minha opinião AMBOS tem fortes argumentos e a questão não se resolve com o ¨contra ou a favor¨. A dependência química, até onde a compreendo por experiência familiar, é uma doença de grande complexidade, e que envolve dimensão social, física e emocional do dependente. E as ações devem se dar nos 3 âmbitos! A internação compulsória é um gesto humano se não a associarmos apenas a higienização das cidades, mas da ajuda humanitária de fazer o que um dependente químico NÃO CONSEGUE FAZER – PROCURAR AJUDA PARA SAIR DO ESTÁGIO DE USO COMPULSIVO DA DROGA. Sozinha, se transforma em triste performance midiática discriminatória, se prestando ao que a mídia adora – espetáculo.
Da mesma forma, a desintoxicação necessária e acompanhada do doente precisa ser seguida pela sua inclusão no mundo de sua família de escolha e acompanhamento – o que não é fácil a depender do caso. A recaída é certa em determinados casos ou ronda permanentemente o usuário que se ¨rendeu¨ e quer sair do ciclo da dependência. A longo prazo é mais do que sabido que os determinantes sociais que levam o jovem ao uso do crack devem ser revertidos através de políticas INCLUSIVAS de cultura, educação e promoção da saúde. Mas a vida do dependente não pode ficar refém de uma construção que é histórica. O que falta para mim neste debate que não se resolve com discurso teórico ou ideológico.
1) a criação de uma Rede de Atenção Psicossocial como propõe o Ministério da Saúde SIM, mas…não apenas para o cuidado à população de rua. Usuários de crack e outras drogas como o alcoolismo não são criados nas ruas…eles ACABAM NAS RUAS – PONTO FINAL DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO USO REGULAR E DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA!
Esta necessária e benvinda ¨rede ampla, com capilaridade social e no território que permita intervenções em larga escala através de dispositivos de cuidado¨ deve extender o cuidado ao momento que antecede a busca, o uso e a construção da dependência!
Não devemos esquecer que as Políticas de Cultura do país são reféns de um mercado que deixa a sociedade brasileira refém de um mercado de bens culturais que está longe de contribuir com a construção de um lugar saudável para o crescimento emocional de quem quer que seja. E não se trata de ter acesso ao que é produzido e circula nos meios de comunicação…trata-se de pensar Políticas de Cultura coerentes com um dos direitos fundamentais do homem e garantido na Constituição brasileira: a liberdade de expressão e acesso a formas de lidar com a emoção através da invenção e das formas – das mais variadas, de acesso a livre criação e realização como ser humano.
Nossas escolas precisam ser revistas, a musicalidade existente na alma da criança e do jovem respeitada e estimulada…suas formas de ver o mundo e sua voz…ouvidas…
Lembro aqui prezados, os GRUPOS DE AUTO AJUDA…quantos jovens, adultos, idosos se valem deles e encontram aí ferramentas não religiosas para lidar com a necessária transformação e busca da liberdade tolhida pela dependência?
Há portanto um conjunto de estratégias a serem colocadas em prática para a superação do problema.
Quanto a internação compulsória, é necessária, mas não suficiente e o debate ¨contra e a favor¨ difuculta os necessários avanços rumo a uma Política Nacional e Políticas locais e microlocalizadas que fortaleçam as práticas médicas e humanitárias já existentes e a disposição do doente – o dependente químico que, em seu estágio compulsivo, nada vê…a droga é o centro de seu mundo.
Não podemos ficar a olhar como se não fosse um problema,uma doença.Internar já.
Os argumentos do Túlio Batista Franco são muito fortes e evidenciam uma necessidade urgente: a inevitabilidade de uma nova postura para os indivíduos se posicionarem perante a realidade, porque remontam a um movimento secular e necessário – o Humanismo. Hoje esquecido por força dos valores impostos pelo capitalismo selvagem que introduziu lentamente a cultura consumista e individualista que norteia hoje a sociedade. Precisamos mais que depressa nos acostumar a realidade de que fazemos parte de uma coletividade e que só há uma maneira de melhorar esta realidade para nós e para os mais próximos: é nos preocupando com o bem-estar da coletividade.
Sou a favor da internação compulsória.
Sugiro que quem é contra leve todos os dependentes para sua casa e cuide deles lá.