Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontaram que a Amazônia Legal perdeu 3.036 km² de floresta entre agosto de 2013 e julho de 2014. O montante desmatado é equivalente a duas vezes o tamanho da cidade de São Paulo e corresponde a um crescimento de 9,8% em relação ao período anterior.
O mecanismo do Inpe analisa a degradação (desmatamento parcial) e o corte raso (desmatamento total) da floresta nos estados que possuem vegetação amazônica (todos os da região Norte, além de Mato Grosso e parte do Maranhão). Os números apontados ajudam órgãos de controle e fiscalização.
Desmatamento ocasiona falta d’água em várias regiões
Esse crescente desmatamento é o responsável pela falta d’água em várias regiões brasileiras. A Amazônia bombeia para a atmosfera a umidade que vai se transformar em chuva nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Fincadas a até 20 ou 30 metros de profundidade, as raízes das árvores sugam a água da terra. Os troncos funcionam como tubos. E, pela transpiração, as folhas se encarregam de espalhar a umidade na atmosfera.
Diariamente, cada árvore amazônica bombeia em média 500 litros de água. A Amazônia inteira é responsável por levar 20 bilhões de toneladas de água por dia do solo até a atmosfera, 3 bilhões de toneladas a mais do que a vazão diária do Amazonas, o maior rio do mundo.
O climatologista do Inpe Gilvan Sampaio explica que as chuvas que ocorrem principalmente durante o verão e duram vários dias é que recarregam os principais reservatórios da região Sudeste. Quanto maior o desmatamento, menos umidade e, portanto, menos chuva. E sem chuva, os reservatórios ficam vazios e as torneiras, secas.
“Rio voadores” cruzam o Brasil
Esse imenso fluxo de água pelos ares é chamado de “rios voadores”. Testes feitos em laboratório comprovaram: mais da metade da água das chuvas nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil e também na Bolívia, no Paraguai, na Argentina, no Uruguai e até no extremo sul do Chile vem da Amazônia.
Os pesquisadores não têm dúvida: sem a Amazônia, os estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul fatalmente seriam desertos.
Com informações do G1.