“Estamos no início da saída gradual da era do petróleo. Essa mudança é motivada pela necessidade de mitigar as mudanças climáticas e facilitada pela eminência do pico do preço do petróleo.” A afirmação é do economista e sociólogo Ignacy Sachs, professor emérito da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, França.
Sachs considera esta a terceira grande transição na longa história da co-evolução da espécie humana com a biosfera. Tal transição sucede a revolução neolítica que ocorreu há 12 mil anos ? marcada pela domesticação de vegetais e animais ? e a era das energias fósseis, iniciada há três séculos.
“Convém buscar soluções simultâneas à ameaça de mudanças climáticas deletérias e possivelmente irreversíveis, bem como ao avanço das desigualdades sociais e ao déficit crônico e grave de oportunidades de trabalho decente”, alerta o economista.
Para que a humanidade tenha êxito na busca dessas soluções, “devemos examinar até onde podemos avançar na construção de biocivilizações modernas, baseadas na captação de energia solar pela fotossíntese e no uso múltiplo de biomassas como alimento humano, ração animal, adubo verde, bioenergias, materiais de construção, fármacos e cosméticos”.
Segundo Sachs, as vantagens comparativas naturais dos países tropicais devem ser potencializadas pela pesquisa e pela organização social apropriada do processo produtivo: “A pesquisa deve explorar o trinômio biodiversidade?biomassas?biotecnologias, estas últimas aplicadas nas duas pontas do processo produtivo em busca de soluções intensivas em conhecimentos e mão-de-obra e poupadoras de recursos naturais e financeiros”.
Em 2006/2007, Sachs coordenou o ciclo temático “Civilização da Biomassa”; os vídeos dos encontros estão na seção “Biomassa” da Midiateca Online: http://www.iea.usp.br/iea/online/midiateca/biomassa