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Em cinco anos nenhuma criança deveria nascer com sífilis ou HIV


13 de outubro de 2010

Com o tratamento adequado, a transmissão de mãe para filho do vírus da deficiência imunológica humana (HIV), causador da aids, e da sífilis congênita pode ser detida. Mas, ainda assim, milhares de recém-nascidos apresentam estas doenças a cada ano na América Latina e no Caribe. ?Apesar de existir uma boa cobertura de atenção pré-natal, na América Latina e no Caribe é registrada uma baixa cobertura de partos institucionais, o que representa uma barreira muito importante para a implementação de uma estratégia de eliminação? destes males.O parágrafo pertence à ?Iniciativa regional para a eliminação da transmissão materno-infantil do HIV e da sífilis congênita na América Latina e no Caribe?, divulgada no final de 2009 pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPS). Esta estratégia considera um enfoque integrado de atenção às grávidas, para erradicar a transmissão vertical das duas doenças até 2015.


Para o HIV, a eliminação se entende como a redução dos casos a 2% ou menos e para a sífilis congênita uma incidência abaixo de 0,5 casos, ou menos, incluídos os nascidos mortos para cada mil nascidos vivos. Se na região há uma média de 0,3% de grávidas com o vírus, estima-se que entre 5.700 e 10.400 crianças nasçam infectadas por transmissão vertical durante a gestação, o parto e a amamentação.


Quanto à sífilis, calcula-se que há uma média de quase 4% de latino-americanas e caribenhas com a doença e pelo menos 164 mil crianças que nascem infectadas por ano. O médico Marcelo Vila, assessor da OPS em HIV e doenças sexualmente transmissíveis (DST) para Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai, explicou que ?com uma adequada atenção à grávida pode-se eliminar a transmissão das duas?. O ?problema é que a condição médica nem sempre é suficiente, porque há problemas de acesso ao sistema de saúde e de cobertura. Nesse ponto a região não é homogênea?, acrescentou.


O Chile tem indicadores que o colocam perto da meta, já na Argentina, no Uruguai e Paraguai os dados variam muito de acordo com as regiões, acrescentou Vila. ?O que a iniciativa da OPS propõe é garantir o acesso da mulher grávida ao controle pré-natal, ao diagnóstico e ao tratamento, se necessário, que é muito simples para atacar a sífilis?, insistiu o médico argentino.


Por seu lado, a médica Bertha Gómez, assessora regional da OPS em HIV e DST para os países andinos, disse que os recursos existem, mas persistem as diferenças no acesso entre regiões e países. ?Em geral, em nossas nações (da região andina) há coberturas altas de controle pré-natal e de parto institucional, há vontade política, recursos humanos disponíveis para fazer o trabalho e tecnologias para o tratamento?, assegurou.


Na América Latina e no Caribe há países que mostram indicadores-modelos nesta matéria, como é o caso de Cuba e Chile, enquanto outros estão muito atrasados, como Haiti, Bolívia ou Paraguai, disse Gómez. O informe confirma que há nações que já fizeram ?progressos significativos? para a eliminação da transmissão vertical das duas doenças, mas outros mostram ?brechas importantes?. No geral, ?as condições básicas para a eliminação das duas enfermidades estão ao alcance da região?, diz o informe da OPS. Os tratamentos e as ferramentas de diagnóstico são ?simples e acessíveis?, ressalta.


A transmissão materno-infantil do HIV pode ser reduzida com o tratamento antirretroviral na gravidez, com o tipo de parto ? recomenda-se cesariana ? e com a substituição do leite materno, conclui o documento. Já a sífilis congênita pode ser interrompida apenas com a administração de uma dose adequada de penicilina na grávida, acrescenta o texto. No entanto, a organização alerta que a porcentagem de grávidas que faz exame para detectar o HIV na região não passa de 55%, na média.


Uma barreira é a falta de cuidado pré-natal, outra éo parto atendido por pessoal não qualificado. Também há dificuldades de acesso a exames de diagnóstico e, quando são feitos, o resultado demora um tempo inaceitável. O estudo diz, ainda, que nos sistemas de saúde persiste a ?fragmentação de serviços?, o que leva ao paradoxo de haver crianças que receberam o tratamento preventivo para evitar a transmissão do HIV e logo faleceram devido à sífilis congênita.


?O que ocorreu nos últimos 20 anos é que o HIV/aids ofuscou as outras DST e agora temos que voltar a ver todas porque, embora a sífilis seja curável, não está superada?, alertou Vila. O médico explicou que um terço das gestações de mulheres com sífilis que não recebem o tratamento deriva em morte do feto, outro terço em filhos afetados em diversos graus e apenas um terço em nascimentos de sadios.


Patricia Pérez, coordenadora da Comunidade Internacional de Mulheres Vivendo com HIV/aids (ICW), considerou que a iniciativa ?é válida?, mas alertou que é preciso que as mulheres participem para avaliar se as práticas funcionam. ?Um médico pode recomendar a uma mulher com HIV que não amamente o recém-nascido, mas é provável que, por necessidade, essa mulher dê o leite maternizado a outros filhos e amamente o recém-nascido?, alertou. Para Pérez, é necessária ?uma política integral para a mulher? que a atenda não só na gravidez ou nos dias posteriores ao parto, mas ao longo de toda a vida. Com informações Envolverde (www.envolverde.com.br) / Marcela Valente

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