Acaba de ser produzido o primeiro tomate agroecológico do país, sem resíduo de defensivos agrícolas. O tomate foi cultivado pelo sistema tecnológico Tomatec, implementado pela unidade Embrapa Solos/RJ, que, em breve, pedirá a certificação do produto e o registro da marca à Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa). A certificação vai possibilitar a criação de um selo verde, como o dos orgânicos, que estabelece a rastreabilidade do produto com código de barras, que aponta qual é o produtor, a variedade e o local de plantação.De acordo com José Ronaldo Macedo, pesquisador que liderou o projeto, o novo produto poderá será oferecido em maior escala aos consumidores fluminenses a partir de 2007, se outros produtores aderirem ao novo sistema no plantio. O sistema começa a ser implantado por três agricultores de São José do Ubá, cidade da região noroeste do estado, que testaram com êxito a nova tecnologia. ?O produto tem uma aparência muito boa, brilhosa, e os frutos têm maior resistência. Quanto ao sabor, não existe um trabalho específico, mas uma garantia a gente tem: esses frutos não têm resíduos de agrotóxicos?, afirmou Macedo.O novo sistema de produção resultou de estudos iniciados em 1994, na cidade de Paty de Alferes, sobre controle da erosão do solo. O objetivo era fixar o plantio do tomate numa mesma área e evitar o deslocamento da cultura a cada dois anos, como ocorre atualmente. O sistema foi concluído no mês de setembro, após testes de pureza realizados pelo Instituto Nacional de Controle de Saúde (INCQS), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em amostras da colheita de São José do Ubá. Os agricultores plantaram 12 mil pés de tomate e conseguiram, cinco meses depois, uma safra com média de produtividade de 300 caixas para cada mil pés da fruta, nível já considerado escala comercial. O novo método é baseado no manejo integrado de pragas e no uso do defensivo mais adequado. Primeiro, é feito um levantamento do nível de dano do solo por pragas e das plantas infectadas. Depois, um agrônomo da Embrapa analisa e receita o tipo e a quantidade de defensivo a ser aplicado no terreno. O plantio direto é realizado após essa fase e reúne a irrigação por gotejamento (fertirrigação) com adubo solúvel, o ensacamento do fruto e a condução vertical e especial da lavoura que garantiu menos de 1% de queda da planta, substituindo o sistema antigo de amarrá-la ao bambu, que não dava sustentabilidade e causava grande perda da produção. O sistema reduz em 60% o uso de agrotóxico na lavoura e em 40 % o uso de adubos químicos. ?A gente consegue evitar a erosão, fixando o produtor, fazendo melhorias no solo, e garante o uso adequado da água nessa cultura, que é uma das que mais consomem. O gotejamentro tem eficácia acima de 95%, e toda a água aplicada é utilizada pela planta?, explica José Macedo.AssistênciaNuma primeira etapa, os agrônomos da Embrapa prestarão assistência técnica aos produtores que adotarem o Tomatec. Ainda neste ano, entretanto, a Embrapa Solos divulgará um manual de produção para estimular os produtores a criar associações ou cooperativas que conduzam o projeto livremente.Segundo o pesquisador, a certificação do produto vai possibilitar a criação de um selo verde, como o dos orgânicos, que estabelece a rastreabilidade do produto com código de barras que aponta qual é o produtor, a variedade e o local de plantação. Macedo informou também que um artigo científico sobre o Tomatec será publicado pela Fiocruz.O pesquisador explicou que o novo sistema encarece um pouco o produto porque a escala de produção ainda é pequena, e a proposta é a de criar um mercado diferenciado para que o produtor tenha um preço compensatório. ?Espero que o consumidor, ao ver esse tomate na loja, saiba que, ao pagar um preço diferenciado, está pagando pela preservação ambiental, que se reverte num produto de qualidade para ele consumir?, afirmou Macedo. Fonte: Agência Brasil, com base em matéria de Norma Nery.