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Meio Ambiente, Clima e Vulnerabilidade

Encíclica papal propõe nova definição de desenvolvimento


6 de julho de 2015

A encíclica sobre ecologia do papa Francisco, intitulada Laudato Si (“Louvado Seja”), que foi mundialmente apresentada no dia 18 de junho, faz um duplo apelo para que as comunidades e lideranças políticas protejam a Terra, controlando as mudanças climáticas, e substituam o modelo de desenvolvimento atual por um sustentável e integral.

Ao longo do documento, que é uma espécie de carta aos bispos, fiéis e a toda a população interessada, Jorge Mario Bergoglio afirma que é preciso buscar uma “nova definição de progresso” que não se baseie apenas no desenvolvimento econômico, e pede que os países ricos aceitem “um certo decréscimo” de seu consumo a fim de frear o impacto humano sobre o ambiente.

Ele destaca: “não é suficiente conciliar, a meio termo, o cuidado da natureza com o ganho financeiro, ou a preservação do meio ambiente com o progresso. Neste campo, os meios-termos são apenas um pequeno adiamento do colapso. Trata-se simplesmente de redefinir o progresso. Um desenvolvimento tecnológico e econômico, que não deixa um mundo melhor e uma qualidade de vida integralmente superior, não pode se considerar progresso”.

Na encíclica, que tem cerca de 190 páginas, o pontífice afirma que “há demasiados interesses particulares e, com muita facilidade, o interesse econômico chega a prevalecer sobre o bem comum e manipular as informações para não ver afetados seus projetos”. E ressalta que a população mundial foi obrigada a “pagar a todo custo” o resgate dos bancos durante a mais recente crise financeira e econômica.

De acordo com o documento, “os poderes econômicos continuam a justificar o sistema mundial atual, onde predomina a especulação e a busca de receitas financeiras que tendem a ignorar todo o contexto e os efeitos sobre a dignidade humana e sobre o meio ambiente”.

A encíclica chama atenção para a gravidade do consumismo e das desigualdades entre ricos e pobres, afirmando que “alguns se arrastam numa miséria degradante”, enquanto outros “deixam atrás de si um nível [impraticável] de desperdício (…) como se tivessem nascido com maiores direitos”.

O Papa concorda com os estudos científicos que apontam a ação humana como maior causadora do aquecimento global e reforça a tese de que, se nada for feito, o desabastecimento e o controle da água por grandes empresas se transformará em uma das principais fontes de conflitos das próximas décadas.

Francisco também ressalta que, além de a sociedade ainda não dispor da “cultura” necessária para enfrentar a crise ambiental, faltam lideranças capazes de apontar novos caminhos para satisfazer as necessidades das gerações atuais, sem prejudicar as gerações futuras. “Cresceu a sensibilidade ecológica das populações, mas é ainda insuficiente para mudar os hábitos nocivos de consumo, que não parecem diminuir”, diz o documento.

O Papa é taxativo ao manifestar sua preocupação com a “fraqueza da reação política internacional” ao problema. Segundo ele, a submissão da política à tecnologia e à economia pode ser constatada na “falência” das cúpulas mundiais sobre o meio ambiente, cujos resultados são sempre inferiores às expectativas.

O pontífice condena a proposta de internacionalização da Amazônia, que “apenas serviria aos interesses das multinacionais” e afirma ser “gravíssima iniquidade obter importantes benefícios fazendo pagar o resto da humanidade, presente e futura, os altíssimos custos da degradação ambiental”.

O teólogo Leonardo Boff lembra que “é a primeira vez que um papa aborda o tema da ecologia no sentido de uma ecologia integral (portanto, que vai além da ambiental) de forma tão completa”. E completa, afirmando que a encíclica “elabora o tema dentro do novo paradigma ecológico, coisa que nenhum documento oficial da Organização das Nações Unidas (ONU) até hoje fez”.

Organizações sociais aprovam o documento

Organizações sociais de todo o mundo aprovaram a encíclica sobre meio ambiente. Para o Greenpeace, organização não governamental (ONG) de proteção ambiental, a divulgação do documento papal a menos de seis meses da 21ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP-21, é um forte sinal de que o mundo precisa de um acordo relevante para evitar que o meio ambiente continue sendo degradado. A organização aponta ainda que os líderes mundiais precisam dar uma resposta à altura do desafio climático. A conferência está agendada para dezembro, em Paris, na França.

Em nota, o Greenpeace diz que considera “extremamente valiosa” a intervenção do Papa Francisco e que a encíclica é “clara e franca” ao tratar da necessidade de mudanças políticas mundiais.

Ao falar sobre a encíclica, a presidente da organização ambiental WWF, Yolanda Kakabadse, afirmou que “as mudanças climáticas não são mais apenas um problema científico, são cada vez mais um problema moral e ético”.

O subsecretário-geral da ONU e diretor-executivo do Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, divulgou nota em que compara o apelo do papa Francisco por mudanças que detenham a degradação ambiental a um “toque de clarim que ressoa, não só para os católicos, mas para todos os povos da Terra”.

“Não devemos esquecer que os mais pobres e vulneráveis são os que mais sofrem com as mudanças que estamos vivenciando. A gestão ambiental dos seres humanos para o planeta deve reconhecer os interesses, tanto das gerações atuais, como das futuras”, afirma Steiner, reforçando que a busca por respostas aos atuais problemas é um imperativo moral.

Para ler o texto da encíclica completo clique aqui.

Fontes: Agência Brasil, Folha de S.Paulo, Fórum

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