A relação da tecnologia com o desenvolvimento foi debatido durante painel realizado pela Incubadora de Economia Solidária, Desenvolvimento e Tecnologia Social da Unijuí (Itecsol), dia 5 de maio. Os professores da universidade Unijuí e convidados destacaram o papel fundamental da extensão universitária como elemento norteador da pesquisa científica que resulta em tecnologias sociais. O professor Telmo Frantz expôs que a tecnologia não é os instrumentos que se utilizam, mas a capacidade de criá-los, por meio do conhecimento científico, fruto do avanço da humanidade neste campo. Neste sentido, a tecnologia social seria uma forma de aplicação do conhecimento científico na solução de problemas sociais, com metodologias alternativas, embora ressalte que o conceito de tecnologia social ainda está em construção. Ele reforçou a importância de os países que buscam o desenvolvimento invistirem em desenvolvimento de conhecimento científico e na massificação da educação no país, como fatores essenciais neste processo.Já o professor Benedito Silva Neto expôs que não existe tecnologia fora da sociedade, mas que há determinadas tecnologias mais intensivas em capital, desenvolvidas por instituições públicas e privadas e voltadas, sobretudo, às classes dominantes. Essas tecnologias foram classificadas, pelo professor, como Tecnologias Institucionais. Por outro lado, tecnologias mais intensivas em trabalho, geralmente desenvolvidas pelos próprios agentes que as utilizam, sem apoios institucionais significativos, poderiam ser classificadas como Tecnologia Social. Com base em pesquisas, o professor Benedito demonstrou que em grande parte das situações, as tecnologias sociais são mais eficientes para os grupos sociais menos privilegiados, pois apresentam uma relação custo/beneficio mais favorável a estes, desmistificando a noção de que sem ?tecnologia de ponta? não se atinge o desenvolvimento.Concluiu questionando sobre qual é o papel da universidade e dos profissionais nela formados. Se esse papel é o de aplicadores de pacotes tecnológicos produzidos de forma isolada do cotidiano dos agentes econômicos e sociais, ou se é de interagir com estes agentes, visando à construção de tecnologias que permitam aos próprios agentes atuarem na solução de seus problemas, a partir das liberdades substantivas e da inteligência coletiva.O debatedor Gildo Darci Dias, integrante da Natruagro, problematizou as dificuldades dos trabalhadores, em especial os agricultores, que são obrigados a aceitar pacotes de tecnologias que não são elaborados para sua realidade. À medida que não se vê pesquisas gerando processos e produtos que realmente favoreçam grande parte da população, não há iniciativas dessa ordem que estimulem a criatividade desses trabalhadores. Indagou aos debatedores se havia perspectivas de mudança desta lógica no País. O presidente da 3º Tec e Inova, Clederson Lopes, ressaltou a importância de aproximar as pessoas da tecnologia e alertou que a academia precisa estar mais presente junto aos agentes sociais.