A escassez de água que atinge historicamente Burkina Faso, no continente Africano, vem se agravando e já causa transtornos a fauna local. A população está alerta sobre as consequências da ausência do recurso natural para os animais, após vislumbrar um par de búfalos circulando agressivamente pela entrada de uma aldeia no leste do país.
Em algumas regiões, como Bogandé, começou haver conflitos entre humanos e animais. Um agricultor foi ferido por um búfalo no local. De acordo com o diretor de Natureza e Caça em Burkina Faso, Urbain Bélemsobgo, os mamíferos grandes serão mais afetados pela escassez hídrica, uma vez que estes animais dependem muito de fornecimentos adequados.
Segundo o coordenador da parte do Parque Regional W., Pierre Kafando, as fontes hídricas permanentes são encontradas normalmente em um raio de dez quilômetros. No entanto, atualmente está difícil encontrar poços de água em áreas de até 50 quilômetros.
Migração
A escassez de chuvas tem impacto desastroso na natureza: muitas espécies, como macacos e alguns antílopes, estão morrendo em quantidades preocupantes. O coordenador alerta que nesta temporada o parque recebeu entre 600 e 650 milímetros de água, enquanto o comum era que o número chegasse a 950 mm.
A ausência de fontes de água levam os animais a migrarem para regiões fora do território habitual, causando conflitos com outras espécies. Alguns animais, na tentativa de encontrar o recurso, cavam os poços secos e acabam ficando presos no local. Além disso, já há registros de que agricultores locais tenham perdido burros e grãos devorados pelos animais selvagens.
O Parque, declarado Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), abriga entre 2,5 mil e três mil elefantes, 15 mil búfalos e grandes quantidades de antílopes e grandes felinos.
Poços
No final do ano passado, para aliviar a escassez de água, o governo gastou US$ 180 mil na criação de pontos hídricos artificiais, com bombas alimentadas a energia solar. Alguns dos operadores de caça autorizados criaram poços semelhantes.
O Banco Mundial entregou um plano de emergência de US$ 700 mil para perfurar 30 novos poços e reabilitar outros, além de alugar caminhões-tanque para voltar a encher os tanques existentes. Nos próximos cinco anos, um programa de US$ 22,4 milhões pretende estabelecer pontos hídricos, harmonizar o manejo e incentivar o turismo no parque.
Segundo o governo local, boa parte da população pode sofrer escassez de alimentos este ano. Mais de 80% da população do país depende da agricultura de subsistência, extremamente vulnerável à escassez de chuvas.
Com informações da IPS