Levantado pela maioria dos candidatos à Presidência da República como prioridade, aumentar a parcela do Produto Interno Bruto (PIB) destinado à educação também é uma urgência para especialistas da área. O aumento poderia garantir maior repasse da União para cumprir políticas estaduais e municipais, além de ajudar a validar o piso salarial dos professores.A avaliação foi feita a partir das propostas levantadas nas entrevistas com os quatro principais candidatos, realizada pelo Portal Aprendiz, em agosto. Foram ouvidos representantes do Conselho Nacional de Educação (CNE), Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), da organização não-governamental Ação Educativa, União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).?Cabe a União repassar recurso para ajudar a cumprir o piso salarial do professor e a implantação do Custo Aluno Qualidade (CAQi)?, declara o presidente do CNE, Antônio Carlos Ronca. ?É urgente aumentar a verba para educação. O ideal seria chegarmos a 10% do PIB. Isso, porém, depende do crescimento do país. O que vejo como viável é alcançar 7% nos dois próximos anos?.Com orçamento maior, uma das expectativas, de acordo com o presidente da Undime, Carlos Eduardo Sanches, é garantir acesso ao ensino para todas as crianças de 4 a 17 anos. Uma Emenda Constitucional aprovada no final do ano passado tornou obrigatório o ensino a todos que estão nessa faixa etária. Estados e municípios têm até 2016 para cumprirem a meta.Segundo a Secretaria de Educação Básica do MEC, 4,18 milhões de crianças no país ainda estão fora da escola. ?Maior financiamento também deve servir para contratar e beneficiar os professores, além de investir em equipamentos e infraestrutura. Um centro de educação infantil custa cerca de 70% dos valores investido na obra por ano. Estamos com os orçamentos completamente estrangulados?, completa Sanches.Investir na inclusão digital também foi apontado como essencial para melhorar a educação no Brasil. Informações da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) revelam que o Programa Banda Larga nas Escolas alcançou quase 73% das instituições públicas de ensino do país. No entanto, é preciso garantir a apropriação da tecnologia digital por todos, ressalta Sanches.Além disso, a presidente da Apeoesp, Mariz Izabel Noronha, diz que é preciso melhorar os recursos didáticos pedagógicos atuais. ?Não adianta deixar o aluno em uma sala que é do século passado, o aluno está em outro contexto. Ele não se interessa por lousa, mas por lan house?, avalia.Para a Ação Educativa, mais importante do que determinar uma parcela do PIB para o ensino, seria o comprometimento dos candidatos à Presidência em fazer valer o Custo Aluno Qualidade (CAQi). A adoção do mecanismo, que determina um valor mínimo por estudante para garantir qualidade do ensino, foi levantado como uma prioridade na Conferência Nacional de Educação (Conae), realizada entre março e abril de 2010. Os especialistas também avaliaram que a implantação do CAQi deveria ser uma urgência para os presidenciáveis. ?A medida é especialmente importante para as regiões mais pobres, que sofrem com mais desigualdade?, declara o presidente da CNE. ?A União deveria repassar verba para garantir o CAQi?.