Estados buscam alternativas para reduzir uso de sacolas plásticasAlguns estados estão tentando mudar a legislação e adotar iniciativas para reduzir o uso de sacolas plásticas. O governo do estado do Paraná está buscando alternativas para as sacolas plásticas distribuídas nos supermercados e quer diminuir em 30% todo resíduo que vai para os aterros sanitários. Para reduzir esse lixo, o governo estadual adotou medidas como a distribuição gratuita de sacolas oxi-biodegradáveis e o diálogo com os donos das redes de supermercados para a conscientização e uso das sacolas.Além disso, o governo do estado apóia as discussões na Assembléia Legislativa, onde tramitam três projetos de lei sobre o assunto. Hoje, são produzidas no Paraná 20 mil toneladas de resíduos e cerca 160 milhões de sacolas plásticas por mês, segundo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos.O secretário de Meio Ambiente Rasca Rodrigues lembrou que a lei determina que as empresas retirem e reciclem as embalagens plásticas, mas isso não ocorre. “Como as indústrias não fazem esse trabalho, é preciso criar mecanismos para degradar o produto. O ideal seria que as pessoas não utilizassem esse tipo de embalagem, mas ainda estamos distantes disso”, afirmou, depois de informar que dispõe de laudos de laboratórios internacionais atestando que a biodegradação não causa danos ao meio ambiente.Já na Assembléia Legislativa de São Paulo também foi aprovado projeto de lei que obrigaria os estabelecimentos comerciais a trocarem sacolas de plástico comum por material biodegradável. Mas o governo estadual vetou o projeto, apesar do fato de o Brasil produzir anualmente 210 mil toneladas do chamado plástico filme, a matéria-prima dos saquinhos plásticos. O projeto informa que esse total representa cerca de 10% do lixo do país e pode levar até um século para desaparecer.O Rio de Janeiro também busca alternativas e enviará a Assembléia Legislativa, ainda em agosto, projeto de lei que proíbe a distribuição e torna obrigatória a substituição das sacolas por plástico fabricado com material biodegradável. Novas tecnologias têm que ser estudadasAs novas tecnologias para reduzir o uso do plástico, como as sacolas oxi-biodegradáveis ? que se decompõem em contato com o ar, o calor e a umidade em um prazo de 18 meses ?, precisam ser bem estudadas para que não causem maiores danos à natureza. O alerta é de Luiz Fernando Merico, diretor do Departamento de Economia e Meio Ambiente do Ministério do Meio Ambiente, para quem “o fato de as sacolas se decomporem à luz do sol não significa que esse material vá desaparecer”.”Essas tecnologias têm que ser bem estudadas porque não adianta apenas a gente fazer com que o impacto visual suma. É necessário que haja uma solução de caráter mais abrangente?, diz Fernando Merico. Para ele, por meio da educação ambiental, o consumidor deve ser levado a reduzir o uso desses materiais. Ele lembrou que o lixo orgânico das residências também é um problema que precisa ser avaliado, por ser acondicionado em sacolas plásticas.”No Brasil não há experiência de coleta de resíduos orgânicos. Ainda não temos a certeza se seria a criação de legislação específica beneficiando uma ou outra tecnologia, mas estamos preocupados porque o plástico tem se tornado um resíduo com impactos desagradáveis?, afirmou.Dados da Fundação Verde (Funverde) apontam o consumo de um milhão de sacos por minuto em todo o mundo, o que significa quase 1,5 bilhão por dia e mais de 500 bilhões por ano. A cada mês, mais de um bilhão de sacos plásticos são distribuídos nos supermercados no Brasil ? ou 66 sacos plásticos para cada brasileiro por mês. Em 2004, os resíduos plásticos pós-consumo no Brasil somaram quase 2,2 milhões de toneladas. Deste total, menos de 5% foram reciclados, ou seja, apenas 360 toneladas. Sacolas de tecido Evanira Maria de Lima, costureira há 33 anos, é associada a uma organização não-governamental em defesa da ecologia. Apesar de uma levar “uma vida difícil, responsável pelo sustento de uma família com cinco pessoas”, ela conta que sempre se preocupou em fazer trabalhos comunitários e de preservação da natureza. Há mais de 20 anos, relatou, conheceu Bento Viana, um “fotógrafo preocupado com o meio ambiente”. E no trabalho como voluntários em uma comunidade perto de Brasília surgiu a idéia de confeccionar as primeiras bolsas de tecido para serem vendidas e ajudarem a entidade.Em uma Kombi estacionada em uma das entrequadras de Brasília, ela fazia consertos de roupas. Em casa, confecciona cortinas e sacolas de pano para vender. E o fotógrafo, habituado a levar caixas ou sacolas de tecidos para trazer as compras do supermercado, chamava a atenção dos comerciantes e dos outros consumidores por rejeitar as sacolas de plástico.?Isso nos motivou a buscar a melhoria do nosso trabalho, ou seja, uma bolsa melhor, com tecido e costura de boa qualidade para ser resistente. Uma bolsa onde coubessem as compras do supermercado, da feira, mas também pudesse ser levada a outras lojas, por ser bonita e colorida e usável em qualquer situação?, disse Bento Viana, que encomendou a Evanira as primeiras cem unidades.Para ela, uma ajuda no orçamento e a satisfação do trabalho de ajudar o meio ambiente. Evanira lembrou que os consertos de roupas na Kombi e as eventuais encomendas de cortinas nem sempre foram suficientes para pagar as contas. “Chegou esse extra e tem auxiliado a mim e a outras pessoas”, disse. Dos cerca de R$ 2 mil mensais, o orçamento subiu em aproximadamente R$ 900 com a confecção das sacolas, “que ainda está no começo”.Fonte: Agência Brasil (www.agenciabrasil.gov.br ), com base em matéria de Gláucia Gomes.