Proteger a saúde pública e promover a segurança alimentar, por meio da redução dos gases de efeito estufa, são os principais objetivos de um novo estudo da Agência Espacial Americana (Nasa) publicado na última edição da revista Science, que tem como base dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo a pesquisa coordenada por Drew Shindell, do Instituto Goddard para
Estudos do Espaço (Giss, na sigla em inglês), vinculado à Nasa, caso as principais medidas para controlar a poluição do ar fossem implementadas, elas poderiam diminuir o ritmo do aquecimento global, melhorar a saúde das pessoas e ainda aumentar a produção agrícola universal.
“Nós estamos mostrando que a implementação de reduções práticas de emissões específicas poderiam maximizar os benefícios do clima, da saúde humana e da agricultura”, destacou Shindell.
De acordo com o texto, a adoção destas medidas auxiliaria na diminuição significativa do aquecimento global, chegando a 0,9º C (0,5 º C) até 2050, além de aumentar o rendimento agrícola em até 135 milhões de toneladas por safra e evitar centenas de milhares de mortes prematuras a cada ano. Para os estudiosos, todas as regiões do planeta poderão sentir os efeitos positivos dessas mudanças.
Shindell e sua equipe consideraram cerca de 400 medidas de controle, baseados nas tecnologias avaliadas pelo Instituto Internacional para Análise Aplicada de Sistemas, em Laxenburg, na Áustria, e chegaram ao número final de 14. Todas tratam da diminuição de poluentes que agravam as mudanças climáticas e colocam em risco a saúde humana e vegetal – seja diretamente ou por levar à formação de ozônio.
“Proteger a saúde pública e o abastecimento de alimentos são ações ligadas às alterações climáticas ocorridas na maioria dos países. Sabendo disso, podemos motivar os governos a colocar em prática essas medidas” – Drew Shindell.
Entre os principais poluentes estão o carbono negro e o metano, que circulam fora da atmosfera mais rapidamente e representam impacto mais imediato do que o dióxido de carbono (CO2), mais abundante na Terra e principal causador do aquecimento global em longo prazo, segundo os cientistas.
Para a equipe de estudo de Shindell, as ações de controle oferecem maior proteção contra o aquecimento global para países como Rússia, Tadjiquistão e Quirguistão, em que existem grandes áreas cobertas por neve ou gelo. Irã, Paquistão e Jordânia experimentariam a melhoria na produção agrícola, enquanto os países do Sul da Ásia e da região desértica do Sahel, na África, veriam mudanças benéficas nos padrões de precipitação.
Já os países do Sul da Ásia, como Índia, Bangladesh e Nepal, acompanhariam reduções significativas no número de mortes prematuras. Segundo o estudo, entre 700 mil e 4,7 milhões de mortes prematuras poderiam ser evitadas por ano, em todo o mundo.
Com informações do Estadão.com