O Centro-Oeste sofreráas maiores perdas econômicas do Brasil, em termos proporcionais, com o aquecimento global. Até 2050, o prejuízo pode atingir R$ 639 bilhões, o equivalente a dois anos e meio de crescimento. Só em Mato Grosso, principal polo do agronegócio da região, o valor chega a R$ 333 bilhões. É como se aquele estado parasse de gerar riquezas durante mais de cinco anos.
As informações fazem parte de uma nova etapa do estudo “Economia do Clima”, que em fins de 2009 estimou prejuízo de atéR$ 3,6 trilhões nos próximos 40 anos em todo o Brasil. Um novo relatório, com lançamento oficial previsto para o primeiro trimestre de 2010, detalha onde e como acontecerão os estragos.
AgriculturaCarolina Dubeux, coordenadora operacional do projeto (que reúne 11 instituições de pesquisa), adiantou alguns resultados. Segundo a pesquisadora da Coppe-UFRJ, os indicadores demonstram uma diminuição significativa das áreas “aptas às culturas alimentares”. Sobretudo por conta do clima mais quente e seco e do acesso à água mais limitado.
O estudo baseia-se em dois cenários do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) – um com emissões menores de gases, outro com emissões maiores. A medida de comparação é o PIB, soma de todas as riquezas produzidas, de 2008.
Norte-Nordeste
No Nordeste, as áreas de cultivo podem encolher 23% até2070. No pior cenário, a região perderá R$ 653,7 bilhões, quase duas vezes seu PIB de 2008. Alagoas tem prevista a maior perda relativa da região (R$ 95 bilhões), quase cinco anos de crescimento jogados fora.
No Norte, as quedas variam entre R$ 91,6 bilhões e R$ 267 bilhões. Roraima, cujo PIB (de R$ 4,2 bilhões) é o menor do Brasil, perderá, no mínimo, o equivalente a 14 meses de produção. Na pior hipótese, amargará estragos comprometendo três anos de sua economia.
O estudo alerta que a redução nas áreas de cultivo aumentará a pressão sobre as florestas nativas. A expansão do pasto também é uma preocupação, afirma Dubeux: “as pastagens têm baixa produtividade, mas em algumas regiões serão uma opção tentadora para substituir as lavouras. Isso é preocupante”.
Poluição atrai poluição
“Precisaremos de investimentos muito grandes para compensar os efeitos negativos da redução dos recursos hídricos”, diz a coordenadora do estudo, que aponta uma queda de até31,5% da capacidade de geração de energia firme (aquela garantida mesmo sob condições climáticas adversas).
Com informações do site do MST (www.mst.org.br) e da Folha de S. Paulo.