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Falsas identidades: pré-adolescentes têm até quatro perfis na internet


15 de junho de 2016

Especialistas afirmam que o risco de cibercrimes aumenta porque a meninada abre contas que não revelam aos pais.

Micaela Ortega, de doze anos, tinha quatro perfis no Facebook. Sua mãe Mônica estava ciente dessa situação, mas não podia controlá-la. Ela também sabia que nessa multiplicação de perfis estava a chave do desaparecimento da filha. Micaela foi procurada durante dias pelo país inteiro.

O prefeito da cidade argentina de Bahía Blanca, na província de Buenos Aires, chegou a sugerir que a menina tinha ido embora de casa. Mas a mãe dela tinha razão. A pista estava nas redes sociais. Foi por esse lado que o promotor de Justiça encaminhou a busca e por esse lado que chegaram ao trágico desenlace.

Micaela apareceu morta em um terreno baldio, longe de casa, no mês passado, maio. Ela foi atacada por Jonathan Luna (26), que a enganou usando um perfil falso no Facebook. Dias depois ele confessou o crime, chegou a tentar vender objetos da menina na internet, e foi preso.

Debate e denúncias

Esse é um caso que representa ao extremo o risco do uso sem supervisão das redes sociais. E também é um problema cotidiano na maioria das famílias da Argentina. É um assunto que se debate nas casas e nas escolas. A garotada já tem pelo menos quatro perfis nas redes sociais e, sem as precauções adequadas, em cada um desses múltiplos perfis pode haver uma situação de perigo. Em Buenos Aires já há 100 denúncias neste ano e na província de Buenos Aires a Justiça recebe em média dois casos de ciberacosso a menores por dia.

Pesquisa

Segundo uma pesquisa do Ministério da Educação, nove de cada 10 adolescentes de 13 a 17 anos têm um perfil em alguma rede social. A maioria no Facebook. Mas o Instagram e o Snapchat (este porque suas mensagens são apagadas e ficam fora do controle dos pais) também estão ganhando terreno. No entanto, na etapa de 10 a 13 anos, os pré-adolescentes lutam para ter um lugar nas redes, embora não seja permitido, pois a idade mínima para ter um perfil é 13 anos.

Segundo os especialistas, a entrada nas redes sociais antes de tempo é um dos principais erros. “Supõe-se que aos 13 anos a garotada tem uma capacidade de percepção do engano muito mais afiada que aos 10. A idade mínima para entrar em uma rede social tem a ver com isso. E se um pai permite que o filho tenha um perfil antes dessa idade devido à pressão social, de alguma forma ele está legitimando essa mentira”, diz Esteban Grin, da ONG Argentina Cibersegura, uma ONG que dá palestras gratuitas em escolas sobre esse assunto.

“Na teoria, a meninada tem só um perfil, mas não é nada estranho que eles abram mais perfis, especialmente se querem esconder coisas”, diz Lucas Paus, da Argentina Cibersegura. “Eu sei que o meu filho tem mais de um perfil: um é o que eu vejo, mas não sei o que fazer com o outro. Eu também me questiono se tenho o direito de invadir a privacidade dele”, diz Leonardo, pai de um adolescente. “Meu filho queria ter um Facebook, mas também tinha medo. Ele me perguntava ‘Mãe, vão me atacar?’. Bom, aí é quando se deve conversar e às vezes você tem que entrar em detalhes feios, para que eles entendam os riscos”, diz Elena.

Cultura juvenil

“Não se trata de demonizar as redes sociais. Muitas vezes elas são espaços para que eles ‘ensaiem’ aspectos da personalidade. O tímido na vida real consegue se mostrar de outra maneira em uma rede social”, diz Roxana Morduchowicz, especialista em cultura juvenil e autora do livro “Los chicos y las pantallas” (As crianças e as telas, em tradução livre).

Segundo porta-vozes do Facebook, a empresa trabalha 24 horas para analisar e detectar perfis falsos e adulterados. “Convidamos a comunidade a participar ativamente denunciando perfis ou conteúdos inadequados e convidamos os pais, os educadores e as forças policiais a acessarem o nosso Centro de Segurança para Famílias”.

Lei

Em novembro de 2013, o Senado argentino incorporou o “grooming” ao Código Penal. Esse é o delito pelo qual um maior de idade engana um menor através das redes sociais, em geral em delitos relacionados com a pornografia infantil, ou abuso de menores, até extorsão ou o roubo de informação privada. Para os especialistas, esse foi um grande avanço, apesar de ser um problema que não é tratado preventivamente: “As delegacias não recebem as denúncias. Só recebem quando alguém já aparece ferido, afetado. Assim fica difícil avançar”, dizem.
Delito

“As pessoas têm que saber que é possível fazer a denúncia, que existe uma divisão especializada em delitos informáticos que trabalha muito bem”, diz Daniel Monastersky, advogado especialista em delitos informáticos.

Mónica Cid, mãe de Micaela, disse na rádio Vorterix Bahía. “Mica não morreu em vão, ela vai ser o anjo que vai me ajudar a cuidar de um monte de garotos e garotas. Não pode haver outros Jonathan Luna”.

Fonte: Clarin por Diego Geddes

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