Ler inclui, recria, expande, ensina, transforma, constrói, promove cidadania. Saber ler é a base que sustenta todas as demais. Quem lê se torna dono da sua própria história e participa da construção de histórias coletivas.
Para aprender a ler, é preciso ter a companhia amorosa e intensa de um adulto educador desde a primeira infância. Para aprender a ler, é preciso ter acesso aos livros. Os caminhos para a formação do leitor começam em casa, com apoio atento e permanente dos pais e da família, passam pelas escolas, pelas mãos dos professores, e se estendem às bibliotecas, com apoio permanente dos bibliotecários.
Leituras em casa, em escolas, em bibliotecas públicas e comunitárias, em parques, em livrarias… Todo dia é dia de ler, e muitos lugares podem e devem abrigar leituras e leitores. Como bem disse o escritor Goethe, aprender a ler é tarefa para toda uma vida.
O contato com livros infantis não tem idade mínima nem contraindicação. Estimula a criatividade e mostra um infinito de possibilidades, não só na imaginação. “Os livros de hoje incluem textura, relevo e trabalham essa questão sensorial. Hoje, as crianças têm muito mais oportunidades de serem estimuladas. Em um livro você trabalha visão, tato e noção de profundidade em crianças muito pequenas”, explica o neuropediatra Christian Müller.
Mas o livro não é apenas para crianças que já sabem ler. Essa relação pode começar muito antes, com benefícios que vão muito além da história. “A construção de interpretação textual, utilizada na escola, começa na imaginação. E a imaginação é despertada com os livros que os pais leem para suas crianças. Importante também é o vínculo, que é estreitado quando os pais leem histórias para seus filhos”, diz Müller.
No dia 2 de abril se comemora o Dia internacional do Livro Infantil, para lembrar que, há 208 anos, nasceu o dinamarquês Hans Christian Andersen. Muitos não conhecem esse nome, mas certamente não se esquecem de suas obras: O Patinho Feio, O Soldadinho de Chumbo, A Pequena Sereia e A Polegarzinha. A origem humilde do escritor não impediu que criasse histórias que encantaram gerações por todo o mundo. Na verdade, o contato com diferentes níveis sociais o ajudou a construir o contraste percebido em várias de suas narrativas.
O Brasil também tem seu “Hans Andersen”: José Bento Renato Monteiro Lobato. O dia de seu nascimento, 18 de abril, foi adotado no país como o Dia Nacional do Livro Infantil. Grande parte das histórias infantis de Monteiro Lobato é ambientada no Sítio do Picapau Amarelo. O sítio transporta o leitor para um Brasil rural, simples e inocente. Seus personagens, muitos deles crianças como os próprios leitores, estimulam a fantasia e a imaginação em suas aventuras. “De escrever para marmanjos já estou enjoado. Bichos sem graça. Mas para crianças um livro é todo um mundo”, teria dito o escritor.
Nós adultos, tão aborrecidos e anestesiados pelos afazeres que desabam sobre nossas costas, muitas vezes esquecemos da época em que fomos piratas dos sete mares, vivíamos em reinos encantados e conversávamos com astutos animais. Pobre é a criança que tem pressa de crescer, porque muitos adultos dariam fortunas para ser como ela, por um dia que fosse.
Roedores que não destroem livros, mas formam leitores
A expressão “ratos de biblioteca” se aplica bem a duas iniciativas existentes no Distrito Federal. A primeira é a da dupla de professoras Raquel Gonçalves e Maria Célia Madureira, que criaram os personagens Racumim e Racutia, ratos que tornaram defensores dos livros. Eles fazem parte do Projeto Reinventando a Biblioteca. As duas professoras foram responsáveis por uma revolução quando transformaram um banheiro de servidores e um corredor, da Escola Classe 18 de Taguatinga, em uma biblioteca e levaram para o espaço os dois ratinhos. O “puxadinho” é um sucesso entre os alunos de 6 a 10 anos da instituição.
Segundo Raquel, responsável pela personagem Racutia, os dois ratos surgiram em 1999 da necessidade pedagógica de ter um espaço lúdico na biblioteca. “A intenção era formar leitores e retirar aquele ar sério, característico da biblioteca.” As crianças levam o livro que quiser para casa e só precisam devolvê-lo depois de terminar a leitura. A ideia é evitar que o hábito se torne algo obrigatório.
Raquel Gonçalves ressalta que “a função do adulto é incentivar a leitura o que Racutia e Racumim fazem de várias maneiras.” A dupla chama a atenção para o livro, que por si só consideram um instrumento fascinante. A concorrência com a tecnologia é grande, mas o esforço compensa. “Os livros que as crianças mais levam para casa são aqueles dos quais contamos as histórias”, explica.
Para ela, quanto mais cedo se despertar o interesse pela leitura, mais garantia de se formar um leitor. Maria Célia Madureira faz coro com Raquel. Ela incorpora o personagem Racumim, um ratinho filho de Racutia, que tinha como missão roer livros de bibliotecas, mas acabou descobrindo a leitura e ensinou a mãe também a gostar de ler.
Segundo Célia, “o fazer pedagógico fica a cargo do professor, mas brincar com o imaginário da criança, isso é com os livros na biblioteca.” Ela defende um investimento maior em bibliotecas na escola. “Um espaço de formação do leitor por alegria e não por obrigação, como era antigamente”, diz. As duas já lançaram três livros: Deu Rato na Biblioteca (2005); O Rato Adormecido (2007) e Os Amores de Racutia (2009).
Outra iniciativa é a Roedores de Livros, de Tino Freitas, Ana Paula Bernardes, Célio Calisto e Edna Freitas. O projeto foi criado em 2006, em uma biblioteca da Asa Norte, em Brasília e desde 2007 está na Ceilândia, região administrativa da capital. O objetivo é promover nas crianças o gosto pela leitura por meio de mediação de leitura, oficinas de artes e apresentações de música.
Segundo Ana Paula Bernardes, que coordena o projeto, as atividades ocorrem todos os sábados em um shopping popular da Ceilândia. No local existe uma pequena biblioteca de literatura infantojuvenil, onde as crianças da redondeza são recebidas para mediação de leitura. “Tem dado certo. Até crianças que não leem conseguem fazer uma leitura de imagem fantástica e conversar muito sobre os livros.” Os roedores têm atraído um grupo de até 30 crianças entre 5 e 10 anos.
O Projeto Roedores de Livros foi escolhido em 2011 como o melhor programa de incentivo à leitura de crianças e jovens do Brasil pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.
Como estimular a leitura …
… em casa
– lendo para as crianças
– presenteando com livros desde os primeiros meses de vida (livros de pano)
– Incentivando a contação de histórias
… na escola
– implantando bibliotecas
– colocando a leitura como atividade disciplinar
– promovendo debates sobre livros
– promovendo atividades lúdicas com base nas histórias
– realizando teatro com base em livros
… na comunidade
– implantando bibliotecas comunitárias
– incentivando a troca de livros
– promovendo gincanas culturais
– convidando autores locais para palestras
– promovendo leitura públicas de livros
Saiba mais!
Entrevista “Movimento quer a disseminação de bibliotecas nas escolas do país“, comChristine Fontelles, diretora de educação e cultura do Instituto Ecofuturo.
Mobilização para estímulo da leitura diária. Saiba mais aqui!
Aquisição de novos acervos para bibliotecas escolares através de recursos públicos. Saiba mais aqui!
Com informações da Agência Brasil e Instituto EcoFuturo.
Infelizmente não temos o habito da leitura, e realmente precisamos resgatar esse interesse em nossas crianças e tbém nos adultos. Como o texto diz qdo você lê você aprende, sua mente se expande, sua capacidade de aprendizado se torno mais fácil, mas precisamos resgatar esse interesse urgentemente.