Como estimular a consciência crítica e construtiva em prol de uma política de drogas democrática, fortalecendo os sujeitos sociais como capazes de escolhas favoráveis a si próprios e a sua comunidade, revertendo uma pedagogia aplicada de forma desigual? Qual o papel da escola/da universidade nessa construção? Como o resgate de controles sociais coletivos de consumo de drogas pode inspirar uma nova relação com as drogas?

Essas são algumas das questões que a professora Gilberta Acserald, coordenadora do Núcleo de Estudos Drogas/AIDS e Direitos Humanos no Laboratório de Políticas Públicas, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro/Uerj, se propõe a analisar entre os dias 25 e 27 de abril, durante o fórum “A educação para a autonomia – construindo um discurso democrático sobre drogas”, promovido pelo Grupo Observatório da Infância e da Adolescência ? OIA.

Será uma oportunidade para dialogar sobre os impasses, limites e perspectivas que se apresentam em relação à questão do uso de drogas. A convidada proporá ferramentas para enfrentar o problema, escapando do usual discurso maniqueísta que não permite vislumbrar as alternativas existentes.

É uma tentativa de trazer para o centro do debate ?a educação sobre drogas, tradicionalmente baseada e norteada pela lei que regulamenta produção e consumo de drogas no Brasil, desde 1976, a qual se caracteriza pela ótica criminalizadora dos usuários, tendendo a potencializar discriminações pré-existentes sofridas por determinados grupos sociais ? pobres, não brancos, moradores de periferia/favelas. A pedagogia antidrogas, basicamente, se circunscreve às substâncias de uso ilícito, às conseqüências negativas para a saúde, de forma absolutamente descontextualizada, buscando respostas negativas automáticas, de obediência à lei proibicionista, sem maiores questionamentos?, explica Gilberta.