Segundo relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), relativo a 2012, o Brasil é o sexto país do mundo em número de homicídios de crianças e adolescentes de zero até 19 anos de idade, e os adolescentes negros sofrem um risco três vezes maior de serem assassinados em relação a jovens brancos. Já o Mapa da Violência 2014 – Jovens do Brasil” aponta que, em 2012, morreram, em média, 154 pessoas por dia, vítimas de homicídio no Brasil, 7% a mais do que em 2011. Mas se forem levados em conta apenas os jovens, o crescimento foi de 8,4%.
Diante desse aumento da violência contra os jovens, a Rede Mobilizadores vai promover, de 06 a 10 de outubro, o fórum online “Juventude e Violência”, para debater a crescente vitimização do jovem e, em especial, dos jovens negros.
O Mapa da Violência 2014 revela uma acentuada tendência de queda no número de homicídios da população branca e de aumento no número de vítimas na população negra. Essa tendência se observa tanto para o conjunto da população quanto para a população jovem. Entre os brancos, o número de vítimas diminuiu 24,8%, passando de 19.846, em 2002, para 14.928, em 2012. Já entre os negros houve um crescimento de 38,7% no número de vítimas, que pularam de 29.656 para 41.127 no mesmo período. Para cada jovem branco que morre assassinado, morrem 2,7 jovens negros.
Segundo o responsável pela elaboração do Mapa da Violência, o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, essa maior vitimização de negros de deve a diversos mecanismos, entre os quais o desenvolvimento de políticas públicas de enfrentamento à violência em áreas onde havia mais população branca do que negra, bem como o acesso, por parte dos brancos, à segurança privada. Assim, os negros são excluídos duplamente – pelo Estado e devido ao seu poder aquisitivo. “Isso faz com que seja mais difícil a morte de um branco do que a de um negro”, destaca.
Ele alerta que essa situação não pode ser encarada com naturalidade pela população brasileira. “Não pode haver a culpabilização da vítima”, diz Jacobo, para quem o preconceito acaba justificando a violência contra setores vulneráveis. O sociólogo defende o estabelecimento de políticas de proteção específicas, que respeitem os direitos dos diferentes grupos e busquem garantir a vida da população.
De acordo com o estudo do Unicef, as principais causas para o grande número de homicídios de jovens no Brasil são o aumento da desigualdade, o acesso a armas de fogo, o alto consumo de drogas e o crescimento da população jovem.
Diante desse cenário, quais políticas públicas deveriam ser adotadas para diminuir a violência contra os jovens? Qual deve ser o papel da polícia no enfrentamento da violência nas favelas e periferias? Como reduzir o preconceito da sociedade em relação ao jovem e em especial ao jovem negro? Essas são algumas das questões a serem abordadas durante o fórum.
Como participar
O fórum é gratuito e vai acontecer no eixo “Participação, Direitos e Cidadania”. Para participar é preciso estar inscrito no site da Rede Mobilizadores.
Mais informações pelo mobilizadores@mobilizadores.org.br