As inundações urbanas decorrentes de chuvas intensas são consideradas o tipo mais frequente de desastre no território brasileiro. Elas acarretam perdas humanas, materiais e ambientais e a região atingida pode levar anos até que consiga se recuperar. Mas, apesar de serem eventos previsíveis, todos os anos vemos notícias sobre danos causados pelos temporais, com perda de vidas e propriedades, demonstrando que continuamos quase tão despreparados para esses eventos quanto há um século. Diante da necessidade de melhorar o preparo das cidades e das populações para o enfrentamento desses eventos climáticos, a Rede Mobilizadores vai promover, de 27 a 31 de janeiro, o fórum livre online “Temporais: estamos preparados?”.
O objetivo é estimular o debate sobre as medidas mais urgentes a serem adotadas para evitar mortes, pessoas desabrigadas e agravamento das condições de vida dos mais pobres, já que eles são os mais vulneráveis em casos de eventos climáticos extremos.
Um relatório de 2009 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) afirmava que apesar de apenas 11% das pessoas expostas a catástrofes naturais viverem em países pobres, é nesses países que ocorrem mais de 53% das mortes. Ou seja, os países mais pobres não estão preparados para enfrentar fortes temporais, vendavais, secas intensas.
No caso brasileiro, multiplicam-se os episódios de chuvas fortes, seguidas de enxurradas, inundações, deslizamentos, desabamentos, com muitas mortes, pessoas desalojadas e desabrigadas. Passado o primeiro impacto, de comoção e ajuda humanitária, o fato sai da mídia e é esquecido, até que um novo evento ocorra.
As pessoas atingidas, no entanto, permanecem com os mesmos problemas. A maioria é pobre e tem sua condição social agravada após perder seus bens e moradias e, muitas vezes, ver comprometidos seus meios de produção e de geração de renda. Muitas são encaminhadas a abrigos, aguardando que o poder público recupere ou reconstrua suas moradias, o que em geral não ocorre ou acontece em proporção bem menor do que a necessária. Mantém-se, assim, um ciclo perverso de intensificação da pobreza e acirramento das desigualdades.
As enchentes também representam riscos à saúde, pois além da possibilidade de morte e lesões, a vulnerabilidade da população durante a fase de recuperação pode torná-la mais suscetível a enfermidades – principalmente quando os sistemas de distribuição de água tratada, coleta de lixo e esgoto são afetados.