Com quase 12 anos de existência, o Centro de Referência para Mulheres em Situação de Violência da Prefeitura de Rio Branco (AC) ? Casa Rosa Mulher sofreu processo de reestruturação em princípios de 2005. O espaço transformou-se em um centro de referência municipal, prestando atendimento psicológico, social e jurídico à mulher, articulando os serviços que contribuem para o seu fortalecimento, resgatando sua auto-estima e propiciando condições pessoais para a conquista da sua cidadania e o rompimento do ciclo da violência. Por todo o trabalho desenvolvido, a Casa Rosa Mulher foi um dos vencedores do Prêmio ODM Brasil 2005, na categoria governos municipais.
Como parte integrante da Rede de Atendimento à Mulher Vítima de Violência, a Casa Rosa Mulher tem como principais parceiros a rede pública de saúde, a rede de segurança pública ? por meio das Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (DEAMs) ? que encaminham as mulheres à Casa, e o poder judiciário, via Defensoria Pública, que orienta mulheres durante o processo jurídico. O funcionamento em rede é uma das características que mais chamaram a atenção dos jurados do Prêmio ODM Brasil 2005, pois permite não apenas uma articulação com outras políticas públicas, como facilita a obtenção de recursos públicos e privados.
Todas as mulheres que procuram a Casa Rosa Mulher, inclusive as que não são vítimas de violência, são recebidas para que falem sobre suas principais necessidades. As mulheres vítimas de violência são encaminhada a uma psicóloga ou advogada, dependendo do caso. O atendimento psicológico é feito na própria Casa, em espaço reservado, no qual as mulheres são atendidas individualmente ou em pequenos grupos. Já o jurídico tem como principal função orientar as mulheres, tornando-as cientes de seus direitos e encaminhá-las à defensoria pública para que contem com um acompanhamento mais sistemático, durante todo o processo jurídico.
O principal motivo de procura da Casa Rosa Mulher, no entanto, são os cursos profissionalizantes, oferecidos nas áreas de estética, corte e costura e artesanato. Ao terminarem os cursos, as participantes recebem um pequeno kit, que contém o material básico necessário para que iniciem atividades profissionais nas áreas em que foram capacitadas. Como a demanda pelos cursos é muito maior do que a capacidade do espaço, a Casa prioriza os atendimentos de acordo com os seguintes requisitos: estar em situação de violência; estar desempregada; ser chefe de família; número de filhos; e tempo que solicitou inscrição no curso.
Além da possibilidade de gerar renda, os cursos profissionalizantes servem como porta de entrada na Casa, funcionando como um chamariz para que as mulheres passem a participar das atividades do Centro e, com isso, discutam abertamente a situação a qual estão submetidas. Em cada curso oferecido, a psicóloga da Casa conduz uma oficina sobre gênero e violência, explicando o trabalho desenvolvido no espaço, apresenta um vídeo sobre a questão da violência e abre um debate sobre o tema. Muitas das mulheres acabam se identificando como vítimas, encorajando-se desta forma para expor uma situação da qual tinham vergonha.
Além dos cursos oferecidos, a Casa Rosa Mulher também conta com um pequeno salão de beleza que oferece serviços à comunidade a preços reduzidos e no qual mulheres já capacitadas podem exercer uma profissão e obter renda. O salão termina ainda por ser uma fonte de renda para a própria Casa, que recebe parte do valor dos atendimentos. Vários salões de beleza de Rio Branco procuram o espaço para contratar as mulheres capacitadas nos cursos oferecidos.