O governo federal quer combater a discriminação etnorracial nos serviços e atendimentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para alcançar este objetivo, a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) reuniu cerca de 100 gestores em saúde e representantes do movimento social para discutir o tema no Fórum Enfrentando o Racismo Institucional para Promover Saúde Integral da População Negra no SUS.
O encontro definiu estratégias pautadas pela perspectiva étnico-racial e a identificação de áreas de atuação para efetivação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, aprovada em 2006, pelo Conselho Nacional de Saúde.
De acordo com aministra Luiza Bairros, ofórum teve como objetivo buscarmecanismos para estabelecer compromissos e competências dos governos estaduais e municipais no atendimento da população negra.
“São esses entes que prestam o serviço final, e eles devem estar preparados para atender a clientela negra que exige cuidado especial. O negro é mais propenso a desenvolver doenças como diabetes e hipertensão, que acarretam diversas complicações. Em mulheres negras grávidas é altíssimo o índice de mortalidade materna por problemas no parto devido à hipertensão”.
A análise dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE) demonstra que a população negra representa 67% do público atendido pelo SUS. A ministra adiantou que entre os pontos do documento final elaborado pelo fórum está a construção de parceria entre a Seppir, o Ministério da Educação e o Ministério da Saúde para incluir conteúdos de população negra no currículo das universidades públicas de medicina.
“Nossa ideia é criar uma geração de profissionais preparados para lidar com a realidade da população brasileira. Pesquisas apontam um tratamento diferenciado para os negros. As consultas tendem a ter um tempo menor e muitas vezes o médico sequer toca no paciente para fazer um exame mais detalhado”, disse Luiza.
Outro ponto destacado pela ministra é o crescente aumento no índice de contágio de mulheres jovens negras pelo vírus HIV. “As mulheres ainda têm dificuldades de negociar o uso do preservativo e também precisamos considerar a escassez de acesso aos serviços de saúde disponíveis onde grande parte da população negra mora”, ressaltou a ministra.
A atividade contou com a parceria do Ministério da Saúde e o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids).
Com informações /Heloisa Cristaldo.