Passadas de mão, beijos à força, puxões no cabelo e outras investidas sem consentimento não podem ser encaradas como algo natural no Carnaval. Para acabar com o clima de vale-tudo na folia, foi lançada a campanha #CarnavalSemAssédio e um guia didático com as diferenças entre “paquerar” e “assediar”.
As iniciativas foram lançadas pela Revista AzMina em parceria com os movimentos #AgoraÉQueSãoElas, Vamos Juntas? e Bloco das Mulheres Rodadas, e com o Catraca Livre.
O objetivo da campanha é conscientizar sobre o assunto nas redes sociais e dialogar com homens sobre a diferença entre o assédio e a paquera durante os dias de folia, além de conscientizar de que assédio é assédio em qualquer época do ano.
A jornalista Nana Queiroz, diretora da Revista AzMina diz que no Brasil há a cultura de que no carnaval “vale tudo”, na qual as mulheres são as maiores vítimas disso, que é a ideia de que só porque é carnaval o corpo da mulher é público.
Nana indica que os homens leiam o guia para identificar as diferenças entre a paquera e o assédio para não serem “canalhas” no Carnaval. “É meio revoltante que ainda tenhamos que explicar pra marmanjos crescidos como é que se brinca de paquerar, mas essa é a maneira mais eficiente que encontramos de mudar esse quadro”, disse a ativista.
Para os idealizadores da campanha, o assédio faz parte do cotidiano da mulher desde o metrô até o trabalho, mas no Carnaval existe uma extrapolação dessa cultura machista que defende que o importa na folia é acumular os números de bocas beijadas. Nana aconselha que as mulheres saiam para se divertir acompanhadas e levem apitos para denunciar condutas indevidas.
O trabalho feminista da jornalista Nana Queiroz começou há dois anos com o “Não Mereço Ser Estuprada” e ficou ainda mais forte com a criação da Associação AzMina de Jornalismo Investigativo, Cultura e Empoderamento Feminino, em 2015. “É reconfortante ver, a cada dia, como muitas mulheres nos escrevem dizendo que suas vidas foram transformadas ao quebrar o silêncio sobre o estupro que sofreram ou por terem entendido que o que o chefe fazia era assédio, por exemplo”, complementa Nana.
Os organizadores convidam as mulheres que já sofreram algum abuso sexual durante a folia a compartilhar sua história nas redes sociais com a hashtag #CarnavalSemAssédio.
Fontes: Rede Brasil Atual, Catraca Livre e Agência Brasil