No centro histórico de Campo Grande é possível conferir a vida e a cultura dos índios do Mato Grosso do Sul. Na Feira Indígena do Mercadão Municipal, cerca de 50 indígenas de famílias, comunidades e etnias diferentes se revezam na venda de produtos feitos nas aldeias do interior, principalmente de Aquidauana, Anastácio e Miranda, no Pantanal. Embora o espaço destinado às etnias do estado tenha sido construído em 1998, a história dos índios no Mercadão não é recente. Em 1967, indígenas de aldeias do interior já utilizavam a atual praça Oshiro Takimori para comercializar frutas e ervas que produziam. ?Naquela época, eles sofriam demais aqui com a falta de estrutura, com as longas viagens e a repulsa dos demais feirantes. As coisas começaram a mudar com a destinação do espaço para a Feira Indígena. A partir daí, a vida das famílias que vendem seus produtos aqui em Campo Grande melhorou?, explica Jurandir Ximenes, presidente da Associação dos Vendedores da Feira Indígena do Mercadão. Anteriormente, os indígenas tinham que dormir no mesmo local onde trabalhavam. Atualmente, a Associação, em parceria com o Estado e o governo federal, construiu uma casa no centro da cidade para abrigar as famílias durante o período de vendas.Toda essa história pode ser conferida em três quiosques organizados entre as ruas 26 de Agosto e Sete de Setembro, localizadas no local onde foram construídas as primeiras edificações da Capital. Na Feira Indígena do Mercadão Municipal de Campo Grande é possível encontrar flores, mel, frutas, palmito, feijão verde e mandioca, conforme a época do ano. Além dos produtos, os indígenas mantêm em estoque dicas sobre ervas medicinais e costumes locais. Moradora da aldeia Limão Verde, em Aquidauana, Lidalva ajuda a sustentar a família produzindo belos arranjos de orquídeas roxas. ?O difícil é trazer?, comenta a indígena. Segundo o presidente da Associação dos Vendedores da Feira Indígena do Mercadão, mesmo mantendo contato freqüente com a cidade os indígenas-feirantes mantém forte suas tradições. ?Por mais que as famílias trabalhem na cidade, utilizando o português para se comunicar e alguns dos costumes dos brancos para trabalhar, mantemos nossa cultura e tradição. Temos uma identidade que permanece forte, ensinamos nossa língua às crianças e levamos um pouco da nossa vida para as pessoas que passam pela Feira?, diz Jurandir.