A produção agroecológica do fruto da palmeira juçara vem apresentando boas perspectivas de renda para a comunidade do quilombo Caçandoca, em Ubatuba (SP) ? pois a polpa tem aceitação cada vez maior como energético, utilizada como suco ou em combinações com banana, granola e guaraná. Após a colheita, os frutos são processados e acondicionados em embalagens próprias para a comercialização. O processo foi viabilizado a partir de um convênio de R$ 20 mil entre a Associação dos Remanescentes da Comunidade do Quilombo e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que permitiu a aquisição de equipamentos para extrair a polpa e embalar os produtos.A juçara apresenta a mesma particularidade de outra palmeira, o açaizeiro, produzindo frutos de alto valor nutritivo e econômico. Embora o açaí seja mais famoso, há pesquisas que constataram quantidades maiores de substâncias como antocianina na juçara. Esse pigmento possui função antioxidante e anti-radicalar que asseguram uma melhor circulação sangüínea e protegem o organismo contra o acúmulo de placas de gordura.A colheita do fruto da juçara está sendo feita de forma planejada, limitando-se a um em cada quatro cachos produzidos anualmente por pé adulto. Cada cacho fornece cerca de cinco litros de polpa, que pode ser vendida a R$ 8 o litro. Outra conquista da comunidade é a aquisição de dois freezers, que garantem a refrigeração das polpas de juçara. Neste sentido, o programa Luz para Todos, implantado há dois meses, foi outra política pública essencial para garantir um desenvolvimento sustentável para os quilombolas de Caçandoca.O presidente da associação Fernando Francisco de Almeida ressalta que a opção pela colheita do fruto da palmeira jussara foi feita pensando também na recuperação de áreas degradadas. Além de aproveitarem a polpa, as sementes residuais serão plantadas no viveiro de mudas já implantado pelo convênio. A muda de juçara pode alcançar até R$ 1,80 se for vendida para empresas de reflorestamento. O viveiro já tem mudas de abricó, caju, rosa e plantas medicinais a serem usadas para sustento e comercialização.Quilombo CaçandocaA comunidade Caçandoca foi o primeiro quilombo do país a obter a posse de seu território a partir do instrumento da desapropriação por interesse social. O Incra foi o responsável pela ação, recebendo a posse da área em 5 de dezembro de 2006. Desde então, uma equipe técnica do órgão vem viabilizando a execução de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável da comunidade.Fonte: Fome Zero – www.fomezero.gov.br