As mulheres já superaram, desde 1993, os homens em anos de estudo. No entanto, ainda sofrem mais com o desemprego, e as que estão empregadas ganham menos que eles. É o que revela a 3ª edição do “Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça” lançada pelo Ipea, em dezembro de 2008,em parceria com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) e o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem).
De acordo com a pesquisa, apesar da lenta mudança de mentalidades, afazeres domésticos ainda são tidos como obrigações femininas. Entre a população de 16 anos ou mais, as mulheres dedicam 27 horas semanais a essas tarefas; os homens, apenas 10 horas.
Levando-se em consideração o recorte de raça, o quadro de desigualdade se agrava. As mulheres negras são as que ganham menos, registram as maiores taxas de desemprego, as menores de emprego formal (com carteira) e formam o maior contingente de domésticas. Ser empregada doméstica ainda é no Brasil do século 21 o emprego mais comum para a mulher negra. A cada cinco negras, uma é doméstica. Para a mulher branca, essa proporção diminui para uma doméstica em cada oito com trabalho remunerado.
Também a pobreza é um flagelo maior para os domicílios de famílias negras. Entre os participantes do Programa Bolsa Família, 69% dos domicílios têm chefe de família negro e 31%, branco.
O “Retrato das desigualdades de gênero e raça” analisa microdados coletados pelo IBGE nos últimos 14 anos (Pnads de 1993 a 2007).
Um livro, um CD estatístico (com a série histórica nacional e por região) e um cartaz resumo compõem a terceira edição da pesquisa, que mostra os números mais completos e mais recentes sobre o perfil da população brasileira a partir de recortes de gênero e raça/cor.