Seja por temor de reincidência ou por receio de ter sua imagem relacionada a problemas criminais, poucas empresas voltam suas ações sociais para atendimento de jovens em conflito com a lei. “Há quem pense que estão ajudando trombadinha quando vê projetos voltados a esse público”, diz Sérgio Mindlin, presidente da Fundação Telefônica. A empresa desenvolve um programa de apoio ao cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, o Medida Legal, programa que oferece atividades esportivas, artísticas e de informática, além da assistência de especialistas. O secretário de parcerias da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem), Marcos Trindade, afirma que há preconceito. ?Temos dificuldade até para sermos atendidos nas empresas”, diz. A maior parte dos convênios, destaca, tem na contraparte uma empresa pública. ?A fase de cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto ? que podem ser posteriores à internação ou independente dela ? é a mais propícia para a intervenção?, avalia Mindlin.Segundo Mindlin, a probabilidade de reincidência para atendidos por programas estruturados não chega a 2%.
ExemplosO Pão de Açúcar criou, em 2004, o Gente de Futuro, que emprega jovens em liberdade assistida ou em semiliberdade. “Fizemos um rigoroso processo seletivo com mais de 300 perfis. Admitimos 88 jovens e só 25 saíram”, conta Marília Parada, diretora de planejamento e desenvolvimento de RH. Na unidade Mooca da Febem, as internas podem participar de um curso de manicure e assistente de cabeleireiro criado em 2003 pelo salão de beleza Beka. A empresa montou a série de aulas e buscou parceiros comerciais para fornecer equipamentos e insumos. Hoje, o Projeto Brasil Beleza é tocado pela fundação, que contratou a instrutora das primeiras turmas.